Desde aquele período da Criação referido no segundo capitulo de Gênesis, vem o homem vivendo sob a influência de dois poderes aparentes, vem ele flutuando entre o bem e o mal, experimentando muitas vezes mais a influência do mal que a do bem.
No entanto, quando compreende a ideia da unicidade do Poder, e percebe que não há poder do bem nem do mal, já não é fascinado pelo bem nem pelo mal da experiência humana, e deixa de identificar-se com as sensações provocadas por um ou por outro.
Pouco a pouco ele aprende a encarar o mal friamente, sem emoção, e
sem atribuí-lo a ninguém e, poder-se-ia dizer, quase sem comiseração. Reconhece a natureza das aparências e as aceita como tais, isto é, como ilusórias.
Isto nem sempre é fácil. Todavia, é menos difícil identificar a
aparência do mal que a do bem. Fácil ou difícil, porém, o homem precisa
tomar e manter uma atitude interna que
lhes permita estar sempre cônscio de que se o bem não provier de Deus,
será transitório, e nada lhe adiantará deleitar-se com ele.
É óbvio que, se por um lado esta atitude tira muitos dos aspectos
agradáveis da vida humana, por outro nos poupa de muitas de suas
misérias, substituindo as emoções negativas pela convicção interna de
que, por detrás do cenário visível, existe uma realidade espiritual que a qualquer momento poderá revelar-se totalmente.
Quando nos pedem ajuda, nossa primeira reação é o desejo de mudar a aparência do mal em aparência do bem.
Entretanto, se quisermos viver espiritualmente, precisamo-nos
compenetrar de que o objetivo do ministério espiritual não é mudar
doença em saúde.
A saúde é temporária, e a que temos hoje poderá converter-se em doença amanhã, na próxima semana ou no próximo ano.
A finalidade do ministério espiritual não é condenar publicamente o
mal e tentar fazer o bem. Seu objetivo é, antes de mais nada,
ensinar-nos a desprezar as aparências boas ou
más e manter-nos atentos ao Caminho do Meio, compenetrados de que
precisamente onde parece encontrar-se o bem e o mal, o que existe é a realidade do Espírito.
A má aparência de hoje poderá converter-se em boa aparência amanhã e,
como bem sabemos, toda boa aparência pode logo tornar-se má.
Um dia de paz na terra pode ser apenas a pausa momentânea que precede
outra guerra; a saúde perfeita de hoje não passa de uma condição
temporária que os micróbios ou o envelhecimento poderão mudar.
Vistos humanamente, estamos como que num carrossel, sempre a rodar, rodar, rodar. Estamos sempre a oscilar como em pêndulo,
entre a doença e a saúde, entre a pobreza e a riqueza, entre a guerra e
a paz, para trás e para frente, sem chegarmos à parte alguma.
Mas no meu reino não há pares de opostos. Meu reino é um reino espiritual, onde nada é tocado por influências contraditórias.
Meu reino é dirigido e protegido pelo Divino Princípio, ou Deus, que a tudo mantém e sustenta.
No Meu reino não há trevas.
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