No plano humano, a mente é criativa. Ela pode criar o bem e o mal – e os cria.
No plano espiritual, contudo, a mente não é uma faculdade criativa, mas uma larga via de percepção da Perfeição Absoluta.
Se, por exemplo, tivermos uma tela em branco diante de nós, e, em vez de torturar nossos cérebros buscando algo para preenche-la, aprendermos a ficar quietos e esperar, tomando a atitude interior: “Aí está a tela, Pai, pinte o quadro”, nós encontraremos ideias a fluir livremente, e dentro de nossa consciência surgirão as diretrizes do que a nossa mente e nossas mãos irão executar.
Em tal estado de receptividade, as invenções, as descobertas e os projetos na prancheta, ou qualquer ideia que seja necessária, serão desenvolvidos, assim como receberemos habilidade para executar tais ideias.
Assim ocorre porque a sede real da inteligência é a Alma ou Espírito e a Inteligência divina atuando por meio do seu instrumento, que é a mente.
Todo o segredo está em fazer a transição entre uma mente que pensa, projeta e planeja e uma mente que repouse num estado de lucidez do qual possam fluir as ideias divinas.
Contudo, desde a experiência ilusória conhecida como “queda do homem”, ou seja, desde que o homem se reconheceu como carnal – separado do Espírito Único – Deus, a mente tem sido usado como uma faculdade criativa, e é o que está na raiz dos nossos problemas e sofrimentos de hoje.
Assim, quando somos chamados a ajudar nossos familiares, amigos ou os demais, ou mesmo a ajudar a nós mesmos, em vez de tentar mudar as pessoas ou as condições, ou em vez de condenar a nós mesmos ou aos outros, podemos perceber que isso é só mais uma maneira de a mente se nos apresentar.
A ação de curar reside na nossa descoberta de que “a mente não é um poder: a mente é uma larga via de percepção”.
Poderemos observar o quão milagrosamente isso trabalha, sempre que formos induzidos a cometer qualquer tipo de erro, se não o combatermos mas silenciosamente percebermos: “Deus é o grande e único princípio criativo da vida, a fonte de todo Ser. Apenas Deus. Tu não terás outro Deus fora de Mim – nenhum outro poder, nenhum outro criador, mas só Um; só Deus É, e o que me aborrece não pode vir de Deus, e sim da mente. É a mente me apresentando um quadro de algum tipo de carência”.
Aqueles que vivem no Espírito têm vislumbres do Real ou da Criação Espiritual, e são capazes de discernir o homem real, feito à imagem e semelhança de Deus, e de ver que nada jamais interfere na harmonia do desenvolvimento e revelação do homem espiritual.
Contudo, no nível humano, nossa mente governa nosso corpo e todos os aspectos da criação, e os governa para o bem e para o mal.
Num dia nos traz saúde e noutro, a doença; um dia traz a riqueza e outro dia, a carência, pois a mente sendo da Terra é constituída das duas qualidades – bem e mal – , e por isso se manifesta e se exprime por esses extremos.
Até que nos elevemos acima da "mente - pensamento", não poderemos estar acima dos pares de opostos.
Quando transcendemos a mente pensante e tocamos o reino do Espírito, vivemos num estado de consciência diferente. Não mais lançamos mão de afirmações ou negações, remédios físicos ou mentais: agora fazemos contato com o centro espiritual, onde encontraremos a paz, e então achamos ter transcendido a atividade mental do bem e do mal.
Vivemos na aparência uma vida que o mundo chama “normal”, mas que é na verdade um vida espiritual que, em grande medida, é intocada pela atividade da mente sem iluminação.
Corretamente entendida, a mente é um instrumento de Deus, criada por Deus.
Portanto, a mente em si mesma, assim como seus produtos, é só um efeito. Não é causa, mas efeito. Apenas Deus, Alma ou Espírito, é Causa, e o corpo e a mente, efeitos.
Se permanecermos com a verdade espiritual em nossa consciência, nenhum dos males deste mundo se aproximará de nossa moradia, porque a verdade mantida na consciência passa a viver nossa vida.
Vivendo numa atmosfera de discernimento espiritual e preenchendo a consciência com a Verdade, momento virá em que a Verdade assuma a direção da nossa mente e não nos será mais necessário preencher a mente com a Verdade.
A partir daí, será o contrário. Não mais seremos nós a pensar na verdade lembrando, afirmando ou meditando sobre ela: será a própria Verdade a usar nossa mente para se expressar, sempre nos usando, sempre fluindo através de nós.
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