- Capítulo 12 (Final) -
O DESDOBRAMENTO DO BEM PELA ATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL
Vamos começar a trançar os fios – estes fios de consciência – a fim de formar uma forte corda de conscientização e de compreensão, e trazê-la para a aplicação prática, ou em outras palavras, ter o Verbo feito carne.
Nosso esforço, nosso desejo, nossa prece, visa compreender a Deus. Isto significa compreender a infinitude, eternidade e imortalidade. Como Deus é o tema de nosso trabalho, de nossa compreensão e de nossa revelação, então a infinitude, a imortalidade e a eternidade devem ser a natureza de seu efeito em nossa experiência.
Poderá não ser hoje, amanhã, na próxima semana e nem no próximo ano que chegaremos a demonstrar a plenitude de Deus, a totalidade de Deus. Porém Deus é tudo; Deus é infinito, onipotente, onipresente, onisciente; e na medida de nossa conscientização deste fato, nós iremos demonstrando aquelas quantidades e qualidades da totalidade. Só porque ainda não completamos nossa demonstração de ascensão não significa que não tenhamos alcançado a visão de Deus. Quando a tivermos alcançado precisaremos seguir avante com paciência até chegar a hora em que Deus em Sua totalidade seja revelado na experiência da ascensão acima de todo mundo da crença.
Foi somente nos momentos finais do ministério de Jesus que ele pôde dizer: “Eu venci o mundo.” (João 16: 33). Assim, apenas no momento da ascensão, no momento em que tivermos atingido a plenitude da conscientização, é que nós, também, poderemos dizer: “Eu venci o mundo.” Mas isto não serve de desculpa para justificar nosso atraso nessa escalada de desenvolvimento e revelação. Não serve como desculpa esperarmos a aposentadoria para termos mais tempo, ou esperarmos o dia da morte, quando teríamos mais tempo ainda.
Nosso dia começa agora. E sendo este dia acompanhado continuamente de sucessivos dias de desenvolvimento da consciência, não haverá tal coisa como um dia de morte: será uma contínua experiência de desdobramento do bem.
Todos vocês que captaram esta visão de Deus como Consciência e da Consciência incorporando todo o bem – da Consciência governando e controlando a experiência individual, da Consciência como sendo a substância, a lei e a forma do ser individual e de toda a creação – podem começar a elevar a própria consciência ao discernimento espiritual das coisas de Deus.
A ATIVIDADE DA VERDADE NA CONSCIÊNCIA SE DESDOBRA COMO SEU BEM
Neste ponto você está subindo mais um degrau. Atinja esta visão: o bem de Deus; o bem que é a atividade de Deus; o bem que é um desenrolar, uma revelação e uma experiência de Deus é a atividade de sua consciência individual. Todo o bem que se manifesta em seu mundo – tudo de bom, onde quer que seja experimentado, onde quer que esteja sendo revelado ou entendido, tudo de bom que possa ter existido em qualquer lugar ou época, é a atividade de sua consciência individual. Não existe um Deus distante. Deus está mais próximo que nosso fôlego e mais perto que nossas mãos e pés. Qual a razão disso? É porque Deus constitui a consciência do indivíduo. Sob toda circunstância em que pareça haver necessidade da onipresença de Deus, conscientize que é a onipresença de sua consciência individual que constitui o Deus de seu universo.
Quando Eddie Rickenbacker estava abandonado num barco no Oceano Pacífico, não foi a consciência de seu mestre ou a consciência de seu praticista que lhe trouxe auxílio. Foi a consciência de seu ser individual, onipresente onde ele estava, que lhe possibilitou alcançar um pássaro para se alimentar, que lhe possibilitou arranjar um peixe no fundo de seu barco – o peixe havia pulado da água para dentro do barco – e que lhe possibilitou conseguir chuva num céu sem nuvens. Era a atividade de sua própria consciência aparecendo como alimento e como chuva. E foi a atividade de sua consciência que por fim apareceu como segurança.
É a atividade de sua consciência que aparece como saúde de seu corpo, como oportunidades nos negócios, como discernimento certo na hora certa, como encontro da pessoa certa no momento certo e nas circunstâncias adequadas. É a atividade de sua própria consciência aparecendo como sua experiência. Vamos perceber que:
“Eu e o Pai somos um”. Deus é a minha consciência individual, e é a atividade de minha consciência individual que aparece a mim como lar, negócio ou dinheiro, ou como talento, genialidade ou habilidade. Tudo é atividade de minha própria consciência. O que tem-me separado de meu bem é a crença na existência de algo distante, um poder, um Deus “lá fora”, ou que havia alguma coisa que eu estava tentando alcançar e não podia.”
Realmente, você nunca irá alcança-la, até que conscientize que o reino de Deus está dentro de você e que este é o único lugar a se dirigir para a aquisição de algo: o seu interior, a sua própria consciência. Não faz a menor diferença qual possa ser a sua necessidade; não importa se ela é pequena ou grande; poderia variar desde uma agulha até uma âncora. Não há limites na demonstração de sua consciência: somente você coloca limites em sua atividade!
O OBJETIVO DA CONSCIÊNCIA É INFINITO
Se formos ao mar com um pequeno copo, poderemos voltar somente com um pequeno copo cheio de oceano, mas se levarmos baldes, teremos baldes cheios de oceano. O oceano é suficientemente grande para nos fornecer qualquer quantidade que necessitemos. Assim também ocorre com a Consciência, com Deus aparecendo como nossa consciência individual. Podemos nos dirigir àquela Consciência por algo pequeno, ou podemos ir a ela com grande objetivos, pois a Consciência, mesmo a consciência individual, sua e minha, é infinita em seu raio de ação.
A partir de agora, não fique apenas pensando sobre isso, mas ponha-o em prática de forma que, ao surgir alguma necessidade de qualquer nome ou natureza, você imediatamente se dirija ao interior de sua própria consciência num estado de receptividade com aquele “ouvido que escuta”, e deixe sua consciência expandir e revelar tudo o que for necessário em sua experiência.
Não devemos, contudo, nos esquecer, em todo esse buscar, do aspecto sobre o qual estamos falando. Não devemos retornar a um linguajar alegórico ou metafórico. Estamos removendo o véu do tema: “O que é Deus?”, revelando Deus como a consciência individual. Nunca volte a pensar n’Ele como sendo algo distante, algo que precise de preces ou de agrados sob qualquer aspecto. Pense em Deus como sendo a substância real de seu ser, que você pode atingir no silêncio e deixar manifestar como um mundo cheio de harmonia, paz e saúde.
A atividade da consciência individual aparece como demonstração sob toda a forma de bem que possa ser necessário e adequado para o momento. Lembre-se, porém, que a consciência não é a sua mente “pensante”; a consciência nada tem a ver com os pensamentos que você pensa; a consciência nada tem a ver com seu esforço individual físico ou mental. Quando eu falo de consciência, não estou me referindo ao intelecto ou à mente racional que serve somente como veículo, mas eu me refiro àquilo que realmente é a substância ou realidade da mente humana. Ao se dirigir interiormente a esta Consciência infinita de seu ser, dirija-se numa atitude de escuta, de receptividade, de esperar que Ela Se revele. Não é preciso dizer nada a ela; não é preciso pedir aquilo que você está precisando ou desejando. Se você conhece a sua necessidade, Ela também a conhece.
Sem qualquer palavra, sem qualquer pensamento, sem dar a Ela o nome da pessoa a quem deseja beneficiar, ou o nome da doença que você quer tratar, ou ainda sem especificar qual é a sua necessidade, volte-se interiormente numa atitude receptiva de que aguarda a resposta para certa pergunta, e permita que a Consciência Se manifeste e Se revele a você.
Isto não é fácil, eu sei, porém o caminho é este: é este o caminho do desenvolvimento; é este o caminho espiritual; é este o caminho pelo qual nos tornamos conscientes de nossa unidade com Deus.
CONFIE NA ATIVIDADE DE SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA
É possível para uma pessoa utilizar todas as afirmações da verdade que ela conheça e ainda assim obstruir a sua própria demonstração. Por exemplo, se ela estiver desempregada, suas afirmações serão em função de um emprego: “Eu trato dos negócios do Pai” ou “Eu estou empregado”. Mas poderia ocorrer de, naquele momento, a real demonstração ser justamente o fato de estar sem emprego, demonstração a qual estaria sendo limitada em razão da tentativa de se “demonstrar um emprego”.
Isso me faz lembrar de um amigo que vivia numa fazenda pela qual passaram duas ou três gerações de sua família. Sempre eu ficava pensando em quão duramente eles deviam ter trabalhado para desenvolver aquele pedaço de terra e retirar do solo a própria subsistência. Se eram religiosos, como devem ter orado para que algumas das pedras fossem removidas da terra, ou para terem mais resistência física para trabalhar na fazenda, ou ainda orado por um melhor tempo que fizesse render maior produção de batatas. Estou certo de que nos anos em que viveram na fazenda eles oraram bastante a fim de arrancar o seu sustento.
No entanto, a terceira geração que veio encontrou petróleo naquela fazenda! E agora a mesma fazenda já tem cinco poços de petróleo. Deu para perceber o significado dessa exemplificação? Nunca delineie sua demonstração à Consciência. Aquilo delineado poderá não ser o que a Consciência tem para você. Suponha que você faça um plano e ore para que Deus lhe dê forças para trabalhar em sua fazenda, para semear e plantar. Suponha que ore para que mais meia dúzia de trabalhadores apareça para ajuda-lo na colheita, onde exatamente se encontra o petróleo, à espera de poder jorrar. Deu para captar o sentido? Nunca diga à sua consciência o que você pensa a respeito do que deveria ser a sua demonstração, pois isso a impediria de operar livremente. Quase todos têm trabalhado arduamente por anos seguidos, e talvez isso pudesse ser evitado caso tivessem confiado que a atividade da própria consciência os conduziria rumo à demonstração.
Foi a atividade de sua consciência que formou o seu corpo. Não foi a atividade da consciência de algum Deus distante. Foi a atividade da consciência de seu próprio ser que formou oseu corpo. É a atividade da consciência que o tem conduzido através dos anos, e muito provavelmente, em algumas vezes, tem sido difícil para ela avançar contra os seus próprios esforços.
DEUS ESTÁ PERTO DE VOCÊ
Vamos relaxar na conscientização de que não temos que ir a terras distantes para encontrar Deus. Nossa busca por Deus não é realizada externamente no mundo. Você se recorda de quantas vezes os homens saíram em busca do Cálice Sagrado e de quantas vezes eles voltaram para casa cansados e doentes e foram encontra-lo em seus próprios jardins? A história do Cálice Sagrado é simbólica, ilustrando o fato de que eles estavam, na realidade, indo em busca de felicidade, paz, harmonia e alegria, mas que se enganaram ao tentar consegui-las no mundo, com todos os recursos humanos disponíveis – toda a força humana, todo o raciocínio humano e até com todo o dinheiro que tinham. Quando o mundo não pode dar a eles o que buscavam, quando a mente deles não pode dar a eles o que buscavam, quando toda a habilidade e dinheiro foram empregados em vão, foi então que eles voltaram para casa e puderam encontra-lo exatamente onde ele sempre tinha estado. Era todo o tempo a atividade da própria consciência deles e, quando abandonaram os meios do mundo, e exaustos abandonaram a busca, ele apareceu.
Algo de natureza semelhante é o que ocorre conosco quando dispendemos muito esforço ao darmos tratamento e nos sentimos cansados ou esgotados. A Consciência Se expande e nos diz: “Você é uma pessoa tola! Eu estava aqui o tempo todo.” Sim, às vezes nós mesmos nos ludibriamos de tal maneira.
A MENTE COMO UM INSTRUMENTO
Porém, embora a mente humana, a mente racional, não seja a consciência, nem por isso ela deve ser posta de lado ou destruída. Ela tem a sua posição. É ela que age para nós quando recebemos sabedoria e conhecimento da consciência. A direção, a orientação, a inspiração e o conhecimento vêm a nós individualmente por ação da consciência, e nossa mente e nosso corpo são utilizados como veículos de transporte daquele comando.
Portanto, não tentemos abolir a mente humana e nem parar de pensar. Muitas coisas maravilhosas nos vêm através do nosso pensamento, mas devemos deixar que ele seja inspirado por um processo espiritual da consciência. Deixemos a nossa mente serena enquanto ficamos “na escuta”. O escutar é uma atividade da mente humana, a qual pode ser utilizada para deixar a Alma ou Consciência aparecer. O ponto principal que gostaria de ressaltar aqui é sobre a capacidade que a Consciência tem de Se revelar a nós sem que necessite da mente pensante; esta última é usada para as ordens e orientações recebidas serem exteriorizadas.
ESTABELEÇA DIARIAMENTE A CONSCIENTIZAÇÃO DE DEUS
A Consciência somente se revela a nós quando estamos receptivos e mantemos a linha aberta. Neste trabalho, nós aprendemos a jamais sair de casa pela manhã sem que tenhamos feito o contato com a Consciência, ou sem que tenhamos recebido da Consciência algum impulso, algo que pareça nos dizer: “Tudo está bem. Vá em frente.” Pode vir também na forma de um senso de satisfação ou sentimento de paz. Talvez você dissesse: “Sim, mas ainda não sei que rumo tomar.” Mas não tem nada a ver. Siga adiante e faça o que estiver à mão, e, no instante em que forem necessários a Intervenção, Poder e Sabedoria divinos, você os encontrará disponíveis na forma mais adequada.
O ponto importante é mantermos aquele contato. O fato de você ter realizado hoje o contato não implicará necessariamente que estará conscientemente unido àquela Consciência por todo o tempo. “Neste mundo”, um mesmerismo universal ou sugestão universal é lançado em nossa direção nas vinte e quatro horas do dia. Esta crença universal vem a nós através dos pensamentos humanos, do rádio, dos jornais e da agitação geral da consciência humana. Nós somos envolvidos por um mundo-conceito tão forte que se torna mesmérico, capaz de nos separar da atividade de nossa própria consciência. Por isso, nos estágios preliminares deste trabalho, é necessário que façamos conscientemente a “sintonia” com bastante frequência.
Todos os que estão neste caminho deveriam aprender a nunca sair de casa antes de ter sentido aquele contato interior, não importa o quanto estejam ocupados, mesmo que fosse preciso se levantar uns quinze minutos mais cedo para realiza-lo. Mesmo que não haja uma sensação de que o contato tenha sido feito, é importante sentar-se por alguns instantes com ouvidos abertos, numa receptividade que dá as boas vindas a Deus. Em outras palavras, pelo menos nós podemos abrir nossa consciência, preparando-a para o que possa nos vir, e só então irmos rumo aos nossos negócios. Como já disse, nos estágios iniciais isto deveria ser repetido ao meio dia e à noite, ou seja, ao menos umas três vezes por dia. Também, se acordarmos durante a noite, devemos reconhecer que não se trata de mera insônia, mas que estaremos despertos e alertas para alguma finalidade. Esta finalidade seria nós fazermos a “sintonia” na quietude da noite, para recebermos algo que nos fosse necessário saber. Se não for para sabermos algo naquele momento, pelo menos nos foi dada uma oportunidade de estabelecer nosso contato. E isso é tudo de que necessitamos.
Quando sentimos ter perdido nosso contato com Deus, isto é devido ou às crenças do mundo, que são universais e de efeito mesmérico, ou aos nossos receios, dúvidas ou inexperiência em seguir a orientação interior. Um ou vários desses fatores contribuem para romper o nosso contato com a Consciência. Assim, ele deve novamente ser restaurado: temos que nos sentar e “escutar”; temos que estar silenciosos e receptivos; temos que nos conscientizar de que o nosso bem somente aparecerá como atividade de nossa consciência individual. Devemos sempre estar lembrados de que: "Meu bem se manifesta como atividade de minha própria consciência. É a atividade de minha consciência que aparece externamente na forma de saúde, harmonia, paz, alegria, cooperação, amizade, eternidade, imortalidade, vida, verdade e amor."
SUA CONSCIÊNCIA DETERMINA A SUA EXPERIÊNCIA
Você ficará surpreso ante as coisas miraculosas que acontecem a partir do momento em que você conscientiza ser o seu bem um desenvolvimento da consciência individual, a partir do momento em que você não fica mais aguardando a vinda de seu bem “daqui” ou “dali”, de pessoa, lugar ou coisa, ou a partir do momento em que você o aguarda como um fluxo da atividade de sua própria consciência individual. Milagres passam a acontecer a partir daquele momento, e eles realmente são milagres. A multiplicação dos pães e peixes é um exemplo do que ocorre quando, igual a Jesus, você se volta para o Pai – sua própria Consciência – e conscientiza que você não pode sair para comprar alimento suficiente para alimentar quatro ou cinco mil pessoas, e que portanto ele deve começar a fluir através de atividades de sua própria consciência.
Eu tenho visto repetidamente o que acontece às pessoas, quando elas se conscientizam de que todo o seu bem não pode vir a elas do “exterior”, e que nenhuma condição má externa consegue impedir o curso do seu bem até elas. Você acredita poder existir algo no mundo exterior capaz de impedir que sua consciência se desenvolva e se revele na forma de seu bem? Não existe. O mundo exterior não consegue atingir o interior de sua consciência para governa-la ou afeta-la.
As condições externas nos afetam somente quando acreditamos que nosso bem possa vir de pessoas, lugares ou coisas, isto é, de algo externo. Uma vez que reconhecido que o mundo “de fora” nada tem a ver com o desenrolar de nosso bem, já que nada “de fora” consegue atingir a sua atividade de aparecer em todas as formas de bem, então não poderá haver qualquer efeito de condições externas em nossa experiência.
Todo o reino de Deus está dentro de sua própria consciência! Todo o reino de Deus se desdobra a você do interior de seu próprio ser, e nada – nenhum grupo de pessoas, nenhuma forma de governo, nenhum tipo de economia – pode de alguma maneira entrar em sua consciência e impedi-la de expressar o seu bem individual. Como é maravilhoso saber que do início ao fim dos tempos teremos todo o bem de que necessitarmos continuamente a fluir pela atividade de nossa própria consciência, e que o seu desenvolvimento nunca depende de algo que esteja se passando no mundo exterior! Você percebeu como pôde Moisés fazer cair maná do céu e retirar água da rocha? Ou como Jesus conseguiu ouro na boca de um peixe? Aquilo foi possível por não ser, em absoluto, uma atividade do exterior. Era o desenrolar da própria consciência que apareceu externamente na forma necessária para o momento. Tanto Moisés como Jesus conheciam este segredo, o segredo de que tudo ocorre dentro da consciência.
“EU SOU” APARECE COMO FORMA
Salomão também conhecia este segredo. Anos atrás, num antigo livro trazido a mim em Boston, eu descobri a palavra secreta da Maçonaria, que havia sido perdida há muito tempo durante a construção do templo do rei Salomão. Estava escrito que naquela época os que se elevavam ao grau de mestre maçom recebiam a palavra secreta, a palavra que lhes possibilitariam viajar para qualquer parte do mundo, e esta palavra-chave identificá-los-iam como mestres.
A palavra foi perdida, e como não é mais usada na Maçonaria, ela não é um segredo. Realmente, poucos são os maçons que sabem algo a esse respeito. Porém o autor daquele livro, após muitos e muitos anos de pesquisa, descobriu que a antiga e perdida palavra secreta dos mestres maçons era “EU SOU”. EU SOU é aquela antiga palavra, e se os construtores daquele templo a tivessem conhecido, ela lhes teria garantido, onde eles estivessem, as maiores regalias – aquelas de um mestre maçom.
Este foi o segredo de Moisés, o segredo de Salomão e o segredo de Jesus:
"Eu sou. Deus é a minha própria consciência. Deus é a consciência individual, e onde eu estou, Deus está. Portanto, onde quer que eu esteja, o meu bem se manifesta. 'Se desço ao inferno, nele te encontras', porque se eu estiver lá, Deus estará lá, e meu bem se manifestará lá. Para onde irei a fim de me subtrair da tua presença?'. Como poderia eu sair de minha própria consciência? Enquanto eu estiver consciente, isto não poderá ocorrer. E é esta própria consciência – a atividade desta consciência que constitui o meu suprimento, as minhas oportunidades, a minha sabedoria – que me orienta e dirige."
É bastante poético dizer: “Ele está mais próximo que a respiração, e mais perto que as mãos e os pés”, ou “o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17: 21). Porém nós precisamos mais do que poesia, mais do que beleza de expressão para nos tornarmos concretamente cônscios de Deus, da natureza de Deus e da atividade de Deus em nossa experiência individual.
Quando você se habituar com a ideia de que a atividade de sua consciência lhe aparece em todas as formas de bem, será capaz de dar o passo seguinte e se conscientizar de que a atividade de sua consciência aparece como a saúde de seu paciente. Como há somente uma Consciência, e como um com Deus é a maioria, então o seu contato com a Consciência, sua conscientização de que a atividade de sua consciência aparece em todas as formas de bem faz com que esta atividade apareça como a saúde e a harmonia de seu paciente. Isto é o que faz com que as práticas metafísicas sejam possíveis.
Seja qual for a prática metafísica empregada para atingir um fim desejado, ela não consiste em uma transferência de pensamentos de um a outro indivíduo. Não se trata do uso de uma mente sobre outra, embora existam muitos praticista que pensem que estas atividades humanas de sugestionar ou influenciar aos outros são parte da prática metafísica. Na realidade não são. Se tais pessoas compreendessem a prática metafísica, prontamente veriam que é a própria conscientização de unidade com Deus que aparece como a saúde e a harmonia de seus pacientes. Não é o poder da vontade; não é o desejo do praticista de que o paciente fique bom; não é um praticista sugestionando um paciente: “você está bem e está ciente disso.” Nada disso é parte da moderna prática metafísica.
UNIDADE CONSCIENTE
A prática metafísica consiste da consciente unidade com Deus por parte do praticista, que aparece externamente como sua saúde, riqueza, sucesso e também como o bem daqueles que a ele se dirigem. O contato é feito quando uma pessoa pede ajuda ao praticista, seja para si mesma, seja para algum parente ou amigo. “Você me ajudará?”, ou, “você ajudará o meu filho?”, ou, “você ajudará o meu amigo?”. Basta isso; isso é o suficiente para estabelecer a unidade da consciência, trazendo o necessitado à consciência do praticista, e tudo que tomar lugar como atividade desta consciência será externamente expresso como harmonia e plenitude do paciente. Em outras palavras, seria fácil tomar a sala repleta de pessoas em minha consciência, como seria fácil para alguma delas ou todas elas se manterem fora. Isto é o que acontece quando observamos uma, duas ou três pessoas sendo curadas e você fica imaginando o porque de as outras seis ou sete não receberem a cura.
Aqueles que se curaram estavam de alguma maneira ligados ao praticista: estavam sintonizados nele, unos com ele, por simpatia ou por outra razão, de forma que se fizeram parte da consciência dele. Os outros, que não receberam a cura, provavelmente se sentaram pensando: “Eu gostaria que ele pudesse fazê-lo, mas será que ele pode?”. E com tal atitude se mantiveram do lado de fora. Na verdade, somente na crença é que eles se mantiveram fora, mas é desta maneira que não puderam se beneficiar com a atividade da consciência do praticista.
Não é que a pessoa, o paciente ou o estudante necessariamente se faça uno com a consciência pessoal do praticista, mas sim uno com a verdade. Ele se coloca mais ou menos na conscientização de que “Eu sou uno com a verdade; eu sou uno com a consciência da verdade; eu sou uno com a verdade que está aparecendo na forma deste praticista ou deste mestre.” Isto significa estar uno com a verdade, e não uno com a personalidade ou mente do praticista, uno com a verdade do indivíduo, com a consciência espiritual do indivíduo. E naquele senso de sintonia, de unidade, as curas ocorrem.
Quando você passar a conhecer que a verdade é a sua consciência individual, e que a atividade desta consciência aparece externamente como a harmonia do seu ser, ou como a harmonia de todos que se dirigem a seus pensamentos, então começam a surgir as curas. A cura é a prova desta mensagem, ou alguma mensagem, ser verdadeira ou não. O modo como esta mensagem é apresentada nada tem a ver com o fato de ela ser ou não verdadeira. Se for verdadeira deve resultar em harmonia e paz, em saúde, alegria, prosperidade e plenitude, ao menos em alguma medida em sua experiência individual e na experiência daqueles que o procuram solicitando ajuda. Esta constitui a prova de que a mensagem é verdadeira.
A função da verdade é dissipar a ilusão dos sentidos, e no momento em que nos colocamos neste caminho e compreendemos esta verdade, é esperado que iniciemos os trabalho de cura. Como poderia alguém falhar na realização das “maiores obras”, após ter entendido ser a atividade de sua consciência individual aquilo que aparece externamente como a saúde e harmonia do universo que o toca?
“Estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos 16: 17-18)
TRADUÇÃO DE DÁRCIO DEZOLT