Em geral, logo bem pequenos somos ensinados que Deus existe, e com o tempo acabamos (ou não) por aceitar isto. Agora, já adultos, dizemos que há um Deus?
Para a maior parte dos homens, continua Deus a ser o grande "Desconhecido", cultuado pelos ignorantes. Poucos são os que tenham feito a tentativa de saber o que é Deus; poucos são os que tomem a sério a pergunta: Há um Deus? De onde sei eu que Deus existe? Foi-me dito que há um Deus; leio livros sobre Deus; mas, poderia eu afirmar sob juramento que Deus existe, se fosse convidado a isto? Que prova tenho eu da existência de Deus? Será que o vi face a face? Será que o senti em mim? ... "
Como responderias tu a estas perguntas? Poderias dizer: "Sim, eu sei que Deus existe; Ele é assim, assim?"
Como o descreverias? Será que Deus pode ser descrito?
Deus não é aquilo e não é assim como o grosso da humanidade o imagina. Ele não é nada daquilo que se possa pensar ou imaginar, porque todo pensamento que o homem possa ter de Deus é necessariamente limitado - porquanto esse pensamento foi criado por nós ou foi recebido de outros homens.
Espera um momento e reflete, onde os teus pensamentos sobre Deus têm a sua origem. Donde os recebeste? Não é que tu mesmo fabricaste essas tuas idéias sobre Deus, depois de teres lido ou ouvido algo? Não é que encampaste as crenças dos outros que, desde a infância, te foram impingidas? Ou poderás afirmar que o teu conceito de Deus é resultado da tua própria experiência interior?
Para Jesus, que havia realizado a sua perfeita unidade com Deus, era Deus o "Pai" - o "Pai em mim".
Para nós, porém, a ideia de Deus como Pai reveste a forma de um determinado pai. Cada um de nós tem do pai uma ideia determinada, que é o resultado das suas próprias experiências humanas.
Hoje em dia, os filhos consideram, muitas vezes, seus pais como seus servos, cuja função é fazer todas as vontades deles. E muitos adultos transferiram para o Deus Pai, simplesmente, o conceito que eles têm do pai humano; Deus é para eles, feito à imagem e semelhança do pai que eles conheceram desde pequenos. Imaginam Deus como um ser sobre-humano sempre à espera de fazer favores aos homens; e esses favores divinos podem ser assegurados pelo homem, deste ou daquele modo; acham que, por meio da combinação de certas fórmulas verbais, o homem possa levar Deus a lhe conceder sua graça, ao ponto de realizar para eles a cura de qualquer doença.
Mas esse Deus não existe. Não necessitamos do favor de Deus, assim como não necessitamos do favor dos homens. Toda a benevolência de Deus de que necessitamos - já a temos agora mesmo.
Que queria Jesus dizer quando chamava Deus nosso Pai? Não o sabes?
Tampouco o sabia eu, outrora, quando me perguntava: "Que é Deus como Pai?"
E veio-me a resposta: "Pai é o princípio criador". Deus é a força criadora do Universo, e a sua natureza é amor infinito, universal.
A natureza de Deus é, pois, esta: O que Deus não está fazendo agora mesmo, não o poderá fazer nunca, e ninguém o pode levar a fazê-lo.
É importante que compreendamos claramente esta verdade. Seria pura perda de tempo pedir a Deus e esperar que ele faça algo que não esteja fazendo agora mesmo. Deus é imutável, e ninguém o pode tornar mutável.
Ninguém pede a Deus para que, de manhã, faça nascer o Sol, e, à noite, o faça pôr-se; ninguém pede a Deus para que haja maré vazante nos mares; ninguém pede a Deus para que brotem flores na roseira, que nasçam abacaxis no pé de abacaxi, que o leite produza manteiga; ninguém pede a Deus que mude as leis da gravitação para os automóveis ou para os aviões.
Em resumo, parece que os homens reconhecem a Deus o direito de governar o seu mundo assim como o está governando - enquanto isto não atinja o seu pequeno ego. Mas, quando entra em questão o ego, o homem se dirige a Deus e diz: "ó Deus, faze o favor de fazer isto ou aquilo por amor de mim! Protege-me, protege os meus! Providencia para que eu e os meus tenhamos de comer e de vestir! ...
É evidente que Deus não reage a semelhante oração. Deus providenciou para que, na terra e no fundo dos mares, haja mais alimentos do que todos os povos do globo possam consumir. É inútil pedir a Deus por mais.
A obra de Deus estava concluída desde o início - e ele viu que tudo era bom. É inútil querer pedir a Deus que modifique o seu Universo por causa de ti ou de mim, em prol da tua ou da minha família, em prol do teu ou do meu povo. Se quisermos receber a graça de Deus, é necessário que assumamos para com Deus uma atitude tal que a sua graça possa fluir para dentro de nós, assim como sempre fluiu e sempre fluirá. Em Deus nada pode mudar - no homem muito pode mudar.
O que importa é conhecer verdadeiramente a Deus, e isto se faz pela meditação da verdade.
Quando, na meditação, focalizamos a natureza de Deus, logo percebemos que Deus é sabedoria e amor. Esse Deus sábio e amoroso nos dá plena certeza de que as nossas mudinhas de roseira vão dar rosas quando as fincamos no chão, e não alguma outra coisa indesejável.
No meio de uma tal meditação, certamente, sentirás em ti a certeza: "Que teria eu que temer? Há um Deus, e esse Deus é amor. E isto põe termo a todos os meus problemas. Se Deus não fosse amor, existiria um problema real para mim. Mas, no momento em que eu sei que Deus é infinita sabedoria e que lhe apraz dar-me o reino, que é que me poderia inquietar? Posso esquecer tudo o que me poderia inquietar, e posso desde já começar a ajudar os homens que ainda não sabem que Deus é amor; ajudar àqueles que já ouviram estas palavras, mas não têm experiências delas; e enquanto eu os ajudo, surge em mim a consciência deste conhecimento.
No decurso da tua meditação sobre Deus descobrirás que nunca houve um tempo em que Deus não existisse e, mesmo da limitada perspectiva do olhar humano isto significa que também nunca haverá um tempo em que Deus deixe de existir. E com esta convicção nasce a consciência de que Deus é eterno.
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