segunda-feira, 5 de março de 2018

A NATUREZA UNIVERSAL DA VERDADE E DA ILUSÃO- PARTE 1




As escrituras hebraicas profetizavam que o Cristo seria crucificado. Como alguém poderia  predizer a crucifixão  de um homem dois mil anos antes daquilo acontecer? Não se conhece uma boa razão que explique tal evento; porém, esta profecia é encontrada nas escrituras hebraicas. Qual é o sentido dela? O primeiro, e o mais importante ponto a ser compreendido, é que esta profecia não se refere a um homem em particular, mas sim à crucifixão do Cristo, à crucifixão da Verdade.


Os hebreus sabiam, de amarga experiência, que a Verdade seria sempre crucificada quando aparecesse ao pensamento mortal.

A Verdade nunca foi nem nunca será aceita pelo pensamento mortal. Onde quer que apareça, fará surgir a rejeição eclesiástica: “Isto não é ortodoxo; não está de acordo com o nosso ensinamento, não pode ser verdadeiro”.


E a própria análise eclesiástica irá bradar: “Crucifique-o”; desse modo, seguramente poderia ser profetizado, com cem anos ou com dois mil anos de antecedência, que o Cristo seria crucificado, pois, onde quer que toque o pensamento mortal, o Cristo é vítima de crucificação.

O Cristo é a manifestação de Deus; portanto, o Cristo não é um homem. Para os seguidores do Hinduísmo, Krishna ocupa uma posição similar à de Jesus no mundo cristão.

Há, inclusive, os que consideram Krishna apenas como homem, embora tivesse existido um homem chamado Krishna que deu ao mundo um ensinamento espiritual da mesma forma com que um homem chamado Jesus deu ao mundo o ensinamento do Cristo.

O ensinamento de Krishna foi apresentado ao muito muitos mil anos antes do advento de Jesus, e, no entanto, somente Jesus veio sendo identificado como o Cristo, enquanto Krishna foi considerado como um ser físico.

Tanto Krishna quanto Cristo tem o mesmo significado: a presença de Deus feito manifesto – o Verbo feito carne.
O pensamento mortal irá sempre crucificar a Verdade; assim, quando surge um indivíduo com esta visão da Verdade, com esta visão do Cristo, e que com Ele se identifica, pode-se saber que o caminho de sua crucifixão estará sendo preparado.

Provavelmente ninguém captou a visão da Unidade tão claramente como Jesus; e, como ele se identificava com ela, a igreja da época achou que, com sua crucificação, se livraria da confusa Verdade que ele ensinava.
Eu não considero a crucificação ou as perseguições aos santos e místicos como acontecimentos necessários ao mundo.

O ensinamento comumente aceito hoje, pelas igrejas ortodoxas, é o de que Jesus teve de morrer para que fôssemos salvos; entretanto, isso não passa de adaptação do antigo ensinamento dos hebreus, que considerava o sacrifício de animais inocentes como algo exigido por Deus. Tal ensinamento faz de Deus um tirano.

Dessa forma, não sinto hoje que a crucificação ou perseguição façam parte de um plano de salvação do mundo; antes, pelo contrário, penso que aquilo ocorreu para as pessoas que equivocadamente se identificaram como um salvador pessoal, mais do que com o fato de ser, o ensinamento da Verdade, uma manifestação de que Deus, e de ser, cada mestre, somente uma transparência pela qual o como a qual ela estaria aparecendo.
Jesus veio ensinando: “Eu e o Pai somos um”. …”Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma”….”o Pai, que está em mim, é quem faz as obras”….”Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus”.

Os Mestres que personalizarem a Verdade, sentindo-se os responsáveis pela mensagem, sempre sofrerão o peso das perseguições do mundo. O erro deles está na própria colocação como sendo profetas com uma mensagem pessoal.

Jesus foi bem claro nesse ponto, ao declarar: “A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou”. Porém, apesar desta declaração tão clara do próprio Mestre, muitos não a interpretaram corretamente.


A UNIVERSALIDADE DA VERDADE


A Verdade é, A Verdade de toda mensagem sempre existiu e continuará existindo até a eternidade. 

Quando os Mestres captam um vislumbre espiritual dela, o que podem fazer é se tornarem uma transparência para que esta Verdade apareça no mundo. 


De fato, o mundo irá sempre querer se livrar dessa Verdade – querer crucificá-la – mas enquanto os mestres não  identificarem a Verdade de suas mensagens como algo pessoal, enquanto não se colocarem como salvadores pessoais, não serão crucificados. 


Se a mensagem for verdadeira, o pensamento mortal desejará destruí-la, mas não destruirá a mensagem; tentará destruir a pessoa que tenha cometido o erro de acreditar que a Verdade tenha, de algum modo, alguma relação humanamente pessoal com ele.



Sejamos gratos por isso: a Verdade é santa e sagrada; a Verdade é onipresente e em todos os período da história do mundo surgirão aqueles que repetirão esta mensagem novamente. Ela nunca tem sua origem numa pessoa. 

A mensagem que Jesus ensinou é mais antiga que o próprio tempo.. Nem é nova nem é original, sendo uma repetição daquilo que tem vindo através das épocas. 


De tempos em tempos ela chega a nós novamente. Jesus apresentou esta mesma Verdade universal numa linguagem compreensível e aceitável para o mundo ocidental, e é este o valor de seu ensinamento para nós.

Um indivíduo iluminado consegue transmitir a Verdade aos seus discípulos ou alunos imediatos, e por algum tempo ela começa a crescer e ser divulgada; mas, gradativamente, ela começa a perder sua força e significado original. Torna-se uma forma, um credo ou um sistema, pois alguém a organiza e isto selará o seu fim. 

A Verdade não pode sobreviver numa organização, pois, em todas elas existe uma cabeça, e no momento em que houver uma cabeça, deverá haver alguém à mão direita e alguém à mão esquerda. Daí começará a competição e o surgimento da confusão – dissensão e contenda. 


O indivíduo que captou a visão espiritual, aquele que redescobriu a Verdade universal, dá a ela a mais clara linguagem disponível no momento. 


Mas a interpretação daqueles que vêm depois é baseada nas suas diversas bagagens educacionais e regionais, com cada um entendendo a Verdade de uma forma inteiramente diferente. 


O resultado disso será que, após duas ou três gerações, ninguém mais concordará com o que era ou é o ensinamento.
Continua..>







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