terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

UM ODRE NOVO








“E ninguém deita vinho novo em odres velhos... o vinho novo deve ser deitado em odres novos.” (Marcos 2: 22) 


Precisamos desenvolver um “novo odre” completo, um novo estado de consciência, e para isso principiamos por eliminar todo o conceito material. Isto não pode ser feito num único salto; é um trabalho para todo o tempo de vida - sem cessar, pois envolve uma mudança completa de consciência.

Não tente colocar vinho novo em odres velhos. Não tente semear as sementes dessa inspiração em solo pedregoso ou espinhoso. Se fizer isto, elas se perderão. 

O solo deve ser preparado; uma consciência espiritual precisa ser desenvolvida. 

A preparação exige muita paciência e o anseio de sentar-se a sós para ponderar esta ideia da consciência individual como a causa, a lei e o poder de cada ser. 

Você consegue perceber que a totalidade de Deus está aparecendo como você e que a totalidade de Deus está aparecendo como o seu próximo? 

O grau de aceitação desta verdade corresponderá ao desenvolvimento do Cristo de sua própria consciência, ao desenvolvimento de seu conhecimento de que a plenitude do Cristo constitui o seu ser. 

O desenvolvimento do Cristo leva à conscientização da Presença, à consciência de haver uma orientação que vem de dentro, da existência de um infinito Ser interior que segue sempre à frente e que está consciente até mesmo quando você dorme. 

Esta conscientização lhe trará a certeza de que superior a qualquer condição ou circunstância humana é esta PERCEPÇAO da natureza infinita de sua própria consciência, que permanece sempre no centro de seu ser apenas aguardando o seu reconhecimento.

Para este trabalho, cada palavra dita por Jesus deve ser aprendida e aceita como lei. Uma só passagem poderia mudar a sua experiência, mas para uma nova consciência integral ser conseguida, devemos tomar cada uma das passagens dadas por Jesus e utilizá-las conscientemente, pois  ele deu ao mundo ocidental o segredo da vida espiritual. 

Para exemplificar, leia o ensinamento de Jesus sobre a futilidade de se manter com ansiedades (Lucas 12: 22-32):

“Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis.

Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que o vestido.

Considerai os corvos: eles não semeiam nem colhem; eles não têm dispensa nem celeiro; e Deus os alimenta: quanto mais valeis vós que as aves?

E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Se, pois, não sois capazes de fazer estas pequenas coisas, por que vos preocupais com as outras?

Considerai os lírios, como eles crescem: eles não trabalham, nem tecem; e na verdade vos digo que nem Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um deles. E se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada ao forno, quanto mais vestirá a vós, ó homens de pouca fé? 

Não pergunteis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, nem andeis inquietos. Pois todas as gentes do mundo buscam essas coisas; mas vosso Pai sabe que delas haveis mister. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo.

Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.”

Adquira a consciência de que “vosso Pai sabe que haveis delas mister”, e assim sempre que você for tentado a ficar apreensivo, pensando no trabalho do próximo ano, na casa ou nos alimentos, virá à sua lembrança que “a vosso Pai agradou dar-vos o reino”. 

Faça a si mesmo a pergunta seguinte: “Estou vivendo nesta consciência de ‘não estar apreensivo’?” 

Lembre-se da questão apresentada pelo Mestre: “E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua altura?... Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos.” (Isaías 55: 8). 

Os pensamentos de Deus não são os seus pensamentos, assim por que ficar apreensivo? 

Em vez disso, olhemos para este universo passando a compreender que todo ele é sustido e mantido pelo Poder divino que o criou. Mas é isso que temos feito? 

Não; nós construímos uma entidade separada, um eu apartado de Deus, que precisa de provisões e cuidados, e devotamos a vida toda para sustenta-la.

Jesus disse: “O Meu reino não é deste mundo... A minha paz vos dou.” (João 18:36; 14:27). 

Em momento algum Jesus estava buscando a sua própria demonstração: ele vivia num senso de doação, de ser uma transparência de bem para o mundo. O Cristo não pode entrar numa consciência que está em busca de algo para si mesma. 

Deus não pode ser utilizado com o propósito de se conseguir um progresso puramente humano. 


A nossa missão no mundo está em sermos uma transparência para o bem. 

O “eu” que procura algo para si não é o Filho de Deus., pois o Filho é herdeiro de Deus e co-herdeiro com o Cristo, e o Filho está sempre cônscio de que tudo que é do Pai também pertence a Ele. Sendo assim, como poderia existir algo que o Filho desejasse buscar para si?












segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O CAMINHO INFINITO E OS OUTROS ENSINAMENTOS






Cada um de nós tem buscado uma compreensão de Deus através de alguma forma particular de estudo. 

Qualquer que fosse a organização religiosa ou ensinamento, aquilo vinha agir como um degrau para nos elevar à compreensão dos ensinamentos de Jesus. 

Embora às vezes nós apontemos as diferenças entre “O Caminho Infinito” e os outros acessos à verdade,lembramos que isto é feito sem qualquer senso de crítica ou julgamento. 

Não pode haver qualquer julgamento deles – somente amor e honra para com todos. 

O mesmo é verdadeiro em relação à medicina. Os médicos e enfermeiros estão devotando suas vidas para ajudar a humanidade conforme a visão própria deles, e no plano físico realmente nós sentimos o progresso deles, razão pela qual só lhes dedicamos amor e respeito.

Uma das grandes diferenças entre esta mensagem de O Caminho Infinito e aquela de certos metafísicos está no fato de não considerarmos que uma Mente divina, um Amor divino ou alguma outra coisa venha até você para realizar-lhe algum desejo. 

O Caminho Infinito ensina que Deus é a própria Consciência divina do seu ser e constitui a lei sobre o seu ser: esta lei é única e é a lei do amor. 

Outro fator que nos difere das outras mensagens é que nós não atribuímos poder algum àquilo que muitos chamam de “mente mortal”. Não é raro ouvirmos a expressão: “Estou imaginando o que a mente mortal irá fazer-me hoje”. E ela acaba por fazer mesmo!

Durante certo tempo foi bastante falado e aceito que existiam causas mentais para as doenças físicas. Eram circuladas algumas listas, indicando que se alguém estivesse com reumatismo, ele era causado por ressentimentos; se fosse câncer, a causa era ódio ou ciúme; e, qualquer que fosse o sintoma, sua causa seria esta ou aquela tendência mental ou emocional. Nós, porém, não aceitamos esses argumentos como verdadeiros.

Dentro da crença humana, sem dúvida alguma, eles são reais. 

Hoje em dia, até a medicina propaga que o excesso de preocupações poderá levar à úlcera, e provavelmente isso é verdade no plano puramente humano. Mas nada disso tem a ver com o ensinamento de O Caminho Infinito, onde a doença não apenas não possui nenhuma causa, mas também não consideramos a existência de nenhuma lei de doença.


Nada existe que venha a nos provocar doença. Não, trata-se de alguma crença universal que no momento nós estamos aceitando. 

Por ignorância, nós acabamos por aceitar a crença universal numa egoidade apartada de Deus. 

A nossa função não está em examinar o próprio pensamento tentando descobrir qual atitude mental errada temos mantido, mas sim em medir a extensão com que estamos aceitando as crenças universais e conscientizar que todas elas são sugestões mesméricas,sendo que a nossa mente, a única que existe, não pode ser um instrumento para mesmerizar ou ser mesmerizado. 

Com esse procedimento, nós retiramos o poder daquele falso senso e adquirimos a consciência do único Poder e única Presença.

Existe tão somente um Eu, uma Consciência, embora Ela apareça como sendo você ou eu, e este é mais um ponto vital a nos diferenciar de outros ensinamentos correntes. 

O Caminho Infinito ensina que não somos um efeito, uma ideia, uma manifestação ou um reflexo: “Eu sou a luz do mundo... Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 8: 12; 14: 6). 



Há somente um Eu. Mesmo que este Eu apareça como você ou como eu, continua sendo o mesmo Eu.





domingo, 26 de fevereiro de 2017

O CAMINHO INFINITO, UM CAMINHO DE VIDA






Esta mensagem é denominada O Caminho Infinito. 

É um nome que nada significa para o mundo, exceto para os que são familiares a este ensinamento, para os que sabem que O Caminho Infinito é realmente um caminho de vida que conduz ao desenvolvimento da própria consciência. 

O Caminho Infinito é isto: um caminho de vida que conhece Deus como a consciência infinita, e o trabalho dos aspirantes a ele é o de se manterem em conformidade com seus princípios. Para que possamos demonstrar as harmonias da vida é preciso adquirir a consciência do bem.

Neste ensinamento, não acreditamos que um efeito - MATERIA  possa constituir nosso suprimento e tampouco acreditamos que um corpo físico saudável constitua a saúde. 

O caminho espiritual nos leva à consciência de vida, deixando-a produzir tanto o suprimento quanto a saúde. Este caminho não é um método de demonstração de suprimento ou saúde, mas um caminho para demonstrar a consciência da presença de Deus e deixar que esta Consciência faça manifestar o suprimento e a saúde. 

Passo a passo vai-se desenvolvendo o nosso caminho. Talvez nem sempre possamos visualizar o projeto completo, mas caminhando em frente passo a passo, sucessivamente, o quadro todo virá inevitavelmente a ser manifesto.


A INFLUÊNCIA FERMENTADORA DA VERDADE

Todo ensinamento metafísico traz um grande objetivo – alcançar, em alguma medida, a consciência de Deus. Até este ponto O Caminho Infinito pode concordar. Contudo, ele difere da crença teológica tradicional que ensina ser o paraíso um lugar a ser atingido somente após a morte. 

Todos os ensinamentos metafísicos sabem da possibilidade de o paraíso ser atingido aqui e agora. Em todos eles, sejam seus métodos iguais aos nossos ou não, a intenção é a realização da cura espiritual e da atuação de Deus na experiência individual – em nosso corpo, nosso negócio, em nossa vida familiar – e nas atividades do mundo.

Num curto espaço de tempo, os escritos de O Caminho Infinito foram largamente distribuídos e postos em circulação pelo mundo. Quando lidos com a mente aberta, são aceitos não somente pelos metafísicos independentes ou por integrantes de movimentos metafísicos organizados, mas até mesmo pelos membros das igreja ortodoxas. 

Nestes textos, aqueles dotados de objetivos espirituais estão descobrindo uma base comum de encontro. 

A verdade contida na mensagem está rompendo e dissolvendo preconceitos, intolerâncias e aversões entre as crenças religiosas. 

Na conscientização de Deus como Consciência, a Consciência do ser individual, torna-se impossível a permanência de preceitos raciais ou religiosos, bem como inimizades, temores ou intolerâncias. Tais elementos somente podem existir enquanto perdurar a crença numa egoidade apartada de Deus.

Toda verdade contida nesta mensagem é realmente a Verdade dita por Si, e a sua influência fermentadora trará por fim a união de todos à conscientização da unidade da Consciência. 

Esta união não se refere a um sentido de organização, mas trata-se de uma junção na abertura de nossa própria consciência rumo à unidade do ensinamento da verdade; uma união no sentido considerado por Jesus, quando falou a seus discípulos: “Porque quem não é contra nós, é por nós” (Marcos 9: 40). 

Os metafísicos do mundo tentam a sua unificação pela compreensão de Deus como Onipresença. 

O ensinamento de todos eles é fundamentado no postulado de que Deus é a mente individual, Deus é a vida individual, Deus é a Alma individual. Portanto, não deveria haver nenhum senso de divisão entre eles, tampouco algum sentimento de que um deles é melhor que o outro ou possui mais verdade do que esse outro.Tão logo exista um sentimento de superioridade ou de comparação, a consciência não se encontrará aberta à unidade e universalidade da verdade.

Você nunca irá encontrar Deus em um livro. Se quiser encontrar Deus, conhecer Deus, você deverá voltar-se para dentro de si mesmo e encontra-Lo no “lugar secreto”. 

Você não poderá ver Deus, mas tomará consciência de Deus dentro de seu próprio ser; poderá perceber e sentir a Sua presença. 

Enquanto os seus pensamentos estiverem no exterior – nas coisas que você vê, ouve, prova, toca ou cheira –você não poderá trilhar o caminho espiritual, o caminho infinito, pois não se pode ver, ouvir, provar, tocar ou cheirar a realidade do ser, a criação de Deus.

O objetivo desses escritos e de todo estudo sobre eles não é apenas obter conhecimentos sobre a verdade. 

O conteúdo das mensagens sobre a verdade do ser é tão simples que até as crianças conseguem facilmente entende-la. Você inclusive irá notar que três quartos de tudo que for lido sobre a verdade ser esquecido, quando aquele senso de Deus como sendo Onipresença tornar-se aparente. 

É este o objetivo de seu estudo: elevar a consciência ao ponto em que aquele senso de Onipresença seja atingido. 

Com esta meta alcançada, o trabalho de cura passa a ser realizado com um sorriso, e não com esforço mental. 

O suprimento, a integridade, a plenitude – tudo isso vem a nós apenas com um sorriso. É um sorriso especial, vindo de Deus, como que conhecendo que aquilo aparecendo como um ser humano é nada, e, ao mesmo tempo é tudo, se visto sob o ângulo da identidade espiritual. 


Habitue-se a conscientizar que o poder, a qualidade, a quantidade e a realidade nunca estão naquilo que está formado, mas que realmente estão no Princípio, Alma ou Consciência que produz toda forma existente.















sábado, 25 de fevereiro de 2017

A REVELAÇÃO DA VERDADE VINDA DO ÍNTIMO DO PRÓPRIO SER

 
 
 
 
 
A missão principal de “O Caminho Infinito” visa o desenvolvimento interior, a revelação da verdade do íntimo de nosso próprio ser. 

A palavra escrita constitui a parte menos importante deste trabalho; o que não é escrito ou falado é o maior ensinamento.

Os mestres humanos são apenas uma ajuda temporária nesse caminho. Somente do interior vem a iluminação que dá a alguém a possibilidade de curar e de ser capaz de ensinar que “o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17: 21), e que você é a expressão de Deus. 

O mestre verdadeiro recebe a inspiração e a iluminação e consegue transmitir por possuir a conscientização de que “eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... o Pai, que está em mim, é quem faz as obras” (João 5:30; 14: 10). 

Portanto, esse “Pai interior” surge como uma Presença impessoal a despertar o pensamento receptivo à divindade do indivíduo. “E serão todos ensinados por Deus” (João 6: 45).

A minha unidade consciente com Deus torna-me um com todos os que são capazes de receber a Palavra nesta Percepção. Sua consciente unidade com Deus o torna receptivo e responsivo a toda verdade. 

Onde houver um pensamento receptivo, Deus fala. 

Onde houver um ser espiritual manifesto, Deus está presente. 

Como Deus manifesta e exprime Seu próprio ser como você, você é tão infinito quanto Deus – não apenas uma pequena parcela de Deus. 

Deus não se divide, mas manifesta, expressa, revela, desenvolve e mostra a Si próprio como você e como eu. É um estado de Cristo-consciência em que Deus fala, Deus se movimenta e Deus age.

Quando eu falo ou escrevo sobre a Verdade, aquilo vem a ser a menor parte da atividade que se passa em minha consciência. Sempre, como um mestre da verdade, a minha Consciência está alerta, desperta e transcende a tudo referente à mensagem da verdade que eu possa transmitir. 

Aquela Consciência, que é a divindade de meu ser, é também a divindade de seu ser; é a sua Consciência divina despertando-o rumo ao conhecimento de sua natureza, caráter e qualidades divinas.

SEGUINDO O CAMINHO ESPIRITUAL

Aqueles que, em certa medida, tiveram a capacidade de receber a luz, certo desenvolvimento e revelação interior, perceberão que devido àquela experiência nunca mais serão os mesmos novamente. 

A partir de então, será como se tivessem tocado um Centro infinito de sabedoria e conhecimento, uma Presença infinita que orienta, guarda, dirige, protege, mantém e sustém. 

Porém, aqueles que estão nesse caminho sem ter tido ainda esta experiência, irão tê-la, pois está escrito: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” (João 15: 16). 

Deus os trouxe a este local de desenvolvimento e não permitirá que se desviem desse caminho até que recebam a iluminação.

Seguir o caminho espiritual, contudo, exige perseverança, pois este não é um caminho fácil. “Porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7: 14). 

Há experiências neste caminho, muitas experiências. Não é um caminho de rosas sem espinhos. Você pode ter imaginado o porquê, após Deus ter-Se feito evidente em sua experiência, de sempre aparecer uma dor ou um sofrimento, um problema ou uma desgraça. 

Mas eu posso testificar que algumas de nossas maiores experiências vêm mesmo após o nosso ingresso nesse caminho, e são exatamente essas experiências que nos forçam a sair do senso físico da existência, rumo à consciência espiritual da vida e da forma.

A trilha espiritual é uma trilha de serviço. Nós somos não somente “servos do Senhor”, mas também servos dos outros que estão juntos no caminho. 

Neste trabalho, não iremos encontrar o mundo esperando para nos servir, mas veremos que na verdade nós é que somos os servos. 

Jesus mostrou-nos essa lição de serviço e humildade quando lavou os pés de seus discípulos. Enquanto nós, na época atual, não somos chamados para servir daquela forma, servimos de muitas outras maneiras. 

Quem conhece homens e mulheres que receberam a iluminação, irá reconhecer que suas vidas são de devoção, não somente a Deus, mas àqueles que lhes vêm em busca de ajuda, que buscam cura ou iluminação.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A PERCEPÇÃO DE QUE "MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO"




“Eu vos digo que, a menos que vossa virtude seja maior que a dos escribas e dos fariseus, de modo algum entrareis no reino dos Céus” (Matheus 5:20)




No sermão da Montanha, Jesus faz uma clara distinção entre o ensinamento do Antigo Testamento, o caminho do “ouvistes o que foi dito aos antigos...” e o novo ensinamento do Novo Testamento de que  “meu reino...” que não é deste mundo – algo diferente de ser meramente uma pessoa humanamente boa e vivendo um padrão de vida que considera dois poderes. 

No Novo Ensinamento proclamado por Jesus havia um afastamento total dos velhos ensinamentos hebraicos: havia um padrão completamente novo que não tomava conhecimento de bem e de mal.

Podemos ter uma noção se estamos percebendo o “Meu reino”, observando nosso grau de reação diante do bem e do mal. 

Quanta alegria há em nossa reação diante do bem, e quanto nos incomodamos com o mal? Em que medida nos tornamos indiferentes ao bem e ao mal humanos?

Há o reino espiritual, e o nele habitar nos tornará completamente imunes, mesmo às boas coisas da vida. 

É só no começo da nossa jornada no caminho espiritual que pensamos que o intuito final é o de melhorar nossa experiência humana, que dobrando nossas receitas teremos uma boa demonstração, ou que termos um coração, fígado, pulmões que funcionam normalmente, ou até perfeitamente de acordo com os padrões humanos, possa representar uma demonstração espiritual e uma indicação de progresso nesse caminho. 

A verdadeira demonstração que observaremos não será simplesmente um aumento monetário ou uma melhoria de saúde, por mais que sejam desejáveis, mas será um renascimento, uma percepção de que “o meu reino não é deste mundo”.

Se quisermos apenas ser humanamente felizes, saudáveis e prósperos, continuaremos a ser cristãos nominalmente, pois seguir à risca os ensinamentos do Cristo cobra um altíssimo preço, um modo de vida restrito e disciplinado. 

É bem verdade que há, de fato, contentamentos interiores indescritíveis e uma paz interior além da imaginação, mas por um bom tempo haverá uma luta agitada da Alma com o pequeno demônio chamado “ego”, uma luta com o sentido pessoal de “eu” e de “meu”.

Somos em grande parte responsáveis pelo estado em que se encontra atualmente nossa vida, não tanto no sentido de termos cometido erros conscientes ou inconscientemente, ou transgressões ou mesmo ofensas voluntárias, e sim por causa de nossa ignorância da vida e de seus princípios, o que nos tornou presa fácil das crenças do mundo. 

Tivéssemos sido corretamente orientados desde a infância, e tivéssemos nós tido o conhecimento da lei espiritual, teríamos aprendido a evitar muitas das discórdias em nossa experiência.

Certamente o volume de problemas que temos se deve à nossa ignorância da vida, e mesmo um pouco de nossa boa sorte pode ter vindo do que o mundo considera fortuna ou circunstância fortuita.

Desde nossos primeiros passos, a conveniência de ser uma pessoa empreendedora, de forte personalidade, dinâmica, que sabe o que quer e vai ao seu encalço, e a importância de obter, conseguir, têm sido impressas em nós. Contudo, essas qualidades podem ser responsáveis por diversos problemas nossos, uma vez que por meio desses traços aquisitivos teremos certamente violado a lei espiritual.

Não só o pão que lançamos às águas volta a nós, mas com bastante freqüência, dependendo de nossa esperteza e amiúde da falta de escrúpulos, manobramos para capturar algo que pertence a outrem e, fazendo isso, violamos a lei e a obrigamos a reagir contra nós. 

Do mesmo modo, sempre que dobramos ou passamos alguém para trás mental ou fisicamente, ou o logramos sobre aquilo que seria do seu direito, nesse mesmo grau também violamos a lei espiritual.

Mesmo aquilo pelo qual tenhamos legal e legitimamente lutado será por vezes a única coisa a nos destruir porque, visto que somos infinitos e de acordo com os ensinamentos de Jesus temos tudo o que o Pai tem,qualquer tentativa de acrescentar algo ao infinito é por si só uma violação da lei de Deus. 

Para estarmos espiritualmente sintonizados e viver de acordo com as leis de Deus, temos de começar por descobrir que tudo o que o Pai tem está incorporado em nós – o pão da vida, o vinho da inspiração -; o inteiro Reino está plantado dentro de nós. 

Então, em vez de começar a vida com a ideia de ganhar, de conseguir ou de alcançar, teremos de reverter isso, e nossa atitude terá de ser a de servir, doar, conceder, repartir e cooperar. 

Teremos de viver fora do nosso egoísmo, na confiança e certeza de que nosso contentamento está em repartir e cooperar. Em tal estado de consciência, nosso ter no plano humano seria o reflexo do repartir e doar.

Toda vez que houver algo ou alguém a ser ganho ou vencido, nome, fama ou fortuna, estaremos de fato a violar o principio espiritual da vida, que é doação. 

Como filhos de Deus, Espírito de Deus feito carne, tudo o que o Pai é, nós somos, e tudo o que o Pai tem é nosso. Aceitar outro modo seria romper a relação de unicidade,como o fez o filho pródigo quando pensou e acreditou que aquilo que tinha fosse dele mesmo, embora lhe tivesse sido doado pelo Pai; viveu uma vida devassa, desperdiçando sua substância. 

O mesmo se dá conosco, mesmo que comecemos a descobrir que Deus é a nossa sabedoria, nosso suprimento, nosso isso ou aquilo, para depois esquecermos de continuar a reconhecer nossa Fonte. 

Em vez de ter gratidão, nós a usamos e reivindicamos como se fosse nossa mesmo, frequentemente desperdiçando e exaurindo o suprimento; ao reivindicarmos alguma coisa como nossa, nós nos excluímos da Fonte, e tal separação resulta em limitação.

Se compreendermos Deus como a Fonte e como nosso SER, não há nada que estejamos gastando – esforços, anos, saber, substância ou força vital, pois inicialmente não são nossos. 

Tudo flui através de nós na medida em que o solicitamos à Fonte Infinita. Acreditar num suprimento limitado se parece bastante com medir o fornecimento de água de uma comunidade pela somatória dos fluxos dos tubos num certo instante, sem levar em conta que há um reservatório próximo, sempre reabastecido pela fonte inesgotável da chuva e da neve.

A convicção de que estamos usando nossa inteligência, nosso saber, nosso esforço, vitalidade e nossos anos vai ao encontro da crença ignorante de que somos alguma coisa por nós mesmos, e de que a duração de nossas vidas poder ser determinada ao usar os setenta anos geralmente aceitos como duração média.

Aprendemos desde o começo da lição que aquilo que Jesus nos deixou claro sobre nossa verdadeira relação com Deus é que não é nossa vida que está sendo vivida, mas a vida de Deus, não é nosso esforço que é usado,mas o Dele, não é nossa compreensão ou suprimento que são infinitos, mas os Dele, e que somos apenas instrumentos pelos quais Deus faz fluir Sua Vida para glorificar a si mesmo.

De há muitos descobrimos que é nossa função viver, não como seres humanos velhos e enfermos, mas como imagem e semelhança de Deus, manifestando Deus no nosso suprimento, no nosso esforço e saber diários.

Não será meritório para você ou para mim se vivermos ate cento e cinquenta anos com a aparência de  cinquenta, na plena posse de todas as faculdades, juízo, inteligência, resistência e saúde. Será Deus glorificando a si mesmo por intermédio de você ou de mim, assim como glorifica a si mesmo por meio do sol, da lua e das estrelas.

"Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento manifesta a Sua Obra". 

Nós não louvamos nem atribuímos mérito às estrelas por serem belas ou ao sol por ser luminoso e quente, ou à lua por refletir a luz. Se glorificarmos alguma coisa, devemos antes glorificar a Deus, que expressou a si mesmo de tal modo.

Assim sempre que mostrarmos adiantamento no caminho da harmonia espiritual, não teremos mérito por este motivo, perceberemos que Deus está manifestando Sua Obra por meio de nós, glorificando a si mesmo como nossa forma, saber e graça.

O Sermão da Montanha nos aponta claramente estes dois modos de vida: o caminho do ouvistes o que foi dito aos antigos.."- o caminho do obter, do conseguir, do lutar pela vida - e o caminho do "eu porém vos digo...", do deixar, do doar e do repousar na "minha paz".  







quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

EU, PORÉM, VOS DIGO

                                                                        

                                        



                                          O sermão da montanha

Bem-aventuranças: anseio por um mundo novo -
* 1 Jesus viu as multidõessubiu à montanha e sentou-se. Osdiscípulos se aproximaram, 2 e Jesus começou a ensiná-los: 3 «Felizes os pobres em espíritoporque deles é o Reino do Céu. 4Felizes os aflitosporque serão consolados. 5 Felizes os mansos,porque possuirão a terra. 6 Felizes os que têm fome e sede de justiça,porque serão saciados. 7 Felizes os que são misericordiososporqueencontrarão misericórdia. 8 Felizes ospuros de coraçãoporque verãoDeus. 9 Felizes os que promovem a pazporque serão chamadosfilhos de Deus. 10 Felizes os que são perseguidos por causa da justiça,porque deles é o Reino do Céu. 11 Felizes vocês, se forem insultadosperseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, porcausa de mim. 12 Fiquem alegres e contentesporque será grandepara vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram osprofetas que vieram antes de vocês



A força do testemunho -

* 13 «Vocês são o sal da terraOra, se o sal perde o gosto, com quepoderemos salgá-lo? Não serve para mais nadaserve só para serjogado fora e ser pisado pelos homens.

14 Vocês são a luz do mundoNão pode ficar escondida uma cidadeconstruída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiroonde ela brilha para todos os queestão em casa. 16 Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu

A lei e a justiça -
* 17 «Não pensem que eu vim abolir a Lei e os ProfetasNão vimabolirmas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existirnem sequer uma letra ou vírgulaserão tiradas daLeisem que tudo aconteça. 19 Portantoquemdesobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmoserá considerado o menor no Reino do Céu. Por outro ladoquem os praticar e ensinarseráconsiderado grande no Reino do Céu. 20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseusvocês não entrarão no Reino do Céu

Ofensa e reconciliação -
* 21 «Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mateQuemmatar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digotodoaquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunalQuem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrioquem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a oferta aí diante do altar, e  primeiro fazer as pazes com seu irmãodepoisvolte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra vocêprocure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal;senão o acusador entregarávocê ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garantodaí você não sairáenquanto não pagar até o últimocentavo

Adultério e fidelidade -
* 27 «Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu,porém, lhes digotodo aquele que olha para uma mulher e desejapossuí-la,  cometeu adultério com ela no coração.

29 Se o olho direito leva você a pecararranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno. 30 Se a mão direita leva você a pecarcorte-a e jogue-a fora! É melhor perder um membro do que o seu corpo todo ir para o inferno.

31 Também foi dito: ‘Quem se divorciar de sua mulher, lhe  uma certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicaçãofaz com que ela se torne adúltera; e quem se casacom a mulher divorciadacometeadultério

Juramento e verdade -
* 33 «Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurefalso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. 34 Eu,porém, lhes digo: não jurem de modo algumnem pelo Céuporque é o trono deDeus; 35 nem pela terraporque é o suporte onde ele apóia os pésnem por Jerusalémporque é a cidade do grande Rei. 36 Nãojure nem mesmo pela sua própria cabeçaporque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. 37Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além dissovem do Maligno

Violência e resistência -
* 38 «Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe  um tapa na face direitaofereça também aesquerda! 40 Se alguém faz um processo para tomar de você a túnicadeixe também o manto! 41 Se alguém obriga você a andar um quilômetrocaminhe dois quilômetros com ele! 42  a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pediremprestado

Amar como o Pai ama -
* 43 «Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! 45 Assim vocês se tornarãofilhos do Pai que está no céuporque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. 46 Pois, se vocês amamsomente aqueles que os amamque recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa?47 E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portantosejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu




Tão logo aceitamos o princípio de que não há nem bem nem mal as pessoas, coisas ou condições, isto é, em qualquer efeito ou aparência, nesse momento começa a aceitação interior que nos leva à vida da Graça, pois agora já não estamos em conflito ou oposição com qualquer pessoa ou coisa. Sempre há escolha entre um caminho e outro, e a escolha e aceitação do caminho são sempre nossas.

Nessa altura, a finalidade da vida torna-se o atingir de um despertar da consciência do nosso verdadeiro Eu; ou, como é dito na literatura mística, a união consciente com Deus -AGORA, união na qual desaparece nosso pequeno eu e fica, intacto, o puro Eu como nossa identidade definitiva e eterna. 

Dentro de cada um de nós está o Reino de Deus. Dentro de cada um de nós está a capacidade de viver na Terra sem lutas, sem ódio ou inveja. Nós, porém, não podemos realizar isso como seres humanos, e é por isso que os nossos amigos nos dizem que esse modo de vida não é praticável: bonito de fato, mas nada prático. 

A aplicação do “eu vos digo...” do Sermão da Montanha é possível apenas quando a pessoa descobre que não vive disso ou daquilo que sejam humanos, mas “de cada palavra que procede da boca de Deus”.

O Sermão da Montanha é um modo de vida impossível para nós, quando nos reconhecemos como meros seres carnais, a menos que tenhamos despertadas as faculdades divinas dentro de nós e que estejamos vivendo mais pela Alma do que pela mente e pelo corpo.

Então, como aceitamos a tarefa de amar nosso próximo como a nós mesmos e a Deus acima de tudo, admitindo em plena humildade que por nós mesmos nada podemos fazer – que não podemos nem mesmo ser bons, pois só há um bom, o Pai, e que nem mesmo existe nada que seja bom ou mau -, estaremos no caminho místico, no caminho da união consciente com Deus.


No Sermão da Montanha, que é a mais sublime mensagem jamais oferecida ao mundo, estão apresentados dois modos de vida diametralmente opostos. Há o caminho do “ouvistes o que foi dito aos antigos...”, caminho que o mundo está percorrendo até agora, e há também o caminho do “eu porém vos digo...”, a nova revelação de um viver pela Graça divina. 

“eu vos digo” é a assertiva completa de que Deus é o Princípio criador, de manutenção e sustento. Esse é o modo de vida místico no qual não somos atores, agentes ou figuras principais, mas em que há a Presença Transcendente e o Poder, que o Mestre chamou de Pai interno. 


No “ouviste o que foi dito...” e na experiência do filho pródigo vivemos sob a lei, até então sob a influência da criação mental do segundo capítulo do Gênesis. 


Quando voltamos ao nosso estado original de puro ser- quando nos reconhecemos como Filhos de Deus - Espírito - à imagem e semelhança de Deus no AGORA, não mais vivemos sob a lei cármica - causa e efeito, mas sob a Graça, sob o “eu porém vos digo...” do Sermão da Montanha.