A essência de O Caminho Infinito, seu coração e sua alma, estão em sua mística. Neste caminho não temos que lutar nem mentalizar para obter o que já temos, ou para ser o que já somos.
Nossa única necessidade é a de arranjarmos períodos suficientes de silêncio, de quietude interna, de tal forma que a Consciência que constitui a realidade de nosso ser, possa aflorar em expressão através de nosso consciente contato com Ela.
A mente humana envolve sempre um conceito de separatividade, de dualismo, de muitas mentes, muitas pessoas, muitos poderes. Quão diferente é tudo isso da Consciência mística, que é a consciência do Um, aquele Um-Eu-Sou! Esta é a Verdade sobre cada pessoa, e este conhecimento “nos torna um” com todos os demais seres.
Transcendendo o visível rumo ao invisível, ficamos no mundo mas vendo através dele. Sabemos que existe unicamente o Um, a despeito das aparências; sabemos que unicamente este Um está em operação.
Somente Deus é, e Deus está sempre sendo, sempre aparecendo como Consciência espiritual individual, totalmente pleno e Auto-completo.
A consciência humana está sempre padecendo de um conceito de separatividade, e portanto, o foco está sempre em “se buscar algo”. Ela acredita ser dependente de alguma pessoa ou grupo, mesmo de um praticista ou mestre espiritual “exterior”. Isso não é verdade!
A plenitude da vida, tudo de que necessitamos, já existe incorporado à nossa Consciência, e não precisamos lutar para obtê-lo.
Todas as pessoas que devem fazer parte de nossa experiência já estão em nossa Consciência, onipresentes agora.
“Eu vim para que todos tenham vida, e que tenham vida com abundância”. Este “Eu”, o Espírito de Deus, está dentro de nós, de modo que podemos ser uma luz para aqueles que ainda não tem este conhecimento de que, também dentro deles, esta mesma Luz já está brilhando em sua plenitude. Estamos agora nos voltando deste buscar e lutar por conseguir, para podermos somente ser; ser esta Consciência divina que já somos. Estamos agora despertando para a Consciência mística de que “Eu tenho alimento que o mundo desconhece”, a comida eterna que nos alimenta e sustenta.
Perguntemo-nos: ”O que eu possuo como aquela Consciência mística? Na quietude, escutamos a resposta: “Eu tenho amor, e eu posso irradiar amor ao mundo, em quantidades ilimitadas”.
A Consciência que eu sou, tem o pão da vida para compartilhar, a percepção de que “nem só de pão vive o homem, mas da palavra espiritual da Unicidade.
A Consciência mística sabe que eu desconheço qualquer senso material, por ter conhecimento da integralidade do universo espiritual.
O Meu Reino é o centro da paz eterna, uma paz todo-abrangente, um amor todo-envolvente, em que ódio algum jamais pode penetrar.
Não vejo nem bem nem mal, por habitar neste Reino interior.
Não necessito de nada, não tenho desejo algum, porque tudo já me está disponível: como Deus, em Deus e através de Deus. Tudo já está cumprido. Nesta paz não há discórdia, não existe desarmonia.
O Meu Reino é um estado de preenchimento divino, em que tudo o necessário à plenitude da vida se mostra disponível no exato momento em que for requerido.
Eu volvo a atenção “deste mundo” àquele Reino interior. Nada tenho a ver com problemas, pecados, doenças, carências, ódios e batalhas deste mundo, exceto não fazer julgamento algum, exceto orar, exceto perdoar e confortar, e deixar que jorre livremente, a este “vale de lágrimas”, o infinito amor e misericórdia de Deus que está dentro de mim. Assim fazendo, eu me aproprio de meu divino direito, que é a bênção que o Pai faz jorrar sobre mim. Ele vê a Si mesmo como o meu ser, e diz: “Este é meu filho amado em quem me comprazo”.
E eu, de minha parte, reconheço: “Eu e meu Pai somos um”, e “é do agrado do Pai dar-me o Reino”, agora, sempre e eternamente. Se não alcançarmos esta percepção, facilmente cairemos na armadilha de acreditar que o mundo conhecido através dos cinco sentidos é o único mundo real. Mas pelo contrário, ele é um mundo irreal, por estar sempre em mutação e flutuação, enquanto o Mundo da Realidade é um estado de ser eternamente completo, sempre Se desdobrando e Se revelando à nossa percepção.
Nós temos uma tarefa a cumprir neste mundo, a tarefa de dissolver a consciência humana e ascender à dimensão superior da vida. Todos os problemas ficam resolvidos, não por serem enfrentados, mas sim, por nos deslocarmos dos problemas para viver no referencial da Consciência espiritual, que desconhece problemas.
Todos os problemas se baseiam na consciência humana; contudo, todo assim-chamado poder deste mundo pôde ser desmascarado como sendo não-poder, por aqueles que se elevaram acima da consciência humana. Esta é a nossa missão final: dissolver a consciência humana, primeiro para nós mesmos, e depois, para o mundo.
Se aprendermos a ir para dentro de nós mesmos, sem lutas, sem desejos, tudo que nos for necessário se revelará e aparecerá externamente.
Quão reconfortante é o pensamento: “Nada pode ser acrescentado e nada pode ser tirado da Consciência infinita que Eu Sou, pois, eu já sou realizado e Autocompleto em Deus”.
Repousemos, agora, na percepção de nossa própria Consciência infinita já completa.
Esta Consciência desconhece desapontamentos, sem se importar com o que possa estar acontecendo externamente.
Nós habitamos na Verdade de que “Eu já sou completo”. Dediquemo-nos a esta conscientização, por nos interiorizarmos, momento a momento, àquela conscientização para podermos vivenciá-la e praticá-la no mundo.
Conscientize sua Filiação divina, sua herança divina como um filho de Deus, ame supremamente esta divina Consciência; comungue com Ela, habite nEla; e então, deixe Sua luz brilhar através de você com toda a Sua plenitude e com toda a Sua glória. “Minha glória não será dada a outro”. Deus concede Sua glória somente a Si mesmo, aparecendo como nossa própria Consciência divina.
No Silêncio e na Quietude, Deus Se glorifica como cada um de nós, para que possamos ser instrumentos de Sua paz, Seu amor e Sua vida.
Se Deus tem feito a doação de Si mesmo como o ser que cada um de nós é, isto é para que possamos elevar a consciência de toda a humanidade. Assim, abramos os portões do templo de nosso ser, para que o Rei da Glória interna possa irradiar todo o Seu esplendor.
Lorraine Sinkler