O Princípio básico, o Criador, a Substância da Vida, é Deus, Alma ou Consciência, enquanto a mente é o instrumento pelo qual a ação de Deus se manifesta; a mente, pois, corretamente compreendida e utilizada, é um instrumento de Deus.
Quando a mente está aberta para receber o impulso divino, por ela fluem formas harmoniosas e perfeitas.
A partir de Adão, ou seja, ao se reconhecer como humano, houve a aceitação da crença do bem e do mal, e a partir desse momento, em vez de ser um puro instrumento da Alma, a mente começou a se materializar em formas concretas, ora boas, ora más, exatamente como se fosse um molde de onde, independentemente do perfil da forma, se reproduzem as peças.
Se houver o mal na mente, aparecerão formas más e, ao contrario, se houver o bem, aparecerão formas boas.
A mente produz a sua própria imagem e semelhança, e, se nós que nos colocamos por trás da mente permitirmos que seja preenchida com superstições, ignorância ou medo, tudo quanto se origina na crença em dois poderes, será pois isso tudo que a mente produzirá em nossa vida.
A mente ou pensamento humano é a substância de toda forma de pecado, de doença, da morte, de falsos apetites, de carências, limitações, da guerra e seus corolários e de todas as outras coisas listadas sob o nome de mal. A mente preenchida com pensamentos errôneos, medo, ódio, injustiça, luxuria ou malícia se mostrará externamente como desarmonia e discórdia.
Por outro lado, uma mente imbuída de bons pensamentos – caridade, pureza, benevolência, cooperação, etc.- aparecerá externamente como vida boa.
É a lei cármica consignada na Escritura: “O que quer que o homem semeie, isto também colherá”.
A mente, no estado de não-iluminação, cheia de crenças materialísticas, teorias, opiniões, doutrinas e credos, só pode manifestar seu estado de caos; porém, se estiver livre de tais crenças, torna-se um instrumento com o qual o Princípio criador da Vida pode fluir em formas eternas e harmoniosas.
A aparência externa é sempre formada pela mente. O que semearmos mentalmente, colheremos materialmente.
A matéria é matéria somente quando a consciência está num estado de materialidade, mas, uma vez que nos elevemos para o estado mental, a matéria já não é matéria, e sim mente.
A mente é a substância e a essência de que é feita a matéria, que nos mostra como forma ou como efeito.
O Pensamento é o princípio, a vida e a lei de toda forma material ou mental.
Esse não é um conceito fácil de compreender, mas, se tornarmos um exemplo e traçarmos uma analogia entre tudo isso e uma substância com que estamos familiarizados, poderemos clarear as idéias.
A cominação de duas partes de hidrogênios com uma de oxigênio é chamada água; ela pode ter a forma física de vapor ou de gelo e, embora as três formas físicas sejam diferentes, a essência permanece a mesma, ou seja, dois hidrogênio e um oxigênio.
Da mesma maneira, a mente é a substância básica, mas matéria é o nome dado à mente quando toma forma.
A mente/pensamento aparece de várias formas: a carne é uma delas, o sangue, o osso, o cabelo, etc., são outras; mas todas são mente tornada visível, aparecendo daquele modo específico. Numa forma é carne, noutra é osso, cartilagem, sangue, cabelo ou pele; mas a substância ou essência é sempre a mente.
A mente atua como pensamento; a mente aparece como coisas; e nesse sentido ela á a essência da criação, como descrito no segundo e terceiro capítulos do Gênesis - citado nas postagens anteriores.
Assim, se a matéria é mente, um processo mental pode mudar o produto, a matéria.
A mente, a sua ou a minha mente, se imbuída de verdade espiritual, torna-se um instrumento por meio do qual Deus aparece e se manifesta, e aparecendo Ele se torna o corpo do nosso mundo exterior.
Por isso, nunca vivemos num mundo material, rodeados por matéria, porque Deus, Ele mesmo, a Verdade na sua e na minha consciência, é a única substância, e essência do nosso mundo.
Quando Deus ou Alma se torna nossa atividade mental e aparece como forma, toda forma é espiritual, e pode ser multiplicada.
Quando nos elevamos além do nível da mente pensante, até o Silêncio onde está o Eu, Deus se torna a atividade e a substância, aparecendo então como matéria ou forma.
Por exemplo, em cada milagre relatado nos quatro Evangelhos, foi a consciência de Jesus, o Cristo, que apareceu externamente como saúde e harmonia, e como uma infinidade de pães e peixes.
Pães e peixes não são matéria; saúde e riqueza não são matéria: foram formados da consciência. Uma vez que a mente esteja permeada de Verdade, a verdade é a substância e a essência das formas manifestadas, e então as formas podem ser multiplicadas, mas o podem apenas por não serem materiais.
Houve um tempo em que havia só um bilhão de pessoas no mundo. Hoje somos quatro bilhões, mas não há mais Deus na terra. Aqui está o mesmo Deus, a mesma vida, mas o que aconteceu foi que a mente multiplicou as formas, não as dividiu.
Trata-se do mesmo princípio que atuou quando Jesus fez o milagre dos pães e dos peixes.
O que Ele fez foi multiplicar as formas visíveis para satisfazer o sendo de necessidade daquele momento particular.
Só há Espírito, e suas formações espirituais; a mente, como instrumento do Espírito, forma e governa a si mesma como forma esboçada, e isso é chamado matéria ou forma física. É de fato mente, pois a matéria pode ser reduzida ao mental, e eventualmente, de volta até o espiritual; mas é mente que se nos apresenta como forma finita, e é ela mesma que gera essa forma. A mente até mesmo transformará esse corpo e o suprirá. A mente formará para nós tudo o que nos pareça necessário e, todavia, nada de novo será acrescentado à criação.
Quando a mente trabalha em seu próprio nível, aparece como bem ou mal, ou ambos; ao passo que a mente,dirigida pela Alma ou Deus, aparece só como um Universo harmonioso. Isso não significa que se pensarmos só bons pensamentos aparecerá nosso universo perfeito, espiritual; significa que quando nos elevamos acima da mente e do pensamento, para dentro do reino do Silêncio, da Alma ou de Deus, então ela se manifesta como nossa identidade espiritual, nosso ser, corpo e universo.
Quando você e eu permitimos que nossas mentes sejam preenchidas com ignorância, superstição e egoísmo, tais mentes produzirão sua própria imagem e semelhança, que será refletida para fora como os pecados e as doenças do mundo; mas quando a mente é purificada, de modo que se torne um instrumento da pura Alma,então a mente produz a imagem e semelhança da Alma, que é perfeição espiritual, “conforme as regras mostradas para ti no Sermão da Montanha”.
As criações de Deus são incorpóreas, espirituais e infinitas, não físicas, materiais ou finitas. Deus é Espírito, e por isso o Universo de Deus, o Corpo de Deus, são espirituais.
Contudo, como as criações de Deus se apresentam aos nossos sentidos humanos, elas parecem ser físicas, materiais e limitadas.
A razão dessa anomalia é que nossa mente, no seu estado não iluminado, interpreta apenas aquilo de que podemos tomar ciência por meios dos nossos sentidos. Nós não podemos contemplar aquilo que É,contemplamos a interpretação da nossa mente.
Por exemplo, se houver um jarro de rosas amarelas na sala, você e quase todos os que estiverem na sala poderão vê-las como amarelas, mas por daltônico elas poderão ser vistas de qualquer outra cor; ou, enquanto tais rosas poderão parecer para você maravilhosas, poderão desencadear um ataque em outra pessoa.
Está claro que não é aquilo de que tomamos ciência que é importante, mas como a mente interpreta o que passou pelos sentidos. Existem artistas cuja interpretação das rosas pode nos deslumbrar por serem capazes de perceber um substrato de verdade espiritual nelas, enquanto nós vemos apenas suas formas e cores finitas.
Alguns de nós poderão visitar uma galeria de arte, olhar para os quadros e chamá-los de borrões de tinta, enquanto outros poderão olhar as mesmas telas e viver um êxtase, porque sua compreensão desenvolvida da arte, seu conhecimento de linhas e cores, poderão apreciar e ver o que o artista viu quando colocou sua interpretação na tela.
Se tivermos cultivado qualquer apreciação no campo das artes, poderemos ficar diante das telas do artista totalmente cientes daquilo que ele colocou ali; mas, se nossa mente não tiver conhecimento da arte, nós não veremos nada, a não ser manchas de tinta.
Quando nossa mente está livre de julgamentos,podemos olhar para este mundo e nos regozijar com o céu, o ar, a terra, o mar, o sol, a lua e as estrelas; mas,se a mente estiver cheia de conceitos materiais, nos perguntarmos, como um amigo meu anos atrás: “Eu não vejo por que as pessoas viajam. Há apenas dos tipos de terra: ela sobe, e a chamam montanha; ela desce, e a chamam vale. Ou, se for úmida, a chamam água. O que pode alguém ver numa viagem? Qual o diferença entre um lugar e outro?”
Raramente vemos o que está diante de nós, tudo o que observamos no mundo, nós o vemos através dos olhos da nossa experiência – a atitude de nossos pais diante da vida, nossas raízes raciais e religiosas, nossa herança nacional, nosso meio próximo, nossa educação e as experiências acumuladas depois da vida escolar.
Tais conceitos são formados por influências pré-natais, pelo meio próximo, a educação e as experiências pessoas, que fazem de você e de mim os seres humanos que somos.
E assim, se o nosso mundo é um mundo de pessoas amargas, desagradáveis e ríspidas, é por causa daqueles quatro fatores que nos condicionaram nossa interpretação daquilo que encontramos pela vida.
Por outro lado, se encontrarmos um mundo de pessoas cooperadoras, compreensivas e amáveis, será provavelmente devido ao nosso padrão particular de referências.
É certo que onde nós estamos está de fato o reino de Deus. Tudo que está no Céu está na terra. Mas, se nós achamos um inferno ou um paraíso, depende de estarmos vendo a terra através de uma visão espiritual ou material. A interpretação mental da experiência determina se é paraíso ou inferno.
Olhamos para as criações de Deus por meio do instrumento da mente, e as formas que vemos assumem a cor e a natureza com que a mente as interpreta.
Quando uma pessoa nos diz: “tenho um corpo doente” ou “tenho uma mente pecadora”, ou “tenho a carteira vazia”, ela está contemplando a criação por um sentido limitado, material, finito.
Se pudermos ignorar o que a pessoa está vendo, sentindo e experimentando, e descobrir que nossa mente é apenas o intérprete, se pudermos ficar suficientemente silenciosos de modo a podermos registrar o quadro verdadeiro, então, no Silêncio, poderemos ouvir: “Tu és meu filho, meu filho bem amado no qual me aprazo”, ou: “Este é de fato o reino de Deus”, ou: “Tudo o que tenho é teu”.
Em outras palavras, nos virá a certeza de que tal cena como foi interpretada pelo sentido mortal, está incorreta; e, no Silêncio, aquilo que é Real nos é revelado.
Uma pessoa se debatendo com um problema está julgando pelas aparências, e sua mente está interpretando seu mundo à luz dos condicionamentos pré-natais, do meio, da educação e das experiências pessoais.
Ao contrário, se a mente interpreta a cena por intermédio da pura atividade da Alma, todo julgamento é posto de lado, enquanto do Silêncio nos vem: “Pai, não tenho julgamento. Espero o Teu juízo”. E, em tal humildade, a visão espiritual é que ilumina a cena.
No plano humano, a mente é criativa. Ela pode criar o bem e o mal – e os cria. No plano espiritual, contudo, a mente não é uma faculdade criativa, mas uma larga via de percepção da Perfeição Absoluta.
Se, por exemplo, tivermos uma tela em branco diante de nós, e, em vez de torturar nossos cérebros buscando algo para preenchê-la, aprendermos a ficar quietos e esperar, tomando a atitude interior: “Aí está a tela, Pai, pinte o quadro”, nós encontraremos ideias a fluir livremente, e dentro de nossa consciência surgirão as diretrizes do que a nossa mente e nossas mãos irão executar. Em tal estado de receptividade, as invenções, as descobertas e os projetos na prancheta, ou qualquer ideia que seja necessária, serão desenvolvidos, assim como receberemos habilidade para executar tais ideias.
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