Quando o Mestre Jesus Cristo disse: “Eu, de mim mesmo, nada posso; o Pai em Mim é quem faz as obras”; e Paulo afirmou: “Não mais eu quem vive mas o Cristo vive em mim” – revelaram a quarta dimensão da vida, na qual “não só de pão vive o homem” e nem por sua vontade, esforços ou sabedoria pessoais.
Chega um momento, em nossa experiência, em que já não somos unicamente nós (aspecto humano), senão que alargamos nossa consciência para a percepção de uma Presença interna.
Este momento de transição ocorre quando esta Presença se nos torna real e assume a direção de nossa vida.
A partir desta experiência, não mais ficamos “cuidadosos com a nossa vida”, porque sentimos sempre a proximidade desse Algo – que é o Cristo ou Presença divina – que harmoniza nossa experiência diária.
Nesta experiência de transição, deixamos de ser meramente seres humanos (que elaboram os próprios pensamentos, planejam as próprias vidas e resolvem seus assuntos particulares) para atingir um nível de consciência em que sentimos realmente esta Presença interior.
Vivemos, então, como que separados um pouco de nós mesmos – digamos, uns dois ou três centímetros –passando a observar, como simples espectadores, o modo como estamos vivendo.
Se neste momento estamos na esfera profissional, vemos que nos chegam outros negócios dos quais não somos responsáveis – ou seja: sobre cuja realização não fizemos esforços pessoais. Se somos escritores, músicos, etc., recebemos idéias e temas com os quais jamais havíamos sonhado e que inspiradamente nos chegam do íntimo. Sabemos, então, que não os estamos gerando, mas que são dados por uma Graça interna.
Se estamos empenhados num Trabalho Espiritual, de cura ou pregação, vemos que pacientes e estudantes nos são encaminhados, mas será o Espírito quem os sanará e ensinará.
Compreendemos, então: “Vivo – mas não eu, senão que o Cristo é Quem vive minha vida. Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.”
Em tal estado, convertemo-nos no instrumento consciente de ação da Consciência divina.
Então compreendemos a citação do Mestre: “Não sou eu quem faz as obras, mas o Pai que mora em mim é Quem as faz”.
Jesus queria significar que de seu próprio conhecimento ou esforço ele nada podia fazer, senão que era a atividade da Verdade, em sua Consciência, que tornava possíveis os milagres de cura, de conforto ou de alimentar multidões.
Vimos a ser, pois, o veículo através do qual a vida vive a si mesma ou o mensageiro levando a divina Mensagem. Sabemos que já não estamos vivendo a própria vida, senão que a Presença e o Poder a estão vivendo, fazendo de nossa instrumentação humana o seu modo de expressão ou meio de atividade.
Esta vivência nos permite entender claramente porque o Mestre disse:“Eu e o Pai somos um, mas o Pai é maior que eu”. Não que isto sugira dualidade ou separação, que seria um retorno à crença ultrapassada em um Deus separado do homem.
Já aprendemos que Deus Se manifesta individualmente como Eu e Tu, o que vem mostrar que Eu Sou, Deus, embora sendo um Princípio infinito, universal, divino, da vida, aparece como eu e tu individuais, de modo que, em verdade, “Eu e o Pai somos um”: o Ser interno a exprimir-Se como o indivíduo externo.
Não obstante, todas estas colocações não passam de meras declarações da verdade, até o momento mesmo de nossa transição, em que a experiência interna converte estas idéias em verdade viva, em realidade palpável. Aí estas declarações da Verdade cedem lugar à Presença interna, que se torna uma experiência real.
Ao alçar-nos a este lugar na Consciência, em que o Cristo vive as nossas vidas, constatamos, ao mesmo tempo, que o Cristo mantém e provê nossa existência inteira, suprindo-nos vitalidade, iniciativa, inteligência, amor, persistência, valor e saúde, necessários ao cumprimento de nossas metas.
Ele também nos subministra recursos materiais suficientes, reconhecimento e prestígio, já que, havendo tomado o leme de nossas vidas, pode manejar todas as coisas devidamente, na amplitude de nosso nível, promovendo a realização total de nossa vida. Ele vai adiante de nós, proporcionando transporte, hospedagem, oportunidades e êxito em tudo que empreendemos.
Aqueles que se ocupam do Ministério Espiritual logo verão que este Infinito invisível supre tudo o que é preciso para a completa manifestação da mensagem, posto que “o meu ensino não é meu, e sim d'Aquele que me enviou”.
Tudo o que seja necessário à expressão da Mensagem e, quem quer que seja o inspirado ou Mensageiro, tenhamos a certeza de que será apoiado, sustido e suprido por Aquele que é a Fonte e a Inspiração da Mensagem.
Quer esteja no exercício de atividades comerciais, quer nas artes, numa profissão liberal ou nos deveres do lar, a pessoa inspirada sente-se, de imediato, liberta de toda responsabilidade pessoal, na medida em que o Infinito Invisível se converte na Alma e atividade de seu ser.
Compreendamos, agora, que quando Jesus fala do Pai que está nEle, refere ao Poder e à Presença divina que lhe animaram o sere que constituía o poder curativo, o poder que multiplicou pães e peixes, o poder que apaziguou a tempestade, o poder que ressuscitou Lázaro dentre os mortos.
Da mesma forma, compreendemos o que disse Paulo, quando fala que tudo podia através de Cristo, aludindo ao Poder divino a que chamamos de “o Infinito Invisível”. Foi esse Poder que possibilitou ao “Apóstolo dos gentios” cumprir sua missão de levar a mensagem cristã ao mundo de sua época. Ele recebia desta Presença interna a força, a inspiração, a coragem e todo sustento.
“O Pai que mora em mim é Quem faz as obras” (de Jesus) e o “Cristo que me fortalece” (de Paulo) são um e o mesmo Espírito interno, a mesma Consciência da Verdade que supria o povo prometido como maná, e o guiava “como nuvem durante o dia e coluna de fogo durante a noite”, através da realização de Moisés; que aparecia como tortas assadas sobre a rocha, como corvo trazendo alimento, ou como uma viúva oferecendo alimento, através da realização de Elias; na forma de cura maravilhosa, à porta do Templo, chamada Formosa, pela realização de Pedro e João.
“O mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos, dará também a vida a vossos corpos mortais”.
Joel S. Goldsmith
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