A Alma é a parte do homem pouco conhecida e só raramente percebida.
Muitas vezes, aqueles que estão imersos em profunda aflição rompem a névoa do sentido material até o recesso do seu ser interior, onde descobrem a Alma, ou a Realidade do ser. Tornam-se conscientes da Alma, encontram novos valores, novos recursos, uma força nova e diferente e uma maneira de ser de natureza totalmente diferente.
Exercer as faculdades da Alma resulta da quebra da ilusão dos sentidos.
Toda discórdia humana é o produto do sentido material e é vivenciada através dos cinco sentidos físicos - isto é, todas as desarmonias mortais são vistas, ouvidas, sentidas, saboreadas ou cheiradas. Por existirem apenas neste estado material de consciência, as discórdias e as doenças têm o seu ser em falsas idéias, em ilusões, embora naturalmente pareçam muito reais aos nossos sentidos.
Há muitos meios que nos proporcionam alívio temporário para as condições falazes de suprimento, de saúde ou outras desarmonias que se apresentam na vida diária.
A destruição completa e definitiva do erro, porém, só é obtida ao se encontrar e exercitar as faculdades da Alma.
A Alma é a parte do homem que jaz enterrada mais profundamente dentro dele, e por isso é raramente percebida.
Nós usamos nossas faculdades matemáticas ou musicais porque jazem mais próximas à superfície do nosso ser, e, muito mais do que estas, nossas faculdades habituais de comércio, ou o nosso sentido de orientação ou mesmo o nosso senso artístico; mas os artistas, os autores e os músicos de talento vão mais fundo dentro do seu ser, e de lá trazem à luz as grandes harmonias da boa música, a boa literatura, pintura, escultura ou arquitetura.
Escondida ainda mais profundamente, embora ao alcance de nossa consciência, jaz a Alma com suas faculdades.
Quando tocamos tais poderes da Alma, estes emanam do nosso interior e atingem todos os caminhos da nossa vida quotidiana, trazendo inspiração, beleza, paz, alegria e harmonia para cada instante da nossa existência, e revestem todos os acontecimentos da vida com amor, compreensão e sucesso.
Aqueles, contudo, que estiverem demais envolvidos com as dores e os prazeres dos sentidos não chegarão, com certeza, até o reino da Alma.
Ao longo da história, este convite para se dessedentar na fonte de águas vivas foi estendido a toda a humanidade, e todas as gerações têm produzido muitos homens e mulheres que encontraram a eterna paz e juventude dentro de si mesmos.
E assim sempre surge aquele que bebeu mais profundamente na fonte da Alma, e todos estes videntes sempre deram notícias do reino interior e da vida que pode ser vivida pela Graça, uma vez atingida esta consciência.
Por outro lado, muitos respondem que têm grandes encargos humanos que lhes ocupam todo o tempo; outros despendem tempo demais no prazer dos sentidos, passatempos e recreações; outros ainda estão ocupados em realizar e adquirir.
Cada vez mais, as pessoas começam a perceber que a libertação do medo, da insegurança, da necessidade, e da pouca saúde não se encontra no reino da matéria.
As guerras não acabam com a guerra; as aplicações não garantem segurança contra a falta. A medicina alivia as dores, mas não traz uma saúde verdadeira.
Devemos extrair um poder maior daquele que é encontrado no corpo ou nos pensamentos humanos, que nos dê a felicidade, a harmonia e a paz que são direitos nossos de nascença.
Tal poder está disponível para todos, pois ele já faz parte do nosso ser -- na verdade, é a parte maior do nosso ser. Como um iceberg, que mostra apenas uma parte de si fora da água, assim os poderes humanos do corpo e da mente não representam senão uma parcela de nossos poderes e faculdades.
As forças da Alma são mais reais e tangíveis do que qualquer poder material da natureza ou da capacidade inventiva. Elas trabalham num nível mais elevado de consciência, mas se tornam visíveis nas coisas chamadas de humanas.
As forças da Alma agem sobre o corpo humano para produzir e manter a saúde e a harmonia. Permeiam todos os caminhos da vida quotidiana com influências protetoras e são a fonte de suprimento infinito.
As pessoas deste mundo que são conscientes de sua Alma vivem uma vida interior de paz, de contentamento e domínio, e uma vida exterior em completa harmonia consigo mesmas e com o resto do mundo dos homens, dos animais e das coisas. Estão sintonizadas com seus poderes da Alma, e isto constitui sua unificação com toda a criação.
Todos podemos ter acesso à Alma. Ela jaz nas profundezas íntimas do nosso próprio ser.
O desejo de realizações mais elevadas da vida é o primeiro requisito, e, a partir daí, deve-se manter uma constante orientação para o próprio interior até que a meta tenha sido alcançada.
Um bom começo pode ser a percepção da verdade que há muito mais na existência humana do que saúde física e suprimento material.
Quando temos o vislumbre do fato de que mais dinheiro, mais casas ou automóveis não constituem o suprimento, que mais viagens não são recreação, que a ausência de doença não significa necessariamente saúde -- em outra palavras, que "meu reino não é deste mundo" --, estamos na direção correta para descobrir o reino da Alma.
Todos sabemos como empregar a força física, como quando usamos o esforço muscular para erguer algum peso, ou fazemos força com os braços ou as pernas; e sabemos também com exercer pressão mental, como em profunda meditação ou pela vontade pessoal.
Sabemos que há um poder da Alma, mas saber que este poder pode fazer muito mais por nós do que os poderes materiais e mentais juntos, isto poucos sabem.
Talvez uma razão pela falta de interesse por parte do mundo neste tema tão vasto seja o fato de que este imenso reservatório de poder que está em nós não possa ser utilizado para fins egoístas.
Pensemos na grandeza disso - um grande e maravilhoso poder à mão, mas que jamais pode ser usado para satisfazer a fins egoístas. Nisto está o segredo do porquê tão poucos atingirem a consciência da Alma. Só podemos perceber a presença da Alma após nos termos libertado dos desejos egoístas, e termos individualizado este poder infinito dentro de nós mesmos na medida de nosso desejo de servir aos interesses da humanidade.
É justo, natural e normal que vivamos uma vida plena, próspera e feliz, mas nós podemos viver isto sem nos preocuparmos conosco, com nosso suprimento e mesmo com nossa saúde.
Todo o bem necessário ao nosso bem-estar nos será fornecido em grande abundância quando pudermos aceitar que temos de abandonar nossos esforços e desejos de ter, de conseguir ou realizar, e nos aprofundarmos no desejo de cumprirmos apenas nosso destino sobre a terra.
Estamos aqui como parte de um plano divino. Somos Consciência, que realiza e expressa a si mesma de forma individual; e se aprendermos a desprender o nosso pensamento de nós mesmos, ou da preocupação com nosso lugar, nosso suprimento ou saúde, e a deixar que Deus cumpra seus desígnios através de nós ou como cada um de nós, acharemos de fato que todas as coisas nos serão acrescentadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário