Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo.
Quando fechamos os olhos e nos voltamos para dentro, sentimo-nos envoltos em densa escuridão.
Neste recinto escuro, está a passagem de acesso ao Infinito. A não ser dentro de nós mesmos, não há outro lugar onde possamos encontrar o reino de Deus. Dentro de nós, porem, não quer dizer no coração, na medula espinhal ou no cérebro.
De olhos fechados, nos situamos nesse lugar escuro de onde parte o caminho que conduz ao reino de Deus, o reino do Espírito, e o reconhecimento deste fato nos coloca quase no ponto em que podemos sentir que nossos ouvidos se abrem como se estivéssemos prontos para receber uma comunicação.
E esta nos vem de dentro, não nos vem de fora, não vem de nenhum de nós: vem-nos de nosso Ser Interno, vem de nosso centro para a periferia, das profundezas à superfície de nosso Ser.
Conseguimo-lo pela introspecção, compenetrando-nos de que:
Através da consciência, tenho acesso ao reino de Deus, ao Infinito.
Ao fazê-lo estamos obedecendo às Escrituras: abrimos nossa consciência para que o EU, nosso divino Ser, a Consciência infinita que realmente somos, possa entrar. Abrimo-nos à nossa Divindade.
Em toda criatura humana existem aparentemente dois eus: o humano e o crístico.
Nesse momento, o homem terreno é o que precisa morrer diariamente, a fim de renascer do Espírito; é aquele que intimamente diz: Pai, destrói minha natureza terrena; anula meu senso pessoal, limitado, que me prende a essa mescla de bem e mal; consagra-me a Ti. Restabelece em mim aquela pureza que eu tinha no principio, quando permanecia em Ti.
Com esta atitude de rendição, abrimo-nos à divina influência para que entre em nossa consciência e nos governe.
Assim, pois, pela prática da meditação entramos em contato íntimo com esse Espírito, que passa a permear-nos e mente e o corpo e começa o processo de purificação que, eventualmente, nos impedirá, para sempre, de explorar a outros ou de nos beneficiarmos à sua custa, ou de fazer-lhes alguma coisa que não quereríamos que nos fizessem. Isso não será por virtude ou retidão nossa, mas porque teremos abandonado a mente e o corpo a essa Consciência Infinita, ao divino Ser, que estará agindo através de nós.
Da consagração de nossa consciência resulta, no mesmo instante, a submissão da mente e do corpo ao governo de nosso EU espiritual, e a conseqüente consagração de nossas núpcias, nossos lares, nossos negócios, nossa arte, nossa profissão.
O que aparece como integridade em nosso trabalho cotidiano é a consciência individual, a consciência imbuída do Espírito.
O músico, que tem consciência musical, sabe que não pode desenvolver destreza no manejo do instrumento independentemente de sua consciência musical, porque sem a habilidade desta, não podem as mãos, os pés e todo o corpo desempenhar seu papel.
Em outras palavras: sem a dedicação da consciência, ninguém pode dedicar-se a nenhum empreendimento. Verifica-se que quando a consciência assume o governo da mente e do corpo e lhes dirige as atividades, nada pode impedir seu êxito. Por quê? Porque não pode prosperar nenhuma arma forjada contra Deus, que então Se manifesta como nossa consciência individual.
Não pode o artista expressar o que esteja acima de sua consciência artística, nem o músico o que esteja além do limite de sua consciência musical. Tampouco poderá o sacerdote, o pastor ou rabino estar vivendo acima de seu estado de consciência espiritual. O mesmo se pode dizer do curador metafísico. Por que? Porque no grau de consagração de sua consciência ao serviço de Deus está a medida dos talentos que o individuo manifesta.
Todos os dons estão mais ou menos latentes na consciência do individuo, mas, para se desenvolverem, este precisa tornar-se receptivo à sua Fonte espiritual.
Quando nos apercebemos de que Deus, o Infinito, é a consciência individual, então Ele passa a manifestar-se cada vez mais intensamente atreves de nós: menores se nos vão tornando os atrativos do humano ou finito, e maior a paixão pelo espiritual ou divino.
Isto não que dizer que precise a Divindade apresentar-se sempre sob a forma de uma atividade espiritual, como a de um sacerdote, a de um curador metafísico ou a de um instrutor espiritual.
A Divindade pode agir com a mesma eficiência no campo da indústria, das artes, das finanças, da filosofia ou de qualquer outra atividade humana, porque o Espírito infinito funciona sob infinita variedade de formas. A própria indústria é positivamente uma atividade derivada da Consciência espiritual, e uma de suas funções fundamentais é a de prover os meios básicos para o desenvolvimento e divulgação da Ciência e das artes.
Precisamos compreender a natureza integral do homem como Espírito, mente e corpo, e saber que, uma vez tocados pelo Espírito, ou Alma, a mente e o corpo funcionarão em qualquer campo de atividade que efetivamente abençoe o mundo. Ele colocará alguns no exercício do ministério espiritual, outros, no mundo dos negócios, no mundo das artes, no mundo das finanças ou onde de algum modo possam, no momento, servir ao melhor propósito.
Abrindo diariamente nossa consciência ao influxo do Espírito, saberemos que nossas atividades estarão sendo dedicadas à realização de um bom propósito.
Em verdade, vos digo, o que fizestes a algum destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes. Quer o façamos prestando serviço espiritual, quer aliviando o povo da opressão, contribuindo para sua maior liberdade política, econômica ou industrial, tudo concorre para o mesmo fim. E a glória não é do homem, mas d’Aquele que se manifesta através do homem. Seja o que for que realizemos na terra, é obra do Poder supremo que deixamos fluir através de nós.
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