Todos os dias devemos dispor de um período em que possamos fechar os olhos e nos voltar para dentro de nós mesmos, convidando Deus a entrar.
Em sentido metafísico, porém, Deus não entra nem sai, pois nada tem de natureza material: não pode limitar-se a ficar dentro nem fora de coisa alguma.
Deus é onipresente: está sempre e ao mesmo tempo dentro, fora, acima e abaixo de tudo, e a tudo permeia.
Neste sentido, a palavra Onipresença é a única que descreve adequadamente a natureza Deus.
Portanto, se Deus, como Infinito, é Onipresença, no momento em que abrimos a porta – e imagino essa porta como sendo minha mente -, nos apercebemos da presença da Infinidade a inundar e expandir nossa consciência. Eis-nos, então, sob a Graça.
A Graça de Deus é o poder, a Presença, a sabedoria que excede todo o entendimento; a graça de Deus é o que nos confere, como recompensa por lhe abrirmos nossa porta, a autorrealização seguida de seus frutos.
Para abrir essa porta, devemos orar assim:
Senhor, sei que estás batendo à porta de minha consciência, e a estou abrindo. Toma minha mente e meu corpo! Sê minha Alma, sê minha vida!
A isso, seguir-se-ão horas durante as quais seremos guiados, dirigidos, beneficiados, abençoados.
Não obstante, em outro período de reflexão teremos que renovar nossa dedicação, procurando vivenciar a essência destas palavras:
Eis que estou à porta, e bato... Deus, o infinito, o Eterno, o Imortal, o Supremo, enche todo o espaço, é onipresente, a Presença Infinita.
Como abro minha consciência a Deus, o Verbo habita em mim e eu n’Ele, e assim a Consciência divina me permeia.
Minha mente, meu corpo, meu trabalho, meu lar, minha arte, minhas aptidões são dedicados a Ele.
Tudo em mim é dedicado a Deus, e eu sou um instrumento que Ele usa para a realização do Seu plano.
Em nos dedicando a Deus, permitindo-lhe consagrar aos Seus desígnios nossas mentes, corpos e atividades,alcançamos um estágio mais elevado, chegamos a saber realmente o que é consagração e por que algumas pessoas progridem intensamente em suas atividades espirituais, enquanto outras, não.
Por ignorarem a natureza da dedicação ou consagração, consideram-na qualidade humana, pessoal e, julgando-se altamente dedicadas, esperam grandes resultados espirituais que não podem alcançar, porque se dedicam mais a se mesmas, à sua glória pessoal, que a Deus.
Isto evidencia que o homem cuja mente e corpo estão separados da Graça espiritual é um morto ambulante, e não viverá realmente enquanto não tiver a Percepção Espiritual de si mesmo. Só então é que a vida passa a ter um propósito, um significado, porque poderá, através do indivíduo, manifestar-se aos menores de meus irmãos.
Em verdade, vos digo, o que fizestes a algum destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. (Mt 25:40).
Não basta sermos bons para os nossos familiares. Acho que as pessoas que vivem no nível animal assim procedem.
A dedicação deve ser de natureza superior à que se devota apenas à própria família, deve estender-se a outros, aos menores de meus irmãos.
Precisamos compreender que a dedicação de caráter pessoal, ou mera promoção do ego, não é espiritual, não é dedicação a Deus e, em tais condições, não permite que Ele nos consagre a Si mesmo para que possam ser abençoados todos aqueles que entrem em contato com a nossa consciência.
Daí por que, para essa consagração de nossa consciência, geralmente precisamos esforçar-nos lembrando-nos, diariamente, ao despertar pela manhã,antes ou pouco depois de levantar, e ainda muitas vezes ao dia, de que:
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo. (Ap 3:20).
Ao PERCEBERMOS a Consciência DIVINA como sendo a nossa, acontece-nos algo que muda inteiramente nossa natureza.
Então já não temos o poder de usar a mente e o corpo para fins maléficos. Surge Algo maior do que nossa própria integridade, maior que nossa educação ou nosso ambiente, Algo que assume a direção de nossa vida: sentimo-nos governados por uma Influência superior.
Imprimimos em todas as nossas atividades o cunho dessa dedicação de nossa própria consciência.
Ainda que outros possam valer-se de sua arte, de sua profissão, de sua indústria ou de seus negócios para fins egoísticos ou maus, nós, uma vez espiritualmente dotados, não poderemos empregar coisa alguma senão para o bem.
Eventualmente, porém, deverá chegar um momento em que já não tratemos de ser bons ou de como ser bons, de como ser bem sucedidos: é quando predomina em nossa vida o anseio de preenchimento espiritual; é quando já estamos realmente fatigados com o lado sombrio da vida; é quando mesmo o seu lado bom demonstrou não poder proporcionar-nos as satisfações prometidas.
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