quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

DA ESCURIDÃO PARA A LUZ






“Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos; um do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, essa Agar é Sinai, um monte da Arábia que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós” (Gálatas 4:22,23,24,25,26)


Se acreditamos que somos humanos, somos filhos da escrava, da mente humana - pensamento humano, subjugados pela carne e suas imposições, presos às coisas, aos pensamentos e às atividades da carne, quer se trate da carne do corpo, quer seja a carne chamada dinheiro ou outras formas do humano viver.

Vivendo na e pela carne, como descendentes da escrava, estamos sob as leis da matéria, as leis da economia, da raça, da religião e da nacionalidade – sob o contrato “que foi gerado pela escravidão”. 

A PERCEPÇÃO ESPIRITUAL acontece pela atividade consciente dentro do nosso próprio ser e no momento em que estivermos prontos para a transição, já que a transição de humanidade para a filiação espiritual se dá exclusivamente para Graça.

Quando alguém diz que gostaria de ser um filho de Deus e de ser livre das mazelas da carne, geralmente não quer dizer exatamente isso. Quer dizer que gostaria de ser livre das mazelas da carne, mas sem abrir mão de seus proveitos e prazeres. É por essa razão que, como seres humanos, não podemos escolher ser filhos de Deus.

Mas virá um dia, na consciência da cada um de nós – quando pela Graça interior seremos capazes e desejosos não só de nos livrar dos desgostos da carne, mas também de seus proveitos e prazeres; desejaremos nos familiarizar com nossa identidade espiritual, ou seidade, com essa nova criatura, outra que não a antiga, saudável e honrada, uma criatura nova nascida do Espírito. Essa é a experiência da transição- o RENASCIMENTO ESPIRITUAL.

Ser nascido pelo Espírito significa renascer por uma transformação da consciência, e esse renascimento pode ocorrer AGORA.

No reino de Deus não existe o tempo. Ali é sempre o agora, e o agora sempre se nos apresenta com novas oportunidades. Esse momento é agora. 


Esse momento, esse agora, nos dá a oportunidade de abdicar de nossa humanidade para aceitar a divindade do nosso ser. Se porém isso estiver além de nossa capacidade imediata de fazê-lo neste momento, mais tarde descobriremos que também é agora, e nesse novo agora estaremos de novo diante da oportunidade de aceitar ou não a divindade do nosso ser.


Se não estivermos preparados para um tal recebimento, haverá o amanhã, o ano que vem ou o seguinte; e, a cada vez que se apresentar a oportunidade de descobrir nossa filiação divina, será o agora. Daqui a cem anos, será agora para nós, porque o tempo não existe.

Agora é sempre o momento de aceitar nossa divindade,embora para alguns possa ter ocorrido anos atrás e para outros possa acontecer daqui a anos. Quer ocorra neste exato momento, quer a qualquer outra hora, quando acontecer será agora.

Cada um de nós terá de o defrontar, a qualquer momento de qualquer dia da eternidade, e aqueles de nós que, por uma razão ou outra, forem incapazes de aceitar o “convite” de nossa liberdade nesse momento particular – liberdade com que estaremos revestidos quando da aceitação do Cristo – tranquilamente terão uma nova oportunidade ao longo do tempo. 

O que significa aceitar a revelação espiritual em nossa experiência? Sem a compreensão do que seja a revelação espiritual não podemos estar preparados para aceitá-la.

Apesar de a maioria das pessoas afirmar acreditar em Deus, na verdade muitas delas não acreditam. De fato, podem acreditar que há um Deus, ou ter uma crença acerca de Deus, mas não têm fé, nem percepção e nem convicção; isso porque a natureza do escravo - de acreditar que é carnal é estar ligado aos efeitos – ao amor, à adoração, e ao temor de qualquer coisa que tenha forma, que tenha efeitos visíveis. Podem ser fisicamente saudáveis, de coração, fígado ou pulmões; podem ter montanhas de dinheiro, investimentos ou imóveis, porém o amor, a devoção ou o medo de muitos seres humanos está sempre voltado para algo ou para alguém do reino do visual. O filho da escrava - da mente carnal - da mente que vê tudo como material está ligado a algum pensamento, coisa ou pessoa, e é o que constitui a humanidade em sua quase totalidade.

O novo “contrato”, da nova criatura, ou seja, o renascimento espiritual, começa a valer quando descobrimos que “eu e o Pai somos um” e “tudo o que o Pai tem é meu. Eu olho para uma única direção, a do Infinito Invisível. Então, o que vem de dentro eu reparto gloriosamente, com liberdade e júbilo.

A transição para a filiação divina implica mudar a fé no que é visível para a fé no Invisível, no que jamais poderá ser visto, ouvido, saboreado, tocado, cheirado, ou mesmo pensado e argumentado. Tem de ser uma fé em si mesma, que não pede razões. Deve haver uma convicção avassaladora, condizente com essa fé, mesmo antes de ser saber o que é – ou seja, um instinto profundo, uma intuição, uma graça interior.


“Não haverá sinais a seguir”: os sinais seguem aquele que crê. 


Quando a fé se instala, os sinais vêm. Se nos dedicarmos a qualquer sinal, qualquer coisa ou pensamento em que podemos nos apegar, então tal coisa ou pensamento será algo sobre o qual repousa nossa fé, em vez de estar no Invisível, que é Deus. 


É possível pensar e repensar na verdade – e até certo ponto isso é natural e certo -, porém virá o momento em que o pensamento pára, se faz um branco, quase um vazio, e então nesse vazio jorra a própria Presença e Força de Deus.

Podemos atingir essa Presença apenas estando despidos, num momento de completo silêncio, quando todo processo de pensamento estiver parado, quando nada tivermos para nos apoiar, nada em que fixarmos nossa felicidade, e tivermos nos tornando estéreis e vazios.

Esse é o momento em que perceberemos que, mesmo sem poder conhecê-lo, senti-lo, aí está uma Presença Invisível, um Algo inatingível que todavia é atuante, e que de dentro da própria invisibilidade manifestará tudo o que for necessário ao nosso desenvolvimento.

Se acharmos que somos alguma coisa, erraremos gravemente. Apenas quando atingirmos a renúncia a nós mesmo é que a divina Seidade de nosso próprio Ser revelar-se-á. E o caminho é o Silêncio. 


O silêncio não é ausência de som, mas uma PERCEPÇÃO que nos torna capazes de refrear qualquer reação da mente - do pensamento- ao que é visto ou ouvido. 


Por exemplo, podemos ver e reconhecer uma sombra na parede, uma figura assustadora, e não ter uma reação de medo, sabendo que é uma sombra. 


Quando tivermos a percepção de uma força, de uma lei, uma substância, uma causa – a unidade -, não mais responderemos com medo, dúvida ou horror a qualquer coisa vista ou ouvida pelos sentidos humanos.















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