terça-feira, 11 de julho de 2017

A ARTE DA MEDITAÇÃO - CAPÍTULO 8








                               Capítulo VIII 

                          VÓS SOIS O TEMPLO 




“Não sabeis que sois o templo de Deus... que vosso corpo é o templo... do Deus Vivo?” 
                      1 Coríntios, 6:19 

O corpo é o templo do Deus vivo, não feito com mãos, não mortalmente concebido, mas eterno nos céus; eterno em tempo e espaço, em vida e em espírito, em alma, em substância. 

Deus fez tudo o que foi feito e tudo o que Deus fez participa de Sua natureza que é eternidade, imortalidade, perfeição. Deus fez o corpo a Sua própria imagem e semelhança. Deus é Vida. Sua atividade operando em uma semente produz criança com todas as potencialidades do adulto contidas em uma delicada formazinha, não mero segmento da matéria, mas, uma inteligência e uma alma acompanhando aquele corpo. 

O Espírito de Deus executa; o homem, porém em sua vaidade, arrogou-se o papel de creador. Homens e mulheres assumiram a atitude de que são eles que o produzem. Pelo fato de serem pais e mães; em vez de reconhecerem que nada mais são do que instrumentos através dos quais Deus age para se expressar, não para perpetuar a ti ou a mim, a teus filhos ou a meus filhos. Deus opera com o amor em nossa consciência para produzir Sua própria imagem e semelhança. 

Essa expressão de Deus nós chamamos “meu filho”, “teu filho”, esquecidos de que é filho de Deus, não nossa creação ou posse pessoal. Rogamos a Deus para que mantenha e dê suprimento a nossos filhos, eles, porém não são nossos filhos, são filhos de Deus; não é necessário pedir-lhe que os mantenha. É prerrogativa divina crear, manter e suprir a Sua própria imagem e semelhança. Creador de tudo o que existe, Deus é creador do corpo humano, “não sabes que teu corpo é o templo de Deus vivo?” Nós o chamamos “meu corpo”, mas ele não é nosso, é corpo de Deus. Formado por Ele para Seu prazer, feito à Sua imagem e semelhança, governado por Sua Lei, creado para atestar Sua Glória. 

Em nossas árvores de Natal existem lâmpadas multicoloridas, vermelhas, azuis e púrpuras. 

A eletricidade transmite sua luz através dessas lâmpadas de todas as formas e tamanhos; as lâmpadas não são a fonte da luz, são apenas o instrumento através do qual a luz brilha. 

Assim acontece quando observamos a vida humana, animal ou vegetal, erradamente consideramos a forma visível como a Vida, mas, na realidade, é aquilo que anima, é a substância da forma. Deus é a Vida e a Essência de todas as formas. É a Sabedoria, a Integridade, a Pureza da alma do homem. Deus é a fortaleza do homem. Não nos deixemos iludir nem mesmo pela boa aparência. Não chamemos uma pessoa “forte”, e outra “fraca” ou “bela”; por trás da aparência devemos considerar a Vida Invisível que possibilita a beleza dessa forma. Podemos então, deleitar-nos com todos os aspectos da creação, seja corpo humano, espécie animal ou planta. São formas de Vida, mas se não atentarmos para a Vida que os anima, poderão parecer-nos boas ou más, jovens ou velhas, doentes ou sadias, ricas ou pobres. 

O conceito humano de vida é limitado e se radica em valores mutáveis que aparecem em forma de Vida, ao contrário, deleita-se com a forma, reconhecendo, contudo, o Infinito Invisível como sua essência. 

Se desviarmos o olhar da forma o suficiente para contemplar além dela o Invisível, descobriremos Deus como o Princípio de toda a vida e passaremos a compreender a diferença do viver espiritual. 

A Verdade conscientizada é a Lei da Vida, da harmonia, da ressurreição. “Deus fez esta forma, minha forma divina, infinita, para ressaltar minha verdadeira identidade. 

Meu corpo é a manifestação, a imagem do Eu que EU SOU”. É uma expressão da vida realçando tudo que eu sou, pois meu corpo é o EU de que sou formado, espiritual, imortal, eterno. Eu sou a perfeita identidade e meu corpo é o templo, instrumento de minha atividade de meu viver. Existe um reverso dessa forma espiritual que é aquela que eu olho no espelho: existem As expressões da natureza: árvores, flores, vegetais, frutos, conceitos humanamente concebidos da forma, do corpo. 

Se me vejo no espelho, posso notar que estou moço ou velho, doente ou sadio, gordo ou magro; mas, Eu não estou me vendo integralmente; estou vendo meu corpo. Eu sou invisível, mesmo esse corpo que eu vejo com meus olhos é um conceito do corpo finito, limitado. 

Na realidade o corpo não muda, muda o conceito que eu tenho sobre suas alterações. Que sou eu? Onde estou? Consideremos nossos pés, “esses são eu ou meus? Estou eu nos pés ou possuo esses pés? Essas pernas, estou nelas ou são minhas? Se elas se traumatizam, não existe um Eu, uma entidade que não é as pernas? Subamos à cintura, ao peito, à cabeça. Eu estou em alguma dessas partes Ou são elas partes do meu corpo? Não há um eu que possui um corpo? O corpo é um instrumento para minha locomoção, Como acontece com meu automóvel. Estou nesse corpo, sou Esse corpo ou esse corpo é meu? Não é um templo, um instrumento A mim concedido para meu uso? Minhas mãos - podem elas, por elas mesmas dar ou retirar? Ou devo eu dar ou retirar usando-as como instrumento? Podem minhas mãos ser generosas ou mesquinhas? Gozam elas do poder de dar ou tirar? Ou esse poder reside em mim? É o coração que me permite viver? Ou é a vida que anima o coração? Se minhas mãos não podem dar ou tirar, como pode o coração, fígado, pulmões, rins, agirem por si mesmos se as mãos não podem? Como órgãos materiais podem meus olhos ver e meus ouvidos podem ouvir? Podem os órgãos do corpo agir a seu talante? Não existe algo chamado EU que funciona através das pernas ou por meio delas? Um Eu que age através dos instrumentos desse corpo? Eu sou o ser: meu ser não depende de meu corpo, meu corpo é que depende de meu ser. O Eu que Eu sou governa meu corpo; De si mesmo meu corpo não tem vontade, inteligência, ação. Ele me atende, é governado por mim. Meu corpo é minha imagem É semelhança, é minha manifestação, expressão do Eu que eu sou. Há um espírito em mim: o Sopro do Todo Poderoso me transmite Vida. 

Em mim a atividade de Deus governa as funções corporais, órgãos e músculos. Um espírito invisível age sobre cada órgão e cada função de meu corpo para mantê-lo e sustentá-lo eternamente. De fora, nada que o corrompa pode penetrar esse templo de Deus vivo; Tudo o que é de Deus, Deus mantém e sustenta. 

Todo poder reside em Deus agir como a Lei do meu corpo; é Deus A única Lei e o único Legislador. A Lei espiritual não despreza nem anula a Lei material; a Lei espiritual revela que é o substrato da lei material. 

“Tranqüiliza-te e contempla a salvação do Senhor... Não pela força, nem pelo poder, mas por meu espírito”. Eu não preciso lutar, não preciso procurar a cura. O combate Não é meu. É de Deus: aliás, não é um combate, mas uma revelação de que este corpo é templo de Deus vivo, governado por Lei Espiritual. 

O conceito material, mortal, que outrora entretive sobre o corpo se diluiu no reconhecimento de que meu corpo é templo de Deus vivo. Forte, perene, infinito, imortal. Deus é o tema central, a substância, a força do meu corpo. “Tudo eu posso fazer através do Cristo que me fortalece”. O Senhor é minha força e minha canção e meu poder; É a força de minha vida que aplaina meu caminho. Que devo fazer? Se eu busco força em meu corpo, encontro doença, fraqueza, morte. 

Mas, se reconheço que Cristo é minha força, que minha filiação Divina é minha força, que a Palavra de Deus dentro de mim é meu poder, minha mocidade, minha vitalidade, é tudo em mim, então eu encontro Vida eterna. (Eu vivo de toda energia que sai da Fonte do Infinito). “Eu SOU o pão da vida: aquele que me seguir jamais terá fome; e jamais terá sede o que crê em MIM. Se ME pedires, EU te darei a água que jorra para a vida eterna”. Eu não vivo somente de pão. Toda palavra de Deus que atinge minha consciência é pão, vinho, água, alimento para minha alma, meu espírito, meu ser e meu corpo. 

Toda palavra da Verdade que eu pronuncio e plenifica minha consciência é o alimento que o mundo não conhece; é um manancial de água, jorrando para a vida imortal. Sem a Palavra de Deus, sinto-me vazio de apoio; o mais apetecível alimento assemelha-se à serragem – mero volume em meu organismo a menos que a Palavra de Deus o acompanhe para agir pela lei da digestão, da assimilação e da eliminação. Eu sou o vinho, a inspiração, a sabedoria espiritual; é Deus que ilumina, enaltece, inspira, tudo que eu posso saber, através do Cristo – Filho de Deus em mim – que é minha sabedoria. 

A Palavra de Deus em mim é pão, vinho, água. O mundo não sabe disso, que eu conservo oculto dentro de mim essa Palavra poderosa, revelando o perfeito templo de Deus, meu corpo; não o corpo feito com as mãos, mas o eterno, feito nos céus”. 

Nesse tipo de meditação, desprendemo-nos de toda a forma e vislumbramos o Invisível que mantém o visível. 

Devemos viver, mover-nos e ter o nosso ser na consciência divina, viver e habitar o lugar secreto do mais alto. 

Então, veremos como realmente ele é, “contempla o Tabernáculo de Deus em cada ser humano; aí Ele habita... e nele nada deverá entrar que o profane”.





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