sexta-feira, 27 de abril de 2018

DA LEI PARA A GRAÇA -2




No sermão da Montanha Jesus resume as diferenças entre o judaísmo e os novos ensinamentos, que não eram ainda conhecidos como cristianismo, mas como ensinamentos de um Mestre hebreu, livre-pensador e radical. 

E o que eram os ensinamentos desse homem, que foi sem dúvida o mais iluminado e espiritualmente desenvolvido dos que foram conhecidos, tão iluminado que o mundo de hoje gira praticamente em torno de seus ensinamentos? 

A palavra Graça nos revela o que eles são. 

A Lei veio por Moisés, “mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo”. 

Tais Graças e Verdade representam algo inteiramente diferente daquilo que a Lei representa. E assim, por três séculos após o ministério de Jesus, havia pessoas andando pela Terra Santa, cruzando por Roma e Grécia, ensinando e pregando não a Lei como está assentada na fé judaica, mas algo novo, deslumbrante, algo diferente chamado Graça e Verdade, algo que aos poucos foi sendo conhecido como ensinamento do cristianismo. 

Os primeiros seguidores de tais ensinamentos eram chamados judeus-cristãos, pois eram judeus seguidores do Cristo. De fato naqueles tempos iniciais apenas aqueles que eram judeus podiam tornar-se cristãos.Porém, finalmente Paulo e Pedro perceberam que os ensinamentos de Cristo eram bem mais que apenas um novo tipo de judaísmo. Eram algo único, algo separado e distinto em si mesmo, e aos poucos a não mais ser necessário ser antes hebreu para se tornar cristão, a circuncisão não foi mais necessária e outras práticas venerandas foram abandonadas. 

Os discípulos começaram a pregar para os gentios, avisando que os ensinamentos de Cristo eram universais pela sua própria natureza, até que chegou o dia em que até os pagãos de Roma e da Grécia, ou qualquer um, independentemente de sua origem, poderia, se o quisesse, se tornar cristão. E essa foi, durante séculos, a condição do ensinamento cristão, quando então ocorreu em dos eventos mais estranhos da história do mundo. 

Organizou-se uma igreja que adotava todos os ritos e rituais egípcios e de outros pagãos da época, que aceitava integral e literalmente o judaísmo conforme ensinado no Velho Testamento e que desprezava todos os ensinamentos cristãos, menos o nome do seu Mentor,e que passou a chamar a si mesma de Igreja Cristã. 

E o que aconteceu com os ensinamentos de Cristo quando foram organizados? Estaria tal Igreja a praticar o ensinamento de Jesus “não resistais ao mal” ou estaria ainda apegado ao velho ensinamento “ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente”? 

A prática do verdadeiro cristianismo eleva o homem adâmico, que exige vingança sobre seu inimigo, do estado de consciência da lei cármica - da mente para a outra consciência da Graça e da Verdade, que revela um Deus de amor no lugar de um Deus de vingança e punição. 

O Deus que Jesus revelou foi de natureza totalmente diferente da do Velho Testamento, e, no trecho do Sermão da Montanha em que aborda a lei cármica, Jesus ensina que o pecado é em si a própria punição, mas não faz nenhuma referência a um Deus que pune. 

Explica claramente que, assim como fizermos aos outros, assim será feito conosco, não por Deus, mas de acordo com a lei cármica - lei da mente do “o que semeares colherás”, sob a qual vive todo ser que se reconhece como humano. 

Nossas ações amorosas revertem sobre nós como amor e nossas ações más retornam sobre nós como efeitos maus, pela própria ação em si mesma. Pelo nosso estado de consciência movimentamos a ambos, o bem e o mal.“Com a medida que medires serás medido”, não por Deus, mas pela lei. 

Quando odiamos estamos invocando a lei, assim como quando amamos; quando doamos ou repartimos, invocamos a lei, assim como quando ficamos apegados às coisas. 

De qualquer modo, a natureza é testemunha da veracidade dessa lei. Por exemplo, se um fruto não foi colhido ou removido de algum modo da árvore, esta terá dificuldade em frutificar de novo. Não acusaremos Deus por isso. Deus não pune a árvore. É lei na natureza que a árvore deva dar seus frutos para poder continuar a dar mais frutos. 

Assim, sem doarmos, cedermos ou entregarmos os bens, nos tornaremos estéreis, pois a lei diz: “Aquilo que semeares colherás”. E essa lei de semear e colher se aplica tanto aos indivíduos como às nações. Não há meio de evitar os efeitos primitivos das más ações – não que haja um Deus que esteja a cuidar disso, mas porque essa é a lei cármica -lei da mente humana - que é posta em ação pelo agir de cada um. 

Tudo isso Jesus revelou na parte do Sermão da Montanha em que disse: “Ouvistes o que foi dito...” 

Mas Jesus nunca ensinou que Deus pune, nem mesmo ao ladrão na cruz, nem à adúltera e nem ao cego de nascença. Sempre em nós mesmos somos nós que o trazemos, e não Deus que no-lo inflige. 

Quando o cristianismo se tornou algo organizado,adotou o ensinamento de um Deus punitivo do Velho Testamento, talvez na vã esperança de amedrontar as pessoas para que ficassem boas; porém, o que de fato ocorre é que o mesmo ensinamento, longe de impedir que se faça o mal, é provavelmente responsável por muitos dos pecados cometidos hoje no mundo. 

Os que fazem o mal logo descobrem que não há nenhum Deus que lhes faça qualquer coisa, e essa evidência tampouco os convence de que Deus os punirá um dia pela omissão e pela perpetração. Se ao homem fosse ensinado que é o mal feito que é a própria punição em si, compreenderia a interpretação de Jesus, o Cristo, da lei cármica, e estaria então preparado para aceitar e Seu ensinamento maior de como superar a lei. 

É possível superar a lei cármica - lei mental humana, varrer todas as punições de nosso enganos anteriores e viver sob a Graça, mas isso não pode acontecer com nenhum individuo ou com o mundo até que a lei cármica, como o Mestre a explicou, seja aprendida e compreendida. Os feitos carregam em si o seu próprio prêmio e o seu castigo, e não é necessário que haja um ato manifesto, pois o ato em si é apenas a manifestação do pensamento que o gerou. 
Assim, por exemplo, não e necessário roubar para trazer sobre si os efeitos da lei cármica - lei da mente , basta pensar em roubar, e de fato nem mesmo isso é não necessário – o simples desejo cobiçoso de algo que alguém possua é suficiente para acionar a lei cármica. Não e necessário ferir uma pessoa – ficar irado com ela é o bastante para trazer a lei sobre si. 

As pessoas que estão num estado grosseiro de consciência não notam a repercussão da lei cármica - mente humana, tão rapidamente como aqueles que estão no caminho espiritual, que sofrem mais por infrações menores do que aquelas por faltas maiores,pois têm maior percepção do que é certo e do que é errado, e o menor desvio do caminho já aciona a lei. 

Para superar a lei cármica- causa e efeito, é necessário em primeiro lugar o reconhecimento de sua existência – que o mal que pensamos ou fazemos tem efeito sobre nós - , e tal descoberta nos impedirá de culpar alguém ou algum conjunto de circunstâncias por qualquer dilema em que venhamos a nos encontrar. Começamos a ver que só nós somos responsáveis. 

Não há um misterioso Deus em alguma parte a atirar nosso erros contra nós, e sim nós mesmos determinamos os resultados da vida, e compreendemos que provocamos o bem e o mal que nos acontecem. Isso nos leva a não mais culpar ou condenar a outrem, a descobrir que ocorreu alguma mudança em nós;descobrimos que o estado de consciência que nos levou a agir erradamente, por descuido, impensada ou mesmo involuntariamente, pode ser mudado. 

Muito rapidamente aprendemos o que Paulo descobriu – que há dois seres em nós. Cada um de nós é de fato dual; um é uma criatura que não está sob a lei de Deus, e outro é o Filho de Deus, que tem o Espírito do Pai morando nele: “O bem que eu quero, eu não faço, mas o mal que não quero, eu faço”. 

Parece haver dois de nós, um aborrecendo o outro – um que sabe o que é certo e o outro lutando contra ele; um que quer ser um homem perfeito e o outro que, por um ou outro tipo de limitação, não o pode conseguir. 

Quando percebemos que há um filho de Deus em nós,embora o filho pródigo esteja ainda lutando para sobreviver, começamos a compreender a guerra entre o Espírito e a carne. 

O filho pródigo, ou o homem adâmico - que se reconhece como carnal, que vaga pelo mundo desperdiçando sua substância para, finalmente, mergulhar no abismo da degradação, o que é simbolizado pelo repartir a comida com os porcos, outro não é senão o filho e herdeiro que mais tarde veste a túnica de púrpura e o precioso anel. 

Não se trata de dois homens diferentes, mas do mesmo homem que ora julga-se como carne e que ora se reconhece e se percebe como Espírito à imagem e semelhança de Deus. 










quinta-feira, 26 de abril de 2018

DA LEI PARA GRAÇA - 1


A qualquer momento, não importa que seja aos nove, aos dezenove ou aos noventa -, nós podemos empreender o retorno à casa do Pai. 

Não nos esqueçamos, porém, que podemos voltar ao estado edênico e continuar sendo a mesma pessoa que éramos ontem, com todas as nossas virtudes e falhas humanas – vacilando constantemente entre o bem e o mal. 

Nossa virtudes humanas não garantirão nossa entrada do Éden mais que nossas falhas. Temos de largar a ambas, falhas e virtudes, e vestir o manto do Cristo, subindo para além da criação mental do segundo capítulo do Gênesis, que nos acorrentou à lei do bem e do mal.

“A lei foi dada por Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus, o Cristo.”

Por centenas de anos antes de Moisés, os hebreus viveram um estado de servidão, com pouca ou nenhuma oportunidade de progredir em educação, cultura, religião, artes ou ciências. E sob tais circunstancias não é de se admirar que vivessem com um senso moral pouco desenvolvido. Para esse povo, Moisés representou um modo de vida elevado, a espinha dorsal daquele que traria, mais tarde, os Dez Mandamentos.

Se tais mandamentos fossem observados, a pessoa seria considerada o melhor tipo de cidadão que se pudesse esperar, e, mais ainda, se observasse as leis da dieta e alguns outros poucos costumes, mereceria o titulo de Bom Hebreu. 

Se a lei fosse desobedecida, todo contraventor poderia esperar ser apedrejado ou excomungado. Pouca ou nenhuma ideia de amor estava incluída em tais ensinamentos. Eram ensinamentos estritamente sobre as leis éticas e morais. Um senso moral ou ético tão grande quanto deveria ser, contudo, é só um passo no caminho para a conscientização espiritual.

Enquanto alguém viver na estrita observância dos Dez Mandamentos poderá estar a “eons” de distância da vida espiritual, pois a verdadeira vida espiritual é vivida acima dos pares de opostos.

Quando veio Jesus, ensinou um novo modo de vida que não trazia a preocupação básica de trocar o sentido negativo da vida pelo positivo, mas o de elevar-se acima de ambos, positivo, para o plano espiritual. 

Não podemos esquecer que, como Mestre hebreu, dentro da igreja hebréia organizada, Jesus estava autorizado a falar e orar sobre as suas bases; nem podemos esquecer que aquilo que Ele pregava não era chamado de cristianismo, pois não havia cristianismo. 

Jesus não pregava para cristãos, que não existiam. Ele era um Mestre hebreu pregando para hebreus. Mas aí ocorreu um milagre. Esse homem Jesus recebeu uma iluminação que lhe trouxe um ensinamento religioso completamente novo, algo que até então era absolutamente desconhecido pelos hebreus. Com isso Ele foi muito além da lei cármica do Velho Testamento, por meio de seus ensinamentos sobre um Poder Único.

Ao ensinar tal revelação para homens e mulheres do seu tempo, os libertou de todo ritual e dogma; tão livres os fez que a igreja não o tolerou e nem aos seus ensinamentos.

O que muitos homens, mulheres e doutores da lei do tempo de Jesus puderam sentir foi ódio e medo por um dos seus que virara de ponta-cabeça algumas das práticas mais tradicionais e mais queridas, como a exigência de se fazerem peregrinações anuais a Jerusalém, com o propósito de pagar tributos e como observância dos rituais.

O grande afastamento de Jesus dessas observâncias era uma crítica silenciosa e uma condenação daquilo em que eles haviam posto sua confiança por tanto tempo.

Jesus trouxe para a luz a verdade de que a bem-aventurança espiritual não tem relação alguma com a rígida observância de qualquer forma exterior, mas tem a ver com a Percepção Espiritual desenvolvida pelo indivíduo. 

Jesus pregou uma nova dimensão de vida, uma consciência maior que implicava a morte das velhas crenças. Explicou que o vinho novo não pode ser colocado nos odres velhos, isto é, que esse novo enfoque não poderia simplesmente ser acrescido ao velho modo de vida hebraico, mas que este deveria ser trocado pelo novo, uma vez que eram contraditórios. 








terça-feira, 24 de abril de 2018

TRANSCENDENDO CONDICIONAMENTOS, JULGAMENTOS E CRENÇAS PARA RECEBER O IMPULSO DIVINO



O Princípio básico, o Criador, a Substância da Vida, é Deus, Alma ou Consciência, enquanto a mente é o instrumento pelo qual a ação de Deus se manifesta; a mente, pois, corretamente compreendida e utilizada, é um instrumento de Deus.

Quando a mente está aberta para receber o impulso divino, por ela fluem formas harmoniosas e perfeitas. 

A partir de Adão, ou seja, ao se reconhecer como humano, houve a aceitação  da crença do bem e do mal, e a partir desse momento, em vez de ser um puro instrumento da Alma, a mente começou a se materializar em formas concretas, ora boas, ora más, exatamente como se fosse um molde de onde, independentemente do perfil da forma, se reproduzem as peças. 

Se houver o mal na mente, aparecerão formas más e, ao contrario, se houver o bem, aparecerão formas boas. A mente produz a sua própria imagem e semelhança, e, se nós que nos colocamos por trás da mente permitirmos que seja preenchida com superstições, ignorância ou medo, tudo quanto se origina na crença em dois poderes, será pois isso tudo que a mente produzirá em nossa vida.

A mente ou pensamento humano é a substância de toda forma de pecado, de doença, da morte, de falsos apetites, de carências, limitações, da guerra e seus corolários e de todas as outras coisas listadas sob o nome de mal. A mente preenchida com pensamentos errôneos, medo, ódio, injustiça, luxuria ou malícia se mostrará externamente como desarmonia e discórdia.

Por outro lado, uma mente imbuída de bons pensamentos – caridade, pureza, benevolência, cooperação, etc.- aparecerá externamente como vida boa.

É a lei cármica consignada na Escritura: “O que quer que o homem semeie, isto também colherá”.

A mente, no estado de não-iluminação, cheia de crenças materialísticas, teorias, opiniões, doutrinas e credos, só pode manifestar seu estado de caos; porém, se estiver livre de tais crenças, torna-se um instrumento com o qual o Princípio criador da Vida pode fluir em formas eternas e harmoniosas.

A aparência externa é sempre formada pela mente. O que semearmos mentalmente, colheremos materialmente.

A matéria é matéria somente quando a consciência está num estado de materialidade, mas, uma vez que nos elevemos para o estado mental, a matéria já não é matéria, e sim mente.

A mente é a substância e a essência de que é feita a matéria, que nos mostra como forma ou como efeito. O Pensamento é o princípio, a vida e a lei de toda forma material ou mental.

Esse não é um conceito fácil de compreender, mas, se tornarmos um exemplo e traçarmos uma analogia entre tudo isso e uma substância com que estamos familiarizados, poderemos clarear as idéias.

A cominação de duas partes de hidrogênios com uma de oxigênio é chamada água; ela pode ter a forma física de vapor ou de gelo e, embora as três formas físicas sejam diferentes, a essência permanece a mesma, ou seja, dois hidrogênio e um oxigênio.

Da mesma maneira, a mente é a substância básica, mas matéria é o nome dado à mente quando toma forma. 

A mente/pensamento aparece de várias formas: a carne é uma delas, o sangue, o osso, o cabelo, etc., são outras; mas todas são mente tornada visível, aparecendo daquele modo específico. Numa forma é carne, noutra é osso, cartilagem, sangue, cabelo ou pele; mas a substância ou essência é sempre a mente.

A mente atua como pensamento; a mente aparece como coisas; e nesse sentido ela á a essência da criação, como descrito no segundo e terceiro capítulos do Gênesis - citado nas postagens anteriores.

Assim, se a matéria é mente, um processo mental pode mudar o produto, a matéria.

A mente, a sua ou a minha mente, se imbuída de verdade espiritual, torna-se um instrumento por meio do qual Deus aparece e se manifesta, e aparecendo Ele se torna o corpo do nosso mundo exterior. 

Por isso, nunca vivemos num mundo material, rodeados por matéria, porque Deus, Ele mesmo, a Verdade na sua e na minha consciência, é a única substância, e essência do nosso mundo.

Quando Deus ou Alma se torna nossa atividade mental e aparece como forma, toda forma é espiritual, e pode ser multiplicada. 

Quando nos elevamos além do nível da mente pensante, até o Silêncio onde está o Eu, Deus se torna a atividade e a substância, aparecendo então como matéria ou forma.

Por exemplo, em cada milagre relatado nos quatro Evangelhos, foi a consciência de Jesus, o Cristo, que apareceu externamente como saúde e harmonia, e como uma infinidade de pães e peixes. 

Pães e peixes não são matéria; saúde e riqueza não são matéria: foram formados da consciência. Uma vez que a mente esteja permeada de Verdade, a verdade é a substância e a essência das formas manifestadas, e então as formas podem ser multiplicadas, mas o podem apenas por não serem materiais.

Houve um tempo em que havia só um bilhão de pessoas no mundo. Hoje somos quatro bilhões, mas não há mais Deus na terra. Aqui está o mesmo Deus, a mesma vida, mas o que aconteceu foi que a mente multiplicou as formas, não as dividiu. Trata-se do mesmo princípio que atuou quando Jesus fez o milagre dos pães e dos peixes.O que Ele fez foi multiplicar as formas visíveis para satisfazer o sendo de necessidade daquele momento particular. 

Só há Espírito, e suas formações espirituais; a mente, como instrumento do Espírito, forma e governa a si mesma como forma esboçada, e isso é chamado matéria ou forma física. É de fato mente, pois a matéria pode ser reduzida ao mental, e eventualmente, de volta até o espiritual; mas é mente que se nos apresenta como forma finita, e é ela mesma que gera essa forma. A mente até mesmo transformará esse corpo e o suprirá. A mente formará para nós tudo o que nos pareça necessário e, todavia, nada de novo será acrescentado à criação.

Quando a mente trabalha em seu próprio nível, aparece como bem ou mal, ou ambos; ao passo que a mente,dirigida pela Alma ou Deus, aparece só como um Universo harmonioso. Isso não significa que se pensarmos só bons pensamentos aparecerá nosso universo perfeito, espiritual; significa que quando nos elevamos acima da mente e do pensamento, para dentro do reino do Silêncio, da Alma ou de Deus, então ela se manifesta como nossa identidade espiritual, nosso ser, corpo e universo.

Quando você e eu permitimos que nossas mentes sejam preenchidas com ignorância, superstição e egoísmo, tais mentes produzirão sua própria imagem e semelhança, que será refletida para fora como os pecados e as doenças do mundo; mas quando a mente é purificada, de modo que se torne um instrumento da pura Alma,então a mente produz a imagem e semelhança da Alma, que é perfeição espiritual, “conforme as regras mostradas para ti no Sermão da Montanha”.

As criações de Deus são incorpóreas, espirituais e infinitas, não físicas, materiais ou finitas. Deus é Espírito, e por isso o Universo de Deus, o Corpo de Deus, são espirituais.

Contudo, como as criações de Deus se apresentam aos nossos sentidos humanos, elas parecem ser físicas, materiais e limitadas. 

A razão dessa anomalia é que nossa mente, no seu estado não iluminado, interpreta apenas aquilo de que podemos tomar ciência por meios dos nossos sentidos.Nós não podemos contemplar aquilo que É,contemplamos a interpretação da nossa mente.

Por exemplo, se houver um jarro de rosas amarelas na sala, você e quase todos os que estiverem na sala poderão vê-las como amarelas, mas por daltônico elas poderão ser vistas de qualquer outra cor; ou, enquanto tais rosas poderão parecer para você maravilhosas, poderão desencadear um ataque em outra pessoa.

Está claro que não é aquilo de que tomamos ciência que é importante, mas como a mente interpreta o que passou pelos sentidos. Existem artistas cuja interpretação das rosas pode nos deslumbrar por serem capazes de perceber um substrato de verdade espiritual nelas, enquanto nós vemos apenas suas formas e cores finitas.

Alguns de nós poderão visitar uma galeria de arte, olhar para os quadros e chamá-los de borrões de tinta, enquanto outros poderão olhar as mesmas telas e viver um êxtase, porque sua compreensão desenvolvida da arte, seu conhecimento de linhas e cores, poderão apreciar e ver o que o artista viu quando colocou sua interpretação na tela.

Se tivermos cultivado qualquer apreciação no campo das artes, poderemos ficar diante das telas do artista totalmente cientes daquilo que ele colocou ali; mas, se nossa mente não tiver conhecimento da arte, nós não veremos nada, a não ser manchas de tinta.

Quando nossa mente está livre de julgamentos,podemos olhar para este mundo e nos regozijar com o céu, o ar, a terra, o mar, o sol, a lua e as estrelas; mas,se a mente estiver cheia de conceitos materiais, nos perguntarmos, como um amigo meu anos atrás: “Eu não vejo por que as pessoas viajam. Há apenas dos tipos de terra: ela sobe, e a chamam montanha; ela desce, e a chamam vale. Ou, se for úmida, a chamam água. O que pode alguém ver numa viagem? Qual o diferença entre um lugar e outro?”

Raramente vemos o que está diante de nós, tudo o que observamos no mundo, nós o vemos através dos olhos da nossa experiência – a atitude de nossos pais diante da vida, nossas raízes raciais e religiosas, nossa herança nacional, nosso meio próximo, nossa educação e as experiências acumuladas depois da vida escolar.

Tais conceitos são formados por influências pré-natais, pelo meio próximo, a educação e as experiências pessoas, que fazem de você e de mim os seres humanos que somos.

E assim, se o nosso mundo é um mundo de pessoas amargas, desagradáveis e ríspidas, é por causa daqueles quatro fatores que nos condicionaram nossa interpretação daquilo que encontramos pela vida.

Por outro lado, se encontrarmos um mundo de pessoas cooperadoras, compreensivas e amáveis, será provavelmente devido ao nosso padrão particular de referências.

É certo que onde nós estamos está de fato o reino de Deus. Tudo que está no Céu está na terra. Mas, se nós achamos um inferno ou um paraíso, depende de estarmos vendo a terra através de uma visão espiritual ou material. A interpretação mental da experiência determina se é paraíso ou inferno.

Olhamos para as criações de Deus por meio do instrumento da mente, e as formas que vemos assumem a cor e a natureza com que a mente as interpreta.

Quando uma pessoa nos diz: “tenho um corpo doente” ou “tenho uma mente pecadora”, ou “tenho a carteira vazia”, ela está contemplando a criação por um sentido limitado, material, finito. 

Se pudermos ignorar o que a pessoa está vendo, sentindo e experimentando, e descobrir que nossa mente é apenas o intérprete, se pudermos ficar suficientemente silenciosos de modo a podermos registrar o quadro verdadeiro, então, no Silêncio, poderemos ouvir: “Tu és meu filho, meu filho bem amado no qual me aprazo”, ou: “Este é de fato o reino de Deus”, ou: “Tudo o que tenho é teu”.

Em outras palavras, nos virá a certeza de que tal cena como foi interpretada pelo sentido mortal, está incorreta; e, no Silêncio, aquilo que é Real nos é revelado.

Uma pessoa se debatendo com um problema está julgando pelas aparências, e sua mente está interpretando seu mundo à luz dos condicionamentos pré-natais, do meio, da educação e das experiências pessoais. 

Ao contrário, se a mente interpreta a cena por intermédio da pura atividade da Alma, todo julgamento é posto de lado, enquanto do Silêncio nos vem: “Pai, não tenho julgamento. Espero o Teu juízo”E, em tal humildade, a visão espiritual é que ilumina a cena.

No plano humano, a mente é criativa. Ela pode criar o bem e o mal – e os cria. No plano espiritual, contudo, a mente não é uma faculdade criativa, mas uma larga via de percepção da Perfeição Absoluta. 


Se, por exemplo, tivermos uma tela em branco diante de nós, e, em vez de torturar nossos cérebros buscando algo para preenchê-la, aprendermos a ficar quietos e esperar, tomando a atitude interior: “Aí está a tela, Pai, pinte o quadro”, nós encontraremos ideias a fluir livremente, e dentro de nossa consciência surgirão as diretrizes do que a nossa mente e nossas mãos irão executar. Em tal estado de receptividade, as invenções, as descobertas e os projetos na prancheta, ou qualquer ideia que seja necessária, serão desenvolvidos, assim como receberemos habilidade  par executar tais ideias.





sábado, 21 de abril de 2018

A MENTE QUE ESTAVA EM CRISTO JESUS




Todo o nosso trabalho volta-se para alcançar aquela mente que estava em Cristo Jesus. Aquela não é uma mente que pensa , não é uma mente que raciocina , embora em nossa atividade humana cotidianas pensemos e raciocinemos . 

A principal função da mente , porém , é ser uma avenida de percepção , um instrumento pelo qual nos tornamos cônscios da presença de Deus. É então a mente transcendental ou descondicionada. 







sexta-feira, 20 de abril de 2018

AS FORÇAS DA ALMA





As forças da Alma são mais reais e tangíveis do que qualquer poder material da natureza ou da capacidade inventiva. Elas trabalham num nível mais elevado de consciência, mas se tornam visíveis nas coisas chamadas de humanas. 


As forças da Alma agem sobre o corpo humano para produzir e manter a saúde e a harmonia. 

Permeiam todos os caminhos da vida quotidiana com influências protetoras e são a fonte de suprimento infinito. 

As pessoas deste mundo que são conscientes de sua Alma vivem uma vida interior de paz, de contentamento e domínio, e uma vida exterior em completa harmonia consigo mesmas e com o resto do mundo dos homens, dos animais e das coisas. Estão sintonizadas com seus poderes da Alma, e isto constitui sua unificação com toda a criação. 

Todos podemos ter acesso à Alma. Ela jaz nas profundezas íntimas do nosso próprio ser. 


desejo de realizações mais elevadas da vida é o primeiro requisito, e, a partir daí, deve-se manter uma constante orientação para o próprio interior até que a meta tenha sido alcançada. 


Um bom começo pode ser a percepção da verdade que há muito mais na existência humana do que saúde física e suprimento material. 

Quando temos o vislumbre do fato de que mais dinheiro, mais casas ou automóveis não constituem o suprimento, que mais viagens não são recreação, que a 
ausência de doença não significa necessariamente saúde — em outras palavras, que "meu reino não é deste mundo" —, estamos na direção correta para descobrir o reino da Alma. 








quinta-feira, 19 de abril de 2018

NÃO EXISTE PODER OU PRESENÇA NAQUILO QUE SE MANIFESTA COMO ADVERSÁRIO



Vamos supor que alguém te telefone e diga: Estou doente. Ajude-me. Pois bem: até agora, quando te dizia:Não me sinto bem, provavelmente negarias isso, mas daqui por diante vamos aprender a não mais negá-lo. 

Não vamos levantar uma parede diante da doença. Ao invés disto, responderemos: De que se trata? De algum poder? De alguma realidade? Ou todo o poder está na consciência do individuo, que é a lei da saúde? E esse tumor, essa dor, ou essa carência, constituem alguma lei? Não. Naturalmente que não.

Desde o momento em que comecem a pedir-nos ajuda, esta deve ser a nossa atitude, a nossa compreensão. Poderemos encontrar-nos dizendo a nós mesmos: E daí? Ou alguma coisa semelhante que nos ajude a concordar com o adversário. 

O princípio de cura é o seguinte: Entra em acordo sem demora com o teu adversário. Não poderás combater coisa alguma com que estiveres de acordo. 

No momento em que te empunhes em luta ou combatas qualquer afirmação errônea que se te apresente, estarás acirrando o ânimo do teu adversário, ao invés de te reconciliares com o que se te afigura um erro mas, na realidade, não passa de uma ilusão – se é que pode haver realidade numa ilusão. 

No instante em que combates ou atacas qualquer erro como algo que precise ser removido, tu o estás ajudando a firmar-se, e então ninguém sabe quanto tempo a cura levará. 

As curas instantâneas se realizam quando o curador está cônscio ou convicto de que não existe poder ou presença na suposta manifestação do erro.

Haverá tal coisa como possibilidade de cura enquanto estivermos pensando em cura ou tentando curar doenças ou seja o que for? 

A cura resulta do reconhecimento de que a Consciência individual é Deus, ou que Deus é a Consciência do indivíduo. 

A Consciência do indivíduo é a Lei que determina o estado em que ele se encontra externamente. 

Em linguagem bíblica: "Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo".

A Consciência de Deus – a Consciência do indivíduo -, é sempre a lei, é sempre a presença, é sempre a realidade. 

Tudo o que aparece exteriormente não passa de efeito e, como tal, não pode ser a lei. Como efeito, não pode ser causa. Como efeito, não pode ser poder. Nenhum efeito pode ter poder sobre outro efeito. É lei espiritual. 

A Consciência é todo o poder. Todo poder vem do Alto. Deus deu domínio ao homem. 

Em outras palavras: Deus, a Consciência universal, deu ao homem, isto é, à consciência espiritual individualizada, todo o poder sobre todas as coisas que existem no reino dos efeitos quer seja uma pequenina flor ou em planeta, no céu.







quarta-feira, 18 de abril de 2018

FORA DE SI MESMO NINGUÉM PODE VER OU ACHAR DEUS




Por muitos séculos, a atenção foi focalizada em Jesus Cristo como o Salvador do homem, e ao longo deste século o sentido espiritual da vida oscilou entre dois extremos, entre a luz e as trevas. 

Um mestre do século XVI escreveu: "Cristo (Jesus) chamou a Si mesmo de Luz do mundo, mas completou dizendo que Seus discípulos também eram a Luz do mundo. Todo cristão em quem esteja vivo o Espírito Santo, isto é, os verdadeiros cristãos, são um com o Cristo em Deus e são como o Cristo (Jesus). Portanto, eles terão experiências semelhantes, e o que Cristo (Jesus) fez, eles também farão". 

Nossa tarefa é descoberta do Cristo na própria consciência. Reconhecemos com alegria e amor profundo o quanto do Cristo foi alcançado, não só por Jesus, mas por muitos videntes espirituais e profetas de todos os tempos. 

Nosso coração está cheio de gratidão pela revelação do Cristo para tantos homens e mulheres de nossos dias. 

E olhamos agora para a frente, para a realização do Cristo em nossa própria consciência. 

"O reino de Deus está em vós, e aquele que o procura fora de si mesmo nunca o encontrará, pois fora de si mesmo ninguém pode ver ou achar Deus; pois aquele que procura Deus, em verdade já O tem."





terça-feira, 17 de abril de 2018

A CHAVE INTERIOR




No momento em que você toca está Chave interior, esse Ser interior, Ele espalha- se por todo o mundo para aperfeiçoar e desempenhar aquilo que é necessário para o cumprimento da sua demonstração. 

Se for necessário fazer um contato com alguém na Ásia a fim de traze- lo até você . Ele o fará. 

Se for necessário fazer um contato com algum vizinho, se você precisar de um professor ou de um livro, se for para proteger do perigo ou abrir caminho para você quando você estiver dirigindo, Ele fará todas essas coisas.







segunda-feira, 16 de abril de 2018

REERGA-SE ACIMA DA LEI DE CAUSA E EFEITO





Jesus revelou que a lei básica do Carma é: "como semeares , assim colherás", mas também esclareceu um caminho seguro e certeiro para nos erguemos acima da lei de causa e efeito , e que é adicionar a causa - fazendo nada , pensando e sendo nada, por nós mesmos . 

Por exemplo , se orarmos com algum objetivo ou propósito em mente , vamos provavelmente produzir um efeito de acordo com o objetivo inicial . 

Mas se orarmos sem objetivo específico, apenas para a realização de Deus , nós não teremos acionado uma causa e não teremos um efeito. Apenas teremos a Deus mesmo se manifestando com a harmonia em nossa vida. 









domingo, 15 de abril de 2018

DISCERNIMENTO ESPIRITUAL





Certa ocasião , dando aulas em Portland, Oregon, realizamos uma série de reuniões de meditação durante seis dias . 


Cada dia, depois de nossa meditação, era dada aos estudantes uma passagem a Bíblia para que sobre ela pensassem conscientemente, ponderassem e trabalhassem espiritualmente durante vinte e quatro horas , até nos reunirmos novamente. 

Os frutos do trabalho daquela semana certamente não serão esquecidos por mim e estou certo de que existem outros em Portland que se lembrarão por muito tempo do efeito na experiência de muitos . 



Aqui estão as passagens usadas naqueles seis dias.




Primeiro dia. 

Confia no Senhor de todo o teu coração; e não te estribas no teu próprio conhecimento . 
Reconhece- o em todos os teus caminhos e ele endireitará as tuas veredas. 
Provérbios, 3,5,6. 

Segundo dia. 

Mas Jesus lhe respondeu : Está escrito : Não só de pão viverá o homem. 
Lucas ,4,4. 

Terceiro dia. 

Tu , Senhor , conservarás em perfeita paz aquele cujo o propósito é firme ; porque ele conta em ti. 
Isaías, 26,3. 

Quarto dia. 

Deixo- vos a paz , a minha paz vos dou ; não vo- la dou como dá o mundo. Não se turbe o vosso coração , nem se atemorize. 
João , 14, 27. 

Quinto dia. 

Na tranquilidade e na confiança está a vossa força. 
Isaías 30, 15. 

Sexto dia. 

Nesse ínterim, os discípulos lhe rogaram dizendo: Mestre come. Mas ele lhes disse : Uma comida tenho para comer , que vós não conheceis. 
João , 4, 31,32. 

Depois de ter lido essas passagens , sugiro- lhe que a partir de segunda - feira tome o primeiro trecho citado para as primeiras vinte e quatro horas , o segundo para o segundo dia e assim por diante durante a semana inteira. 

Repita isso três ou quatro semanas e veja se sua PERCEPÇÃO NÃO SE MODIFICOU.