Outro dia sagrado da semana da Páscoa é a Sexta-feira Santa.
Espiritualmente falando, nós não celebramos a crucificação da forma física de Jesus.
A lição para nós, na crucificação de Jesus e em sua ressurreição no terceiro dia, é para nos mostrar o caminho para encontrar a Vida Eterna.
Dessa forma, o Mestre revelou claramente, é por meio da morte do senso pessoal.
Para sermos ressuscitados da tumba, devemos morrer para nosso senso pessoal de vida, porque nosso senso pessoal de vida é um túmulo no qual estamos enterrados.
Devemos morrer para a crença de que, por nosso próprio “eu” limitado, somos algo, que temos nossas próprias vidas, uma mente, uma alma, um caminho e uma vontade própria.
Devemos morrer na crença de que possuímos nossa própria virtude, qualquer virtude, vida, ser, harmonia ou qualquer sucesso próprio.
A Sexta-feira Santa é um dia em que devemos contemplar e meditar sobre o significado interno da crucificação.
Voltando aos Evangelhos, olhando para o Mestre como um símbolo, um caminho apontando e reconstruindo, em nosso pensamento, sua vida, ministério, crucificação e sua ressurreição, podemos aprender como ele causou a morte do senso pessoal, como ele evitava ser esmagado por seus problemas, mesmo quando tinha o sério problema de enfrentar a traição e a morte, e como, recusando-se a considerar suas aflições pessoais como problemas, era capaz de elevar-se acima de todo sentido material, na gloriosa afirmação feita diante de Pilatos: "para este fim nasci e por esta causa vim ao mundo". Para ele, nem a vida nem a morte eram um problema.
Quando Jesus parecia estar em aperto, no poço de Samaria, e os discípulos estavam preocupados em trazer-lhe carne, notamos que ele diz: "eu tenho carne para comer de que não sabeis"; e para a mulher junto ao poço, "todo aquele que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna".
Ao ponderarmos estas declarações, bem como todos os outros ensinamentos de Jesus nos Evangelhos, chegamos à conclusão de que o que este homem está dizendo em substância é: "Não tenho nada, mas tenho tudo. Não tenho onde descansar minha cabeça, mas tenho comida para alimentar cinco mil e ainda sobrar doze cestos cheios".
Ele tinha carne que o mundo não conhecia; ele tinha água que jorrava para a Vida Eterna. Este homem é uma figura monumental. Ele realmente tinha tudo: tinha Deus, o Pai Interior e, como tinha Deus, podia compartilhar o Infinito com todos os que não tinham, fosse água ou vinho, pão ou carne, ou no café da manhã final, peixe.
Não fazia diferença o que era: ele tinha que compartilhar, mas sempre nos lembrava que, de si mesmo, não podia fazer nada: "Se eu testemunho de mim mesmo, meu testemunho não é verdadeiro... Por que me chamas ‘bom’?"
Ali vemos o princípio da Sexta-feira Santa, o princípio da crucificação do sentido pessoal, uma crucificação da crença de que nós mesmos temos qualidades do Bem ou quantidades de Bem. Mas com essa crucificação, vem a Ressurreição, na percepção: "Eu não sou nada, mas posso dar a todos vocês".
Por quê? Porque "o Pai que habita em mim, ele faz as obras".
Em vez de pensar na Sexta-feira Santa como outro dia sagrado a ser comemorado, o que devemos perceber é que esse é um dia para a contemplação de outro Princípio Espiritual da Vida: o princípio da auto abnegação, pelo qual, quando trazemos à luz o nada do nosso eu humano, então é revelada a totalidade, imortalidade e eternidade do nosso Ser, porque Eu e o Pai somos Um, e tudo o que o Pai tem é meu.
*Joel Goldsmith*
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