quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

EU, PORÉM, VOS DIGO

                                                                        

                                        



                                          O sermão da montanha

Bem-aventuranças: anseio por um mundo novo -
* 1 Jesus viu as multidõessubiu à montanha e sentou-se. Osdiscípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 «Felizes os pobres em espíritoporque deles é o Reino do Céu. 4Felizes os aflitosporque serão consolados. 5 Felizes os mansos,porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça,porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiososporqueencontrarão misericórdia. 8 Felizes ospuros de coraçãoporque verãoDeus. 9 Felizes os que promovem a pazporque serão chamadosfilhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça,porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem insultadosperseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, porcausa de mim. 12 Fiquem alegres e contentesporque será grandepara vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram osprofetas que vieram antes de vocês



A força do testemunho -

* 13 «Vocês são o sal da terraOra, se o sal perde o gosto, com quepoderemos salgá-lo? Não serve para mais nadaserve só para serjogado fora e ser pisado pelos homens.

14 Vocês são a luz do mundoNão pode ficar escondida uma cidadeconstruída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiroonde ela brilha para todos os queestão em casa. 16 Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu

A lei e a justiça -
* 17 «Não pensem que eu vim abolir a Lei e os ProfetasNão vimabolirmas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existirnem sequer uma letra ou vírgulaserão tiradas daLeisem que tudo aconteça. 19 Portantoquemdesobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmoserá considerado o menor no Reino do Céu. Por outro ladoquem os praticar e ensinarseráconsiderado grande no Reino do Céu. 20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseusvocês não entrarão no Reino do Céu

Ofensa e reconciliação -
* 21 «Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mateQuemmatar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digotodoaquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunalQuem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrioquem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a oferta aí diante do altar, e  primeiro fazer as pazes com seu irmãodepoisvolte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra vocêprocure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal;senão o acusador entregarávocê ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garantodaí você não sairáenquanto não pagar até o últimocentavo

Adultério e fidelidade -
* 27 «Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu,porém, lhes digotodo aquele que olha para uma mulher e desejapossuí-la,  cometeu adultério com ela no coração.

29 Se o olho direito leva você a pecararranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno. 30 Se a mão direita leva você a pecarcorte-a e jogue-a fora! É melhor perder um membro do que o seu corpo todo ir para o inferno.

31 Também foi dito: ‘Quem se divorciar de sua mulher, lhe  uma certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicaçãofaz com que ela se torne adúltera; e quem se casacom a mulher divorciadacometeadultério

Juramento e verdade -
* 33 «Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurefalso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. 34 Eu,porém, lhes digo: não jurem de modo algumnem pelo Céuporque é o trono deDeus; 35 nem pela terraporque é o suporte onde ele apóia os pésnem por Jerusalémporque é a cidade do grande Rei. 36 Nãojure nem mesmo pela sua própria cabeçaporque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. 37Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além dissovem do Maligno

Violência e resistência -
* 38 «Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe  um tapa na face direitaofereça também aesquerda! 40 Se alguém faz um processo para tomar de você a túnicadeixe também o manto! 41 Se alguém obriga você a andar um quilômetrocaminhe dois quilômetros com ele! 42  a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pediremprestado

Amar como o Pai ama -
* 43 «Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! 45 Assim vocês se tornarãofilhos do Pai que está no céuporque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. 46 Pois, se vocês amamsomente aqueles que os amamque recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?47 E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portantosejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu




Tão logo aceitamos o princípio de que não há nem bem nem mal as pessoas, coisas ou condições, isto é, em qualquer efeito ou aparência, nesse momento começa a aceitação interior que nos leva à vida da Graça, pois agora já não estamos em conflito ou oposição com qualquer pessoa ou coisa. Sempre há escolha entre um caminho e outro, e a escolha e aceitação do caminho são sempre nossas.

Nessa altura, a finalidade da vida torna-se o atingir de um despertar da consciência do nosso verdadeiro Eu; ou, como é dito na literatura mística, a união consciente com Deus -AGORA, união na qual desaparece nosso pequeno eu e fica, intacto, o puro Eu como nossa identidade definitiva e eterna. 

Dentro de cada um de nós está o Reino de Deus. Dentro de cada um de nós está a capacidade de viver na Terra sem lutas, sem ódio ou inveja. Nós, porém, não podemos realizar isso como seres humanos, e é por isso que os nossos amigos nos dizem que esse modo de vida não é praticável: bonito de fato, mas nada prático. 

A aplicação do “eu vos digo...” do Sermão da Montanha é possível apenas quando a pessoa descobre que não vive disso ou daquilo que sejam humanos, mas “de cada palavra que procede da boca de Deus”.

O Sermão da Montanha é um modo de vida impossível para nós, quando nos reconhecemos como meros seres carnais, a menos que tenhamos despertadas as faculdades divinas dentro de nós e que estejamos vivendo mais pela Alma do que pela mente e pelo corpo.

Então, como aceitamos a tarefa de amar nosso próximo como a nós mesmos e a Deus acima de tudo, admitindo em plena humildade que por nós mesmos nada podemos fazer – que não podemos nem mesmo ser bons, pois só há um bom, o Pai, e que nem mesmo existe nada que seja bom ou mau -, estaremos no caminho místico, no caminho da união consciente com Deus.


No Sermão da Montanha, que é a mais sublime mensagem jamais oferecida ao mundo, estão apresentados dois modos de vida diametralmente opostos. Há o caminho do “ouvistes o que foi dito aos antigos...”, caminho que o mundo está percorrendo até agora, e há também o caminho do “eu porém vos digo...”, a nova revelação de um viver pela Graça divina. 

“eu vos digo” é a assertiva completa de que Deus é o Princípio criador, de manutenção e sustento. Esse é o modo de vida místico no qual não somos atores, agentes ou figuras principais, mas em que há a Presença Transcendente e o Poder, que o Mestre chamou de Pai interno. 


No “ouviste o que foi dito...” e na experiência do filho pródigo vivemos sob a lei, até então sob a influência da criação mental do segundo capítulo do Gênesis. 


Quando voltamos ao nosso estado original de puro ser- quando nos reconhecemos como Filhos de Deus - Espírito - à imagem e semelhança de Deus no AGORA, não mais vivemos sob a lei cármica - causa e efeito, mas sob a Graça, sob o “eu porém vos digo...” do Sermão da Montanha.














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