sexta-feira, 30 de junho de 2017

Paz: o Segredo da Vida Espiritual




“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;

não vo-la dou como o mundo a dá.

Não se turbe o vosso coração,

nem se atemorize.”

(João 14;27)




Minha paz, a paz de Cristo! Têm-se efetuado mais curas em absoluto silêncio do que com todos os argumentos elaborados por todos os metafísicos conhecidos na história do mundo.

Quando te pedirem ajuda, senta-te e fica em paz. Não penses nada: senta-te e espera. Espera. Espera pacientemente que a paz de Cristo desça sobre ti. E então, nesse momento de paz, calado, testemunharás a cura.

O único valor do tratamento consiste em nos elevar a um nível de consciência que nos permita o desdobramento da consciência espiritual. 

Agora, porém, estamos numa posição diferente daquela em que procurávamos curar por meio de tratamentos. Já atingimos em ponto, em nosso desenvolvimento, que nos facilita encetar o próximo passo ascensional.

Embora a princípio tivéssemos necessitado de argumentos mentais, de afirmação e negações, agora não recorreremos mais a tal método. 

Aprende a sentar-te e relaxar os músculos. Não importa se o caso for de pecado, doença, morte ou desemprego.

Senta-te e descontrai os músculos. Não tentes resolver o problema. Não tentes trabalhar sobre ele. Não tentes tratar dele. 

Senta-te descontraído e, em silêncio, cria uma espécie de vácuo para que Deus, o Cristo, se precipite nele. Senta-te e abandona a ideia de que a mente humana possa curar: o curador é o Cristo, ou seja, a Substância Espiritual Única Eterna, permanente e Invisível.

A essência de todo o nosso trabalho é esta: Deus é, Deus está presente. Deixemos, pois, que Deus trabalhe em nós e por meio de nós na execução de Seu plano.

Ao invés de ficares a repetir "Deus, Deus, Deus", deixa que Ele realize Sua obra, visto que "Ele é".

"A minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo".

O mundo pode dar-nos certa espécie de paz. Pode proporcionar-nos um lugar sem ruídos, um sítio tranquilo ou um passeio marítimo. Esta é a paz que o mundo nos pode oferecer.

Aqueles que viajam para lugares distantes, vão consigo mesmos e regressam a seus lares consigo mesmos. Não podem fugir de si mesmos. Quem tem problemas leva-os consigo aonde quer que vá. Devemos abandonar tais esforços inúteis

A mente humana não é o Cristo. Há muitos anos que se vêm fazendo esforços mentais em tentativas de curas. 

Entretanto, diz a Bíblia: "Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos".

O que adianta tudo o que temos pensado? A verdade é que a mente humana não desempenha nenhum papel na realização da cura. O trabalho de cura espiritual é feito exclusivamente pelo Cristo, ou seja, pela essência divina presente em todos nós.

Cura espiritual é aquela que resulta da autorrealização consciente em Cristo - a Substância Espiritual que permeia todas as aparências -, não de argumentos mentais, nem do emprego de meios externos, como a medicina e a cirurgia.

"A minha paz vos dou". Nessa paz que excede todo o entendimento, nessa quietude, nesse silêncio é que o poder de Deus se manifesta e executa o trabalho.

Muitos nos procuram parecendo querer somente pães e peixes, ao invés de buscarem a Deus por Deus mesmo. Não devemos preocupar-nos com isto. Não nos devemos preocupar com o que parecem querer. Continuemos cantando nossa canção. Os que puderem a ouvirão; os outros talvez ainda não estejam aptos a ouvi-la.


Constatarás que sempre se operam mais curas ante um sorriso, ante o simples reconhecimento da presença de Deus, do que por esforços mentais. E essas curas são mais autênticas, mais suaves e duradouras, porque resultam da descida do Espírito Santo, ou seja, do próprio Cristo, ao penetrar na consciência humana e banir as crenças errôneas dos sentidos físicos.

Que é o que se requer para andar sobre as águas e acalmar tempestades? Algum argumento mental? Alguma negação? Alguma afirmação? O que Jesus disse à tempestade foi: "Paz! Fica quieta!" E foi o bastante: Paz! fica quieta!

Todos aqueles que tem feito trabalhos de cura sabem que ela se opera quando se experimenta essa sensação de paz, esse estado de autorrealização em Cristo - a essência espiritual única. O que talvez não conheçam é o porquê da cura.

Permitam-me explicá-lo: É porque nesse estado de consciência, nessa paz, o curador não luta, não opõe resistência ao erro ou falsa crença.

Isto me deu o que pensar. Foi a minha primeira experiência de cura pelo esquecimento da doença.

Isto eu aprendi por experiência no meu primeiro ano de serviço de cura. Um homem que sofria de tuberculose foi levado ao meu gabinete por um amigo. Ao atendê-lo, ele mencionou sua dificuldade em comer alimento sólidos, por sofrer de piorréia, e pediu-me que o curasse disto também. Assegurei-lhe que sim. Mas esqueci-me completamente da promessa que fizera. Na manhã seguinte ele me telefonou e disse: O que foi que o senhor fez por mim? Levei cinco minutos escovando os dentes com uma escova dura e notei que já estão todos firmes.


E logo depois tive a segunda, quando uma moça me telefonou pedindo ajuda para livrar-se de uma forte dor de cabeça. Achava-se no meu consultório um paciente que, reconhecendo a urgência do caso, levantou-se para sair, mas antes de chegar à porta, o telefone tocou novamente: era a jovem, para comunicar que a dor tinha passado. A cura fora instantânea.

Tais coisas não ocorrem a ninguém que se dedique a este trabalho sem que o leve a pesquisar-lhe a causa, a indagar se são acidentais, se acontecem por acaso, ou se revelam a existência de um princípio que as determine.

Estudando e observando meticulosamente tudo o que pudesse contribuir para a descoberta do segredo, aprendi que a cura espiritual não é produzida pela mente humana, mas por um estado de Consciência Crístico.

A Consciência Crística é o entendimento de que a doença não existe como realidade e não deve ser combatida. Ao esquecer a doença, o curador mostra que não a leva muito a sério.

Aquele em que a luz de Cristo se evidencia na realização de curas não faz do erro uma realidade, pois não o combate. Pelo contrário, reconhece pacificamente o fato de que Deus constitui a vida do ser individual, conscientiza-se de que a cura não se efetua por força nem poder, mas pelo Espírito.

Se uma só pessoa sentada em silêncio numa sala, em estado de receptividade, pode fazer com que o silêncio ou paz que ela experimenta seja sentida por todos os que se encontrem dentro da mesma sala, qual não será a repercussão do grande poder de silêncio mantido por todos os pequenos grupos de pessoas que estejam em meditação, espalhados por todo o mundo?

Se a tua consciência estiver permeada pelo silêncio, pela paz, estará impregnada do poder de cura. A realização da cura depende do estado de consciência do curador. Essa consciência é o que determina a cura daqueles que recorrem a ti, não que este poder seja tua propriedade pessoal.

O poder de cura é a presença de Deus, o Espírito, manifestando-se como consciência individual. Tu não tens este poder, a menos que tua consciência esteja unida ao Amor divino, à paz que excede todo o entendimento.

Se quiseres entrar para o mundo dos negócios, se quiseres ser bem sucedido comprando e vendendo alguma coisa ou trabalho de cura: começa com a consciência em paz. Não inicies nada com medo, dúvida ou preocupações, pois do contrário, estarás transmitindo tal estado de ser negativo àqueles com quem negociares, e eles também o sentirão. Vai com este silêncio em teu coração, vai em estado de paz.

Se necessário, antes de fazeres tua visita de negócio, isola-te em algum lugar, por um ou dois minutos, senta-te e obtém essa sensação de paz, antes de saíres de casa.

Observa o que essa sensação de paz já fez por ti, e atenta no que ainda fará.

A paz na consciência é um estado de receptividade.

Finalmente, vamos aprender o maior de todos os segredos, o segredo que até agora muito pouca gente conhece: o que é Deus.

Se estudarmos as Escrituras, se estudarmos as religiões e filosofias do mundo, provavelmente chegaremos à conclusão de que Deus é alguma coisa que está muito distante de nós, algo que pouquíssimas vezes se toma contato, algo que pouquíssimas vezes responde às nossas preces de acordo com os nossos desejos, necessidades e vontades.

Por não saber o que é Deus, continua o homem, geração após geração, orando pela paz do mundo e não conseguindo paz, orando pela prosperidade, pela vida, pela saúde e imortalidade individuais e não as conseguindo.

Se somos cristãos, devemos pelo menos saber onde Deus está, porque Jesus nos disse que o reino de Deus está dentro de nós. Somente isso, se o tivéssemos crido, teria sido uma base maravilhosa para a nossa pesquisa.

Se os nossos pais, avós e outros que nos precederam tivessem passado estes últimos dois mil anos buscando o reino de Deus dentro de si mesmos, este já teria sido encontrado e estaria manifesto. 

Ao invés disto, porém, todas as gerações que nos antecederam têm-se voltado para alguns mestres postos em evidência, ou têm volvido os olhos para o firmamento ou em outra direção qualquer, menos para onde lhes fora aconselhado, isto é, para dentro de si mesmos.

É chegada a hora, neste século, de começarmos a olhar para esse reino dentro de nosso ser, porque é onde encontraremos Deus. Embora possa falar-te desse reino, somente tu poderás fazer com que ele se revele dentro de ti mesmo.

Então saberás realmente que Deus é Vida eterna, Consciência infinita. E saberás também que essa Consciência divina, universal, está Se manifestando como tua consciência individual, para que, finalmente, possas declarar como quem tem autoridade: Eu e o Pai somos um.

Precisamos conhecer a natureza de Deus e sentir-lhe a presença.

Espero que no próximo decênio não continuemos como até agora, apenas a falar acerca de Deus: já é chegado o momento em que devemos conhecer a Deus por experiência.

Não devemos passar superficialmente por esta parte do ensino de "O Caminho do Infinito", porque é a mais importante.

Precisamos ver a Deus enquanto ainda estamos na carne – tu e eu, individualmente, aqui e agora, sem, esperarmos pela morte. Precisamos conhecer a Deus diretamente em nossos períodos de silêncio, em nossos momentos de paz.








A Voz de Sua Alma - JOEL GOLDSMITH








O que você é por dentro - não o que você afirma ser - é tão aparente que você não pode escondê-lo de ninguém. 

Se você usa uma máscara, mais cedo ou mais tarde o mundo o verá por trás dela. 

Ninguém pode enganar durante muito tempo. Mas aquilo que você é finalmente terá expressão. Por isso, fique quieto.

Nada diga, nada reclame, mas desenvolva a capacidade de sua Alma estudando e meditando, e deixe que Ela fale por você. 

Sente-se em casa e deixe que aquela parte do mundo que você pode abençoar venha a você e deixe que o resto do mundo passe ao largo. Você não precisa dele.














quinta-feira, 29 de junho de 2017

..O HIPNOTISMO É A SUBSTÂNCIA DE TODA DESARMONIA - JOEL S. GOLDSMITH


Diferença alguma há entre o inferno da pobreza e o da guerra, doença ou pecado. Nenhum é pior do que os outros. São formas diferentes de uma coisa única, e esta coisa única é o hipnotismo. 

Num homem, o hipnotismo aparece na forma de coisas ou pensamentos pecaminosos; em outro, aparece como pobreza. A forma específica não importa: tudo é hipnotismo. Afastado o hipnotismo, nada daquilo permanecerá. Há somente uma ilusão, que é o hipnotismo.

Se formos induzidos a dar “tratamento” a pessoas – tratá-las dos nervos, de alguma causa mental de doença física, de ressentimento, ódio, ciúme ou raiva, ou se formos tratá-las de câncer ou tuberculose – não estaremos sendo praticistas de cura espiritual: estaremos praticando medicina, por tratarmos de efeitos, sejam eles pecado, doença ou pobreza; e, mesmo que eliminemos um deles, dois outros efeitos surgirão em seu lugar.


Enquanto não dermos com o machado à raiz da árvore, que é o hipnotismo, não seremos libertos da consciência material ou mortal. 


Ao nos capacitarmos a ver através do hipnotismo, alheios a nomes de pecados, doenças ou carências, nosso paciente ou estudante irá experienciar harmonia, saúde, integridade e suficiência. 

Se o problema dele for com os nervos, ele se verá livre; se for de desemprego, ele se verá empregado; se for de doença, ele se sentirá saudável. Por quê? Pela habilidade do praticista em “ver através do hipnotismo” e perceber a Deus sendo o Princípio de tudo aquilo que é.

Muitas vezes, porém, mesmo tendo compreendido o hipnotismo atuando como sugestão ou aparência, o estudante ainda crê na existência de uma condição real a ser destruída. Nessas situações, ouvimos frases como: “Veja o que o hipnotismo está fazendo comigo!”

Entretanto, o hipnotismo não é uma condição real. O hipnotismo não pode produzir água no deserto, nem cobras num vaso de flores. 

O hipnotismo é, em si, sem substância: sem forma, sem causa e sem efeito. 

Reconhecer alguma forma ou aparência de ilusão como hipnotismo, soltando-a sem lhe dar maior importância, eis a maneira correta de lidarmos com toda ilusão. 

Reflita sobre esta ideia de o hipnotismo ser a substância de cada forma do universo material e mortal que lhe está aparecendo. 

Ao ver pecado, doença, falta e limitação, lembre-se: aquilo é hipnotismo sendo-lhe apresentado sob aquele formato de mal. Mas, também ao ver as maravilhas ao seu redor, montanhas, oceanos, o sol radiante, lembre-se: estas, igualmente, são formas de hipnotismo, mas aparecendo, dessa vez, no formato de bem.

Isto não significa que deixaremos de desfrutar os bens da vida humana; antes, nós os desfrutaremos pelo que eles são – não como algo real em si ou de si mesmos, isto é, por detrás de todo bem está o Algo espiritual que deve, portanto, ser espiritualmente discernido. 

Nós desfrutamos as formas do bem reconhecendo-as como temporárias, não como algo a ser estocado, algo a ser enterrado em cofres, mas como algo a ser usufruído; e então, dia a dia iremos prosseguindo, deixando que o “maná” nos caia novamente.


Frente aos aspectos negativos do hipnotismo, isto é, as formas de pecado, doença, falta e limitação, o ponto mais importante a ser lembrado é o seguinte: não devemos ser iludidos no sentido de tentar reformar o mal ou as pessoas pecaminosas. Pelo contrário, devemos reconhecer imediatamente: “Oh, não! Isto é o hipnotismo, aparecendo em mais uma forma, hipnotismo que, em si e de si mesmo, não possui substância, lei, causa ou efeito de qualquer forma de realidade”. Esta prática é que o torna um praticista de cura espiritual.




quarta-feira, 28 de junho de 2017

O MAL É UM ESTADO DE HIPNOTISMO JOEL S. GOLDSMITH



Podem os pensamentos errôneos surgir externamente como formas de pecado, doença e morte? 
Não, não podem. Apenas chegam a nós como aparência ou crença que aceitamos como sendo algo existente no exterior. 

Uma pessoa hipnotizada para enxergar um “poodle branco” no palco iria fazer com que o cão aparecesse realmente naquele lugar? Não. Nem juntando todos os pensamentos hipnóticos do mundo poderiam eles criar aquele cão. Mostrariam unicamente uma aparência ou crença, que seria vista pela vítima da hipnose como sendo um “poodle branco”.

Pensamentos errôneos jamais criam pecado, doença e morte: unicamente objetivam a crença na forma de “quadro ilusório” semelhante àquele do “poodle” no palco, crença que pode nos levar a dizer: “Como poderei me livrar dele?” Porém, se nem ali o cão se encontra, como poderia a pessoa ficar livre dele? 

Não existe pecado, não existe doença e não existe morte; assim, nem todos os pensamentos errôneos do mundo seriam capazes de produzir tais coisas. 

A crença universal numa egoidade apartada de Deus gera esse tipo de quadro falso, que, quando vistos por nós, atribuímos a eles substância, lei e realidade, coisas que não possuem. Estes quadros errôneos são tão irreais quando o “poodle branco” visto pela pessoa hipnotizada

Lembre-se: ela não estaria vendo o “poodle”: estaria só acreditando que o estivesse vendo.

Não haveria outro modo de “remover o “poodle”, a não ser através do despertar da pessoa do hipnotismo. Como? “Um com Deus é maioria”. 

Se alguém da plateia, com visão espiritual, desse uma gargalhada e dissesse que não estava existindo nenhum “poodle branco” no palco para dali ser retirado, a pessoa hipnotizada despertaria do sonho. Hipnose não é poder: é uma crença num poder apartado da Vida uma.

Quando nos defrontamos com alguma forma de doença, pecado, carência ou limitação, devemos rapidamente perceber: “Este quadro é um quadro hipnótico, e eu não tenho nada a fazer com ele”. Dessa forma não nos será difícil obter uma cura instantânea.

Não existe doença; existe somente um hipnotismo, somente um quadro hipnótico aparecendo como doença. 

A cura espiritual não emprega a Verdade para vencer o erro ou vencer algum poder maligno. “Levanta-te, toma a tua cama, e anda”. 

Não se trata de fazermos uso de um poder para curar doenças; o sentido é o seguinte: “Nada há para ser vencido”. 

O praticista de cura espiritual não desenvolve alguma técnica de utilização da Verdade para combater o erro ou tratar de doenças. 

O praticista, em si, é estado de consciência que sabe que Deus é a Realidade de todo Ser, e que todo o restante não passa de um estado hipnótico.





 

terça-feira, 27 de junho de 2017

Meu Reino é a Realidade - Joel S. Goldsmith



Este mundo não é para ser temido, odiado ou amado: isto é a ilusão, e exatamente onde a ilusão está, encontra-se o reino de Deus, o Meu reino.


Meu reino é a Realidade. Isto, que meus olhos veem ou meus ouvidos ouivem, é a contrafação superposta, não existente como um mundo, mas apenas como conceito, um conceito de poder temporal.

Meu reino está intacto, 
Meu reino é o reino de Deus, 
Meu reino é o reino dos filhos de Deus, 
e Meu reino está aqui e agora.

Tudo que existe como um universo temporal é sem poder. Não é preciso que eu o tema, ou que eu o condene: minha única necessidade está em compreendê-lo.


















segunda-feira, 26 de junho de 2017

DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA (Joel S. Goldsmith) - Capítulo 12 (Final) -





                       - Capítulo 12 (Final) -




O DESDOBRAMENTO DO BEM PELA ATIVIDADE DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL

Vamos começar a trançar os fios – estes fios de consciência – a fim de formar uma forte corda de conscientização e de compreensão, e trazê-la para a aplicação prática, ou em outras palavras, ter o Verbo feito carne.

Nosso esforço, nosso desejo, nossa prece, visa compreender a Deus. Isto significa compreender a infinitude, eternidade e imortalidade. Como Deus é o tema de nosso trabalho, de nossa compreensão e de nossa revelação, então a infinitude, a imortalidade e a eternidade devem ser a natureza de seu efeito em nossa experiência.

Poderá não ser hoje, amanhã, na próxima semana e nem no próximo ano que chegaremos a demonstrar a plenitude de Deus, a totalidade de Deus. Porém Deus é tudo; Deus é infinito, onipotente, onipresente, onisciente; e na medida de nossa conscientização deste fato, nós iremos demonstrando aquelas quantidades e qualidades da totalidade. Só porque ainda não completamos nossa demonstração de ascensão não significa que não tenhamos alcançado a visão de Deus. Quando a tivermos alcançado precisaremos seguir avante com paciência até chegar a hora em que Deus em Sua totalidade seja revelado na experiência da ascensão acima de todo mundo da crença.

Foi somente nos momentos finais do ministério de Jesus que ele pôde dizer: “Eu venci o mundo.” (João 16: 33). Assim, apenas no momento da ascensão, no momento em que tivermos atingido a plenitude da conscientização, é que nós, também, poderemos dizer: “Eu venci o mundo.” Mas isto não serve de desculpa para justificar nosso atraso nessa escalada de desenvolvimento e revelação. Não serve como desculpa esperarmos a aposentadoria para termos mais tempo, ou esperarmos o dia da morte, quando teríamos mais tempo ainda.

Nosso dia começa agora. E sendo este dia acompanhado continuamente de sucessivos dias de desenvolvimento da consciência, não haverá tal coisa como um dia de morte: será uma contínua experiência de desdobramento do bem.

Todos vocês que captaram esta visão de Deus como Consciência e da Consciência incorporando todo o bem – da Consciência governando e controlando a experiência individual, da Consciência como sendo a substância, a lei e a forma do ser individual e de toda a creação – podem começar a elevar a própria consciência ao discernimento espiritual das coisas de Deus.

A ATIVIDADE DA VERDADE NA CONSCIÊNCIA SE DESDOBRA COMO SEU BEM

Neste ponto você está subindo mais um degrau. Atinja esta visão: o bem de Deus; o bem que é a atividade de Deus; o bem que é um desenrolar, uma revelação e uma experiência de Deus é a atividade de sua consciência individual. Todo o bem que se manifesta em seu mundo – tudo de bom, onde quer que seja experimentado, onde quer que esteja sendo revelado ou entendido, tudo de bom que possa ter existido em qualquer lugar ou época, é a atividade de sua consciência individual. Não existe um Deus distante. Deus está mais próximo que nosso fôlego e mais perto que nossas mãos e pés. Qual a razão disso? É porque Deus constitui a consciência do indivíduo. Sob toda circunstância em que pareça haver necessidade da onipresença de Deus, conscientize que é a onipresença de sua consciência individual que constitui o Deus de seu universo.

Quando Eddie Rickenbacker estava abandonado num barco no Oceano Pacífico, não foi a consciência de seu mestre ou a consciência de seu praticista que lhe trouxe auxílio. Foi a consciência de seu ser individual, onipresente onde ele estava, que lhe possibilitou alcançar um pássaro para se alimentar, que lhe possibilitou arranjar um peixe no fundo de seu barco – o peixe havia pulado da água para dentro do barco – e que lhe possibilitou conseguir chuva num céu sem nuvens. Era a atividade de sua própria consciência aparecendo como alimento e como chuva. E foi a atividade de sua consciência que por fim apareceu como segurança.

É a atividade de sua consciência que aparece como saúde de seu corpo, como oportunidades nos negócios, como discernimento certo na hora certa, como encontro da pessoa certa no momento certo e nas circunstâncias adequadas. É a atividade de sua própria consciência aparecendo como sua experiência. Vamos perceber que: 

“Eu e o Pai somos um”. Deus é a minha consciência individual, e é a atividade de minha consciência individual que aparece a mim como lar, negócio ou dinheiro, ou como talento, genialidade ou habilidade. Tudo é atividade de minha própria consciência. O que tem-me separado de meu bem é a crença na existência de algo distante, um poder, um Deus “lá fora”, ou que havia alguma coisa que eu estava tentando alcançar e não podia.”

Realmente, você nunca irá alcança-la, até que conscientize que o reino de Deus está dentro de você e que este é o único lugar a se dirigir para a aquisição de algo: o seu interior, a sua própria consciência. Não faz a menor diferença qual possa ser a sua necessidade; não importa se ela é pequena ou grande; poderia variar desde uma agulha até uma âncora. Não há limites na demonstração de sua consciência: somente você coloca limites em sua atividade!

O OBJETIVO DA CONSCIÊNCIA É INFINITO

Se formos ao mar com um pequeno copo, poderemos voltar somente com um pequeno copo cheio de oceano, mas se levarmos baldes, teremos baldes cheios de oceano. O oceano é suficientemente grande para nos fornecer qualquer quantidade que necessitemos. Assim também ocorre com a Consciência, com Deus aparecendo como nossa consciência individual. Podemos nos dirigir àquela Consciência por algo pequeno, ou podemos ir a ela com grande objetivos, pois a Consciência, mesmo a consciência individual, sua e minha, é infinita em seu raio de ação.

A partir de agora, não fique apenas pensando sobre isso, mas ponha-o em prática de forma que, ao surgir alguma necessidade de qualquer nome ou natureza, você imediatamente se dirija ao interior de sua própria consciência num estado de receptividade com aquele “ouvido que escuta”, e deixe sua consciência expandir e revelar tudo o que for necessário em sua experiência.

Não devemos, contudo, nos esquecer, em todo esse buscar, do aspecto sobre o qual estamos falando. Não devemos retornar a um linguajar alegórico ou metafórico. Estamos removendo o véu do tema: “O que é Deus?”, revelando Deus como a consciência individual. Nunca volte a pensar n’Ele como sendo algo distante, algo que precise de preces ou de agrados sob qualquer aspecto. Pense em Deus como sendo a substância real de seu ser, que você pode atingir no silêncio e deixar manifestar como um mundo cheio de harmonia, paz e saúde.

A atividade da consciência individual aparece como demonstração sob toda a forma de bem que possa ser necessário e adequado para o momento. Lembre-se, porém, que a consciência não é a sua mente “pensante”; a consciência nada tem a ver com os pensamentos que você pensa; a consciência nada tem a ver com seu esforço individual físico ou mental. Quando eu falo de consciência, não estou me referindo ao intelecto ou à mente racional que serve somente como veículo, mas eu me refiro àquilo que realmente é a substância ou realidade da mente humana. Ao se dirigir interiormente a esta Consciência infinita de seu ser, dirija-se numa atitude de escuta, de receptividade, de esperar que Ela Se revele. Não é preciso dizer nada a ela; não é preciso pedir aquilo que você está precisando ou desejando. Se você conhece a sua necessidade, Ela também a conhece.

Sem qualquer palavra, sem qualquer pensamento, sem dar a Ela o nome da pessoa a quem deseja beneficiar, ou o nome da doença que você quer tratar, ou ainda sem especificar qual é a sua necessidade, volte-se interiormente numa atitude receptiva de que aguarda a resposta para certa pergunta, e permita que a Consciência Se manifeste e Se revele a você.

Isto não é fácil, eu sei, porém o caminho é este: é este o caminho do desenvolvimento; é este o caminho espiritual; é este o caminho pelo qual nos tornamos conscientes de nossa unidade com Deus.

CONFIE NA ATIVIDADE DE SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA

É possível para uma pessoa utilizar todas as afirmações da verdade que ela conheça e ainda assim obstruir a sua própria demonstração. Por exemplo, se ela estiver desempregada, suas afirmações serão em função de um emprego: “Eu trato dos negócios do Pai” ou “Eu estou empregado”. Mas poderia ocorrer de, naquele momento, a real demonstração ser justamente o fato de estar sem emprego, demonstração a qual estaria sendo limitada em razão da tentativa de se “demonstrar um emprego”.

Isso me faz lembrar de um amigo que vivia numa fazenda pela qual passaram duas ou três gerações de sua família. Sempre eu ficava pensando em quão duramente eles deviam ter trabalhado para desenvolver aquele pedaço de terra e retirar do solo a própria subsistência. Se eram religiosos, como devem ter orado para que algumas das pedras fossem removidas da terra, ou para terem mais resistência física para trabalhar na fazenda, ou ainda orado por um melhor tempo que fizesse render maior produção de batatas. Estou certo de que nos anos em que viveram na fazenda eles oraram bastante a fim de arrancar o seu sustento.

No entanto, a terceira geração que veio encontrou petróleo naquela fazenda! E agora a mesma fazenda já tem cinco poços de petróleo. Deu para perceber o significado dessa exemplificação? Nunca delineie sua demonstração à Consciência. Aquilo delineado poderá não ser o que a Consciência tem para você. Suponha que você faça um plano e ore para que Deus lhe dê forças para trabalhar em sua fazenda, para semear e plantar. Suponha que ore para que mais meia dúzia de trabalhadores apareça para ajuda-lo na colheita, onde exatamente se encontra o petróleo, à espera de poder jorrar. Deu para captar o sentido? Nunca diga à sua consciência o que você pensa a respeito do que deveria ser a sua demonstração, pois isso a impediria de operar livremente. Quase todos têm trabalhado arduamente por anos seguidos, e talvez isso pudesse ser evitado caso tivessem confiado que a atividade da própria consciência os conduziria rumo à demonstração.

Foi a atividade de sua consciência que formou o seu corpo. Não foi a atividade da consciência de algum Deus distante. Foi a atividade da consciência de seu próprio ser que formou oseu corpo. É a atividade da consciência que o tem conduzido através dos anos, e muito provavelmente, em algumas vezes, tem sido difícil para ela avançar contra os seus próprios esforços.

DEUS ESTÁ PERTO DE VOCÊ

Vamos relaxar na conscientização de que não temos que ir a terras distantes para encontrar Deus. Nossa busca por Deus não é realizada externamente no mundo. Você se recorda de quantas vezes os homens saíram em busca do Cálice Sagrado e de quantas vezes eles voltaram para casa cansados e doentes e foram encontra-lo em seus próprios jardins? A história do Cálice Sagrado é simbólica, ilustrando o fato de que eles estavam, na realidade, indo em busca de felicidade, paz, harmonia e alegria, mas que se enganaram ao tentar consegui-las no mundo, com todos os recursos humanos disponíveis – toda a força humana, todo o raciocínio humano e até com todo o dinheiro que tinham. Quando o mundo não pode dar a eles o que buscavam, quando a mente deles não pode dar a eles o que buscavam, quando toda a habilidade e dinheiro foram empregados em vão, foi então que eles voltaram para casa e puderam encontra-lo exatamente onde ele sempre tinha estado. Era todo o tempo a atividade da própria consciência deles e, quando abandonaram os meios do mundo, e exaustos abandonaram a busca, ele apareceu.

Algo de natureza semelhante é o que ocorre conosco quando dispendemos muito esforço ao darmos tratamento e nos sentimos cansados ou esgotados. A Consciência Se expande e nos diz: “Você é uma pessoa tola! Eu estava aqui o tempo todo.” Sim, às vezes nós mesmos nos ludibriamos de tal maneira.


A MENTE COMO UM INSTRUMENTO

Porém, embora a mente humana, a mente racional, não seja a consciência, nem por isso ela deve ser posta de lado ou destruída. Ela tem a sua posição. É ela que age para nós quando recebemos sabedoria e conhecimento da consciência. A direção, a orientação, a inspiração e o conhecimento vêm a nós individualmente por ação da consciência, e nossa mente e nosso corpo são utilizados como veículos de transporte daquele comando.

Portanto, não tentemos abolir a mente humana e nem parar de pensar. Muitas coisas maravilhosas nos vêm através do nosso pensamento, mas devemos deixar que ele seja inspirado por um processo espiritual da consciência. Deixemos a nossa mente serena enquanto ficamos “na escuta”. O escutar é uma atividade da mente humana, a qual pode ser utilizada para deixar a Alma ou Consciência aparecer. O ponto principal que gostaria de ressaltar aqui é sobre a capacidade que a Consciência tem de Se revelar a nós sem que necessite da mente pensante; esta última é usada para as ordens e orientações recebidas serem exteriorizadas.


ESTABELEÇA DIARIAMENTE A CONSCIENTIZAÇÃO DE DEUS

A Consciência somente se revela a nós quando estamos receptivos e mantemos a linha aberta. Neste trabalho, nós aprendemos a jamais sair de casa pela manhã sem que tenhamos feito o contato com a Consciência, ou sem que tenhamos recebido da Consciência algum impulso, algo que pareça nos dizer: “Tudo está bem. Vá em frente.” Pode vir também na forma de um senso de satisfação ou sentimento de paz. Talvez você dissesse: “Sim, mas ainda não sei que rumo tomar.” Mas não tem nada a ver. Siga adiante e faça o que estiver à mão, e, no instante em que forem necessários a Intervenção, Poder e Sabedoria divinos, você os encontrará disponíveis na forma mais adequada.

O ponto importante é mantermos aquele contato. O fato de você ter realizado hoje o contato não implicará necessariamente que estará conscientemente unido àquela Consciência por todo o tempo. “Neste mundo”, um mesmerismo universal ou sugestão universal é lançado em nossa direção nas vinte e quatro horas do dia. Esta crença universal vem a nós através dos pensamentos humanos, do rádio, dos jornais e da agitação geral da consciência humana. Nós somos envolvidos por um mundo-conceito tão forte que se torna mesmérico, capaz de nos separar da atividade de nossa própria consciência. Por isso, nos estágios preliminares deste trabalho, é necessário que façamos conscientemente a “sintonia” com bastante frequência.

Todos os que estão neste caminho deveriam aprender a nunca sair de casa antes de ter sentido aquele contato interior, não importa o quanto estejam ocupados, mesmo que fosse preciso se levantar uns quinze minutos mais cedo para realiza-lo. Mesmo que não haja uma sensação de que o contato tenha sido feito, é importante sentar-se por alguns instantes com ouvidos abertos, numa receptividade que dá as boas vindas a Deus. Em outras palavras, pelo menos nós podemos abrir nossa consciência, preparando-a para o que possa nos vir, e só então irmos rumo aos nossos negócios. Como já disse, nos estágios iniciais isto deveria ser repetido ao meio dia e à noite, ou seja, ao menos umas três vezes por dia. Também, se acordarmos durante a noite, devemos reconhecer que não se trata de mera insônia, mas que estaremos despertos e alertas para alguma finalidade. Esta finalidade seria nós fazermos a “sintonia” na quietude da noite, para recebermos algo que nos fosse necessário saber. Se não for para sabermos algo naquele momento, pelo menos nos foi dada uma oportunidade de estabelecer nosso contato. E isso é tudo de que necessitamos.

Quando sentimos ter perdido nosso contato com Deus, isto é devido ou às crenças do mundo, que são universais e de efeito mesmérico, ou aos nossos receios, dúvidas ou inexperiência em seguir a orientação interior. Um ou vários desses fatores contribuem para romper o nosso contato com a Consciência. Assim, ele deve novamente ser restaurado: temos que nos sentar e “escutar”; temos que estar silenciosos e receptivos; temos que nos conscientizar de que o nosso bem somente aparecerá como atividade de nossa consciência individual. Devemos sempre estar lembrados de que: "Meu bem se manifesta como atividade de minha própria consciência. É a atividade de minha consciência que aparece externamente na forma de saúde, harmonia, paz, alegria, cooperação, amizade, eternidade, imortalidade, vida, verdade e amor."

SUA CONSCIÊNCIA DETERMINA A SUA EXPERIÊNCIA

Você ficará surpreso ante as coisas miraculosas que acontecem a partir do momento em que você conscientiza ser o seu bem um desenvolvimento da consciência individual, a partir do momento em que você não fica mais aguardando a vinda de seu bem “daqui” ou “dali”, de pessoa, lugar ou coisa, ou a partir do momento em que você o aguarda como um fluxo da atividade de sua própria consciência individual. Milagres passam a acontecer a partir daquele momento, e eles realmente são milagres. A multiplicação dos pães e peixes é um exemplo do que ocorre quando, igual a Jesus, você se volta para o Pai – sua própria Consciência – e conscientiza que você não pode sair para comprar alimento suficiente para alimentar quatro ou cinco mil pessoas, e que portanto ele deve começar a fluir através de atividades de sua própria consciência.

Eu tenho visto repetidamente o que acontece às pessoas, quando elas se conscientizam de que todo o seu bem não pode vir a elas do “exterior”, e que nenhuma condição má externa consegue impedir o curso do seu bem até elas. Você acredita poder existir algo no mundo exterior capaz de impedir que sua consciência se desenvolva e se revele na forma de seu bem? Não existe. O mundo exterior não consegue atingir o interior de sua consciência para governa-la ou afeta-la.

As condições externas nos afetam somente quando acreditamos que nosso bem possa vir de pessoas, lugares ou coisas, isto é, de algo externo. Uma vez que reconhecido que o mundo “de fora” nada tem a ver com o desenrolar de nosso bem, já que nada “de fora” consegue atingir a sua atividade de aparecer em todas as formas de bem, então não poderá haver qualquer efeito de condições externas em nossa experiência.

Todo o reino de Deus está dentro de sua própria consciência! Todo o reino de Deus se desdobra a você do interior de seu próprio ser, e nada – nenhum grupo de pessoas, nenhuma forma de governo, nenhum tipo de economia – pode de alguma maneira entrar em sua consciência e impedi-la de expressar o seu bem individual. Como é maravilhoso saber que do início ao fim dos tempos teremos todo o bem de que necessitarmos continuamente a fluir pela atividade de nossa própria consciência, e que o seu desenvolvimento nunca depende de algo que esteja se passando no mundo exterior! Você percebeu como pôde Moisés fazer cair maná do céu e retirar água da rocha? Ou como Jesus conseguiu ouro na boca de um peixe? Aquilo foi possível por não ser, em absoluto, uma atividade do exterior. Era o desenrolar da própria consciência que apareceu externamente na forma necessária para o momento. Tanto Moisés como Jesus conheciam este segredo, o segredo de que tudo ocorre dentro da consciência.


“EU SOU” APARECE COMO FORMA

Salomão também conhecia este segredo. Anos atrás, num antigo livro trazido a mim em Boston, eu descobri a palavra secreta da Maçonaria, que havia sido perdida há muito tempo durante a construção do templo do rei Salomão. Estava escrito que naquela época os que se elevavam ao grau de mestre maçom recebiam a palavra secreta, a palavra que lhes possibilitariam viajar para qualquer parte do mundo, e esta palavra-chave identificá-los-iam como mestres.

A palavra foi perdida, e como não é mais usada na Maçonaria, ela não é um segredo. Realmente, poucos são os maçons que sabem algo a esse respeito. Porém o autor daquele livro, após muitos e muitos anos de pesquisa, descobriu que a antiga e perdida palavra secreta dos mestres maçons era “EU SOU”. EU SOU é aquela antiga palavra, e se os construtores daquele templo a tivessem conhecido, ela lhes teria garantido, onde eles estivessem, as maiores regalias – aquelas de um mestre maçom.


Este foi o segredo de Moisés, o segredo de Salomão e o segredo de Jesus:

"Eu sou. Deus é a minha própria consciência. Deus é a consciência individual, e onde eu estou, Deus está. Portanto, onde quer que eu esteja, o meu bem se manifesta. 'Se desço ao inferno, nele te encontras', porque se eu estiver lá, Deus estará lá, e meu bem se manifestará lá. Para onde irei a fim de me subtrair da tua presença?'. Como poderia eu sair de minha própria consciência? Enquanto eu estiver consciente, isto não poderá ocorrer. E é esta própria consciência – a atividade desta consciência que constitui o meu suprimento, as minhas oportunidades, a minha sabedoria – que me orienta e dirige."

É bastante poético dizer: “Ele está mais próximo que a respiração, e mais perto que as mãos e os pés”, ou “o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17: 21). Porém nós precisamos mais do que poesia, mais do que beleza de expressão para nos tornarmos concretamente cônscios de Deus, da natureza de Deus e da atividade de Deus em nossa experiência individual.

Quando você se habituar com a ideia de que a atividade de sua consciência lhe aparece em todas as formas de bem, será capaz de dar o passo seguinte e se conscientizar de que a atividade de sua consciência aparece como a saúde de seu paciente. Como há somente uma Consciência, e como um com Deus é a maioria, então o seu contato com a Consciência, sua conscientização de que a atividade de sua consciência aparece em todas as formas de bem faz com que esta atividade apareça como a saúde e a harmonia de seu paciente. Isto é o que faz com que as práticas metafísicas sejam possíveis.

Seja qual for a prática metafísica empregada para atingir um fim desejado, ela não consiste em uma transferência de pensamentos de um a outro indivíduo. Não se trata do uso de uma mente sobre outra, embora existam muitos praticista que pensem que estas atividades humanas de sugestionar ou influenciar aos outros são parte da prática metafísica. Na realidade não são. Se tais pessoas compreendessem a prática metafísica, prontamente veriam que é a própria conscientização de unidade com Deus que aparece como a saúde e a harmonia de seus pacientes. Não é o poder da vontade; não é o desejo do praticista de que o paciente fique bom; não é um praticista sugestionando um paciente: “você está bem e está ciente disso.” Nada disso é parte da moderna prática metafísica.


UNIDADE CONSCIENTE

A prática metafísica consiste da consciente unidade com Deus por parte do praticista, que aparece externamente como sua saúde, riqueza, sucesso e também como o bem daqueles que a ele se dirigem. O contato é feito quando uma pessoa pede ajuda ao praticista, seja para si mesma, seja para algum parente ou amigo. “Você me ajudará?”, ou, “você ajudará o meu filho?”, ou, “você ajudará o meu amigo?”. Basta isso; isso é o suficiente para estabelecer a unidade da consciência, trazendo o necessitado à consciência do praticista, e tudo que tomar lugar como atividade desta consciência será externamente expresso como harmonia e plenitude do paciente. Em outras palavras, seria fácil tomar a sala repleta de pessoas em minha consciência, como seria fácil para alguma delas ou todas elas se manterem fora. Isto é o que acontece quando observamos uma, duas ou três pessoas sendo curadas e você fica imaginando o porque de as outras seis ou sete não receberem a cura.

Aqueles que se curaram estavam de alguma maneira ligados ao praticista: estavam sintonizados nele, unos com ele, por simpatia ou por outra razão, de forma que se fizeram parte da consciência dele. Os outros, que não receberam a cura, provavelmente se sentaram pensando: “Eu gostaria que ele pudesse fazê-lo, mas será que ele pode?”. E com tal atitude se mantiveram do lado de fora. Na verdade, somente na crença é que eles se mantiveram fora, mas é desta maneira que não puderam se beneficiar com a atividade da consciência do praticista.

Não é que a pessoa, o paciente ou o estudante necessariamente se faça uno com a consciência pessoal do praticista, mas sim uno com a verdade. Ele se coloca mais ou menos na conscientização de que “Eu sou uno com a verdade; eu sou uno com a consciência da verdade; eu sou uno com a verdade que está aparecendo na forma deste praticista ou deste mestre.” Isto significa estar uno com a verdade, e não uno com a personalidade ou mente do praticista, uno com a verdade do indivíduo, com a consciência espiritual do indivíduo. E naquele senso de sintonia, de unidade, as curas ocorrem.

Quando você passar a conhecer que a verdade é a sua consciência individual, e que a atividade desta consciência aparece externamente como a harmonia do seu ser, ou como a harmonia de todos que se dirigem a seus pensamentos, então começam a surgir as curas. A cura é a prova desta mensagem, ou alguma mensagem, ser verdadeira ou não. O modo como esta mensagem é apresentada nada tem a ver com o fato de ela ser ou não verdadeira. Se for verdadeira deve resultar em harmonia e paz, em saúde, alegria, prosperidade e plenitude, ao menos em alguma medida em sua experiência individual e na experiência daqueles que o procuram solicitando ajuda. Esta constitui a prova de que a mensagem é verdadeira.

A função da verdade é dissipar a ilusão dos sentidos, e no momento em que nos colocamos neste caminho e compreendemos esta verdade, é esperado que iniciemos os trabalho de cura. Como poderia alguém falhar na realização das “maiores obras”, após ter entendido ser a atividade de sua consciência individual aquilo que aparece externamente como a saúde e harmonia do universo que o toca?

“Estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos 16: 17-18)
                              
                               FIM


TRADUÇÃO DE DÁRCIO DEZOLT









domingo, 25 de junho de 2017

DEUS, A SUBSTÂNCIA DE TODA A FORMA (Joel S. Goldsmith) - Capítulo 11 -



                                                                

                          - Capítulo 11 -

          ESTADOS E ESTÁGIOS DE CONSCIÊNCIA




"Em seguida o Senhor estendeu a sua mão, tocou-me na boca e disse-me o Senhor: Eis que eu pus as minhas palavras na tua boca; eis que te constituí hoje sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e destruíres, para arruinares e dissipares, para edificares e plantares." (Jeremias 1: 9-10)


Aquilo não foi dito a um homem; foi dito a um estado de consciência, um estado de consciência espiritual. Aquele estado de consciência não apenas arranca, mas também planta; ele destrói, mas edifica. A única coisa que é posta abaixo e destruída é um falso conceito, um falso conceito de Deus, um falso conceito de universo, um falso conceito de seu ser e corpo individual: O que é edificado é a conscientização de sua identidade verdadeira – um conhecimento do mundo e de tudo que nele está como realmente são.

Existem estados e estágios de consciência, e ao trabalharmos no mundo humano com nossos recursos humanos, sabedoria humana e força física, estamos vivendo em um estado material e através de um estado material de consciência.

Até a metade do século dezenove, o mundo estava em sua maior parte num estado de consciência material, quando então avançou para um estado mais mental de consciência. Sempre existiram algumas poucas pessoas que em certa extensão conheciam o reino mental – os artistas, escritores e visionários de todas as épocas. Quando o poder da mente atraiu em grande escala a atenção do mundo, durante a metade do último século, o mundo parecia estar pronto para avançar a um estado mental de consciência e passou a realizar mentalmente aquilo que antes era feito fisicamente. Em outras palavras, as curas do corpo que antes eram realizadas por remédios, ervas e ataduras, passaram a ser feitas por “pensamentos”, por sugestões mentais, e às vezes até mesmo por auto-sugestão. Vieram todos os tipos de tratamentos mentais, desde o hipnotismo até as mais leves formas de sugestão ou auto-sugestão.


O ESTADO MÍSTICO DE CONSCIÊNCIA

Através de todas as épocas, tem sido conhecido que além do material e mental, existe um terceiro tipo mais elevado de consciência, a consciência espiritual, atingida pelos místicos do mundo, por aqueles que conscientemente encontraram sua unidade com Deus. O misticismo é todo ensinamento ou religião que conhece a possibilidade de haver uma união consciente com Deus. Em seu sentido correto, o misticismo reconhece a capacidade de se receber, sem benefício ou ajuda externa, a comunicação com Deus, de comungar com Deus e receber diretamente Sua orientação. Nada há de oculto ou de misterioso no misticismo. Corretamente compreendido, o misticismo é a linguagem de todos os ensinamentos metafísicos, pois trata da unidade consciente com Deus.

O estado místico da consciência – consciente unidade com Deus – é o estado mais elevado que existe. Nele, a mente consciente que pensa apenas funciona como veículo da mente divina, da Sabedoria universal, que Se individualiza como sua e como minha mente.

Assemelha-se a um artista, que em momentos de elevada inspiração concebe um quadro de rara beleza: logo ele irá cristalizar aquela visão em uma tela, com a ajuda não apenas de suas mãos, mas também de sua mente humana, através de seus conhecimentos de cor, perspectiva e técnica de pintura. Com toda a sua habilidade ele executaria a ideia oriunda de sua percepção do infinito sentido espiritual do ser.

Da mesma forma, o tom, a melodia ou a harmonia que um compositor incorpora em seu trabalho também tem sua origem no Infinito, na Consciência universal, que Se individualiza como a obra deste compositor. Porém tal músico teria que fazer uso dos seus conhecimentos de teoria e harmonia musical, obtidos por ele individualmente, e através da mente humana teria de traduzir sua ideia na forma de uma peça musical, possível de ser executada por algum artista habilidoso na arte do instrumento musical pretendido.

O maior místico de todos os tempo foi João, o discípulo predileto. Foi quem escreveu: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1: 14). O verdadeiro místico não é um visionário no sentido de considerar algo impraticável, e este ensinamento não é o de um visionário que se põe sentado, com a cabeça nas nuvens. Aquilo pode ser permitido e ter a sua importância, desde que enquanto a cabeça estiver nas nuvens, seus pés fiquem firmemente plantados no chão, isto é, embora pareça algo intangível ou visionário para os sentidos, torna-se tangível como forma e demonstração.

Neste estado espiritual de consciência você não apenas sonha, mas tem visões e recebe ideias. Você não fala delas aos homens comuns, porque “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente” (I Coríntios 2: 14). É melhor retê-las na própria consciência, sempre trabalhando no seu desenvolvimento, até finalmente você receber a prova de que o Verbo se fez carne. Ele se torna tangível; Ele se torna visível; Ele habita entre nós como demonstração. No Caminho Infinito da vida, nós sempre estamos nos empenhando na aquisição de maior compreensão espiritual, e caminhando nessa direção, observamos como ela se torna tangível e visível em nossa experiência.

Ver espiritualmente é bem diferente de ver psiquicamente. Quando nos tornamos conscientes de experiência psíquicas, tais como ver cores ou ter visões, mesmo que elas possam ter alguma aplicação em nossa experiência humana, isto é, que possam ser usadas como profecia ou aviso, ou mesmo como orientação, lembre-se de que elas pertencem inteiramente ao nível psíquico ou mental da consciência. Esse tipo de experiência psíquica em nada se relaciona com o mundo do Espírito. Na literatura espiritual você nunca encontrará alguma referência a elas como sendo de natureza espiritual. Somente na literatura psíquica ou ocultista é que encontramos referências àquelas experiências.


O UNIVERSO “REAL” E O “IRREAL”

Ao nos iniciarmos na metafísica aprendemos sobre o “mundo real” e o “mundo irreal”, sobre o “homem real” e o “homem irreal”. Por enquanto pode ser necessário fazermos esta distinção entre o que aparece a nós como um mortal (um ser humano) e o tipo ideal de homem, que chamamos homem-Cristo, o mais elevado ideal de ser individual que pode ser concebido.

Quando estamos neste caminho como neófitos ou mesmo iniciados, podemos fazer aquela distinção e falar em termos de “realidade”, “homem real” ou “universo irreal”. Jesus disse: “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36). Isto poderia dar-nos a entender que existem dois mundos, mas é somente um meio temporário destinado a separar o nosso pensamento da crença de que o ser humano mortal, pecador ou doente, é criação de Deus. Assim, no início de nosso estudo e prática, seremos capazes de olhar para esse mundo humano e dizer: “Obrigado, Pai. Eu sei que isto não é obra de Suas mãos!”

De fato, Deus nunca creou aquilo que vemos, pois o que nos é visível não é realmente o que está naquele local. O que vemos é apenas um conceito que temos daquilo que ali se encontra, e esse conceito nada tem a ver com a creação de Deus. Tal conceito se baseia em nossa bagagem cultural, em fatores hereditários e em nossas experiências humanas na vida. Por exemplo, se alguém tiver sido roubado algumas vezes, não confiará mais em nenhuma pessoa, ou se tiver sido enganada repetidamente, não acreditará mais em ninguém. Também pode ocorrer o extremo oposto: a pessoa que tenha conhecido somente pessoas de integridade, nunca pensará na possibilidade de existir a desonestidade ou existirem pessoas que intencionalmente prejudicam os outros. Em ambos os casos os conceitos mantidos por aquelas pessoas foram consequência do ambiente e experiência por que passaram.

O mesmo se aplica a cada um de nós. Os conceitos que mantemos do mundo e de tudo que nele existe são moldados pelo meio-ambiente, pelas influências hereditárias e pela educação que tivemos. Todos esses fatores contribuem na formação dos conceitos que retemos do universo.

O quadro que temos à frente, do bem e do mal humanos, é este o mundo “irreal” sobre o qual ouvimos falar em metafísica, e que a maioria dos metafísicos interpreta como um mundo que não existe, ou como um homem que não existe e que não é o homem-Cristo. Isto não é verdade. A única irrealidade sobre este universo e sobre o homem que estamos vendo é somente o nosso conceito, e não aquilo que realmente lá se encontra.

Neste período em que avançamos do humano ao divino, um aprendizado que precisaremos conseguir para prosseguirmos em nosso desenvolvimento espiritual será o da conscientização de que aquilo testificado pelos cinco sentidos físicos não é realidade. Por esse motivo é que encontramos na literatura metafísica os temos “mundo real” e “mundo irreal, “homem real” e “homem irreal”, homem material e homem espiritual.



O HOMEM ESPIRITUAL E O UNIVERSO ESPIRITUAL ESTÃO AQUI E AGORA

Ao se elevar neste caminho espiritual, você fará uma grande descoberta. Você próprio é aquele homem espiritual, e exatamente aqui e agora é o universo espiritual: para alcança-lo você não precisará nem morrer e nem mesmo tornar-se alguém que você já não seja agora. A única coisa necessária é abandonar os falsos modelos da humanidade, os medos infundados e a ignorância da existência de um Princípio que a tudo governa.

Não temos de nos tornar algum outro além do que já somos a fim de recebermos a orientação divina, a sabedoria divina, a proteção divina e o suprimento divino. O porque disso é que tão logo nós relaxamos o pensamento humano, isto é, os pensamentos de medo e de dúvida, tão logo aprendemos a soltar a crença num poder separado de Deus e retornamos descontraidamente ao estado natural e normal do ser, passamos ao reconhecimento: “Ah, sim, Deus é!”. E é quando o mundo todo de temores, ansiedades e dúvidas humanas desaparece juntamente com toda necessidade de planejamentos ou programas de caráter humanos.

Não há necessidade alguma de ficar pensando sobre o amanhã, pois a cada minuto de cada dia eu recebo um impulso para fazer o que deve ser feito naquele momento. Nenhuma obstrução existe, pois nada há em meu pensamento que possa barrar o fluxo desse Impulso divino. Não há hesitação ou indecisão, já que não existe nenhum sentimento de que eu tenha de realizar algo através de minha ingenuidade humana. Portanto, com esta conscientização, eu me torno uma transparência para o Impulso divino, e Ele mantém todo o desenvolvimento através do tempo.

Tendo esta conscientização, atingimos um conhecimento mais profundo do plano divino para o mundo e desta forma ficamos relaxados, depositando nele toda a nossa confiança.

O mesmo se aplica às suas atividades, no lar e nos negócios do mundo. No estágio onde, pela metafísica, você é denominado “homem humano” ou “homem pensante”, muito do seu tempo é perdido no planejamento de cada dia, em preocupações sobre o que irá fazer no ano seguinte, ou sobre o que deveria ser feito com relação a isto ou aquilo em seu mundo pessoal. Este é o estado ou estágio de consciência em que você é um mortal, um ser humano. Mas através da metafísica, você aprende que há um “homem real” e passa a erguer imediatamente um ideal, visualizando Jesus Cristo, ou alguma outra pessoa, ou visualizando a si próprio se aproximando daquele estado de espiritualidade e divindade atribuído ao homem real. Isto, por algum tempo, atenderá seu objetivo dando-lhe um ideal em cuja direção irá caminhar.

Mas queremos lembra-lo que durante todo o tempo você é aquele homem ideal, e tudo que é necessário para trazer este homem à manifestação é a sua conscientização de que existe um Princípio divino operando no universo. No instante em que aquilo for percebido, você ficará descontraído, soltando tudo o que constituía a sua humanidade – suas preocupações, receios, dúvidas, ansiedades, medos e planejamentos. E ao mesmo tempo em que o falso senso de humanidade se vai, você passa a descobrir a si mesmo como sendo aquele homem espiritual, aquele homem real, aquele homem que você estava tentando se tornar.

Você não chegará ao reino dos céus enquanto não começar a perceber que já é agora aquele homem espiritual, aquele homem que está agora no paraíso, sob regra e jurisdição divina. Aprenda mais e mais relaxar e deixar que aquela lei se torne visível em sua experiência, operante em sua vida. Você não irá nunca ser transformado em outro homem; mas pelos ensinamentos, estudos, pela prece e meditação, fará desenvolver uma elevada consciência da verdade: será o mesmo homem, porém sem as suas antigas limitações humanas.

Estou considerando tudo isso para deixar clara a resposta sobre a diferença entre a visão psíquica e a visão espiritual, pois uma vez atingida a conscientização de que exatamente aqui e agora você é um ser espiritual que é a própria manifestação de tudo que Deus é, então você deixará de lado todo o mundo psíquico com suas visões, cores, ou desejos de ver algo de qualquer natureza.


A VISÃO ESPIRITUAL

A verdade é que você tem sido sempre aquele “homem real”, embora não tivesse a consciência desse fato. Mas quando aquele momento de consciência vier, você olhará para este mundo e perceberá:


"Este é o mundo que Deus creou; este é ele. A mente humana não o está vendo como ele é, mas apesar disso, este é ele. A mente humana não me vê como eu sou, mas eu sou Ele (soham). Se olhar para o espelho e tentar encontra-Lo, eu não serei capaz de vê-Lo, pois novamente estaria tentando localizá-Lo. Estaria novamente olhando para um conceito e tentando encontra-Lo, aquele que está aqui como a própria presença de meu ser. Como poderia ser eu algum outro além do que Eu sou? E aquele Eu é a manifestação de tudo que Deus é: Aquele Eu é o Cristo, e Eu sou Ele. Neste momento de conscientização, eu encontro-me relaxado, e Eu sou Ele."

Esta é a razão pela qual no início de seu ministério Jesus falava somente do Pai interior, negando a sua humanidade. “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... a minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.” Ele proclamava que aquilo que o mundo via como um ser humano não era, em si ou de si mesmo, a realidade do ser, mas apenas o veículo ou transparência através do que o ser real era manifestado.

Mas como encerrou Jesus o seu ministério? “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o pai... Eu e o Pai somos um.” (João 14:9; 10:30). Nesta visão final, ele contou a eles a verdade total: despojado dos temores e ansiedades humanos, dos traçados e planejamentos humanos, o Eu que eu sou é aquele próprio Ser espiritual.

Tem sido dito que a mais elevada concepção é aquela que permite o olhar de frente a face do diabo e ver somente a face de Deus. Este estado espiritual está muito acima do mental ou psíquico, e é o estado que nos possibilita a olhar a cada homem e mulher do mundo e dizer: “Eu estou olhando a face de Deus”. Você somente conseguirá realizar isto quando sua própria consciência estiver despida de desejos, quando você não desejar mais nada dos outros, quando você puder olhar para o mundo sem aspirações, luxúria, animalidade, ódio ou medo. Você será a mesma pessoa que há vinte e cinco anos poderia ter olhado para o mundo e visto alguém a quem cobiçasse ou alguém que lhe causasse medo, mas agora você a olharia dizendo: “Eu vejo a face de Deus!”. Percebeu o que eu quis dizer? Não há dois de você. Há apenas um, e Eu sou aquele um.

Mas você é aquele um somente na proporção em que tiver crescido através de todos esses ensinamentos espirituais ao lugar que poderá olhar para o mundo sem desejar algo, ou sem cobiçar as coisas carnais, sabendo que na realidade de seu próprio ser a realização de Deus é feita manifesta, e que tudo que lhe for necessário tornar-se-á manifesto no momento adequado. Seja dinheiro, companhia, transporte – ou qualquer outra necessidade – Deus dá expressão a Si mesmo como ser individual, como o meu ser individual e como o seu ser individual. Ao assimilarmos isto, estaremos de posse da mais elevada revelação da verdade espiritual. Não existe céu e terra; não existe Deus e homem; não existe ser espiritual e ser material. Existe somente um, e Eu sou Ele.


O Mestre do Cristianismo nos deu dois grandes ensinamentos:

1) Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. (Lucas 10:27)

2) Se alguém diz: Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? (I João 4:20)

Se nós não amarmos ao homem a quem podemos ver, como iremos amar a Deus que nós não vemos, se Deus e homem são um? Ao senso finito, que vê através de limitada visão, é verdade que Deus é invisível; mas uma vez atingido este elevado estado, esta elevada realização do ser espiritual, passamos a olhar para o mundo e ver cada pessoa, cada circunstância e cada condição como sendo Deus aparecendo, e então Deus se torna visível para nós. Até que tenhamos atingido aquele estado, contudo, Deus será invisível para nós, porque para honrarmos a Deus, o Invisível Infinito, nós devemos honrar ao homem com Deus feito manifesto de forma visível.

GRATIDÃO

Como nós amamos a um indivíduo? Precisamos compreender a individualidade como sendo Deus, compreender que Deus é o ser individual – e a única individualidade que há. Tal individualidade aparece infinitamente, e ela surge como o seu eu individual e como o meu eu individual. Portanto, ao honrar e respeitar o indivíduo, estaremos cultuando Deus.

Eis o porque de eu vir dizendo que o primeiro dever do discípulo ou estudante é o da gratidão. A gratidão deve ser expressada tangivelmente, e isto não pode ser feito num plano abstrato. Portanto ela precisa ser expressada a um indivíduo. Somente expressando gratidão a um indivíduo, estará você expressando gratidão à individualidade de Deus numa de suas formas. Você estará reconhecendo a Deus como a origem daquilo pelo que você está agradecido.



Nunca deveríamos dar ou receber dinheiro, tomar algum alimento ou bebida, sem que houvesse um momento de reconhecimento e de gratidão àquela infinita Fonte que também é a Fonte de nosso ser. Se isso, porém, for feito, mas falharmos em sermos igualmente gratos ao indivíduo pelo qual o bem vem a nós, a nossa gratidão ficaria no plano do abstrato. Estaríamos com a cabeça nas nuvens sem manter os nossos pés no chão.

Há diversas maneiras ou formas para expressarmos gratidão a um indivíduo. Uma delas, naturalmente, é através do dinheiro; uma outra é pelo reconhecimento. Reconheçamos a parte que cada um de nós toca na vida das outras pessoas e sejamos desejosos de fazer com que nossa gratidão flua a elas em alguma forma tangível. Poderia ser em forma de serviço, em forma de palavra falada ou mesmo em forma de dinheiro. Qualquer forma que seja, ela deve acontecer, deve ser expressada, e deve ser expressada a um indivíduo a fim de ser ofertada a Deus, pois Deus aparece a cada um de nós como o indivíduo.

Omar Khayyam teve a visão correta ao dizer: “O paraíso é uma visualização dos desejos realizados”, e você e eu estamos no paraíso no exato momento em que sentimos estarmos vivendo a vida para a qual fomos trazidos para viver, e nós sabemos quando aquilo está acontecendo pelo sentimento de retidão existente em nossas vidas. Não há alegria real na realização de um trabalho que não gostamos, mas quando amamos o nosso trabalho, não vemos a hora de executá-lo. Naquele senso de retidão nós encontramos o nosso céu, a nossa harmonia. Omar Khayyam teve esta mesma visão quando escreveu: “Um pedaço de pão, um copo de vinho, e você”. Naquela simples experiência de uma companhia humana, naquele preenchimento das necessidades físicas de alimento e bebida, ele via um senso de felicidade, um senso de paz e de contentamento. Era uma visão mística, não contendo maior sensualidade do que o Cântico de Salomão. Era algo espiritual, traduzido à linguagem cotidiana da experiência humana.

Se eliminássemos aquela experiência humana de todos os dias, como iríamos poder experimentar aquela coisa transcendental chamada felicidade ou paz mental? Não, é justamente nessa vida comum de todo dia, nos simples e pequenos gestos de cortesia, bondade, estima, gratidão, ajuda e cooperação, que nós por fim encontramos nossa paz espiritual? Somente nessas pequenas coisas humanas de lugar comum, nesses relacionamentos humanos, iremos por fim encontrar a nossa paz espiritual e a divindade do nosso ser.



ATINGINDO A CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL


É preciso que nós acabemos com o mistério do “homem real” e do “universo real” para conscientizarmos que este é o paraíso, exatamente aqui e agora. Se não estamos encontrando o paraíso aqui, isto não significa que existe algum outro mundo que devemos procurar ou que existe algum outro homem no qual devemos nos tornar. Precisamos somente relaxar a nossa humanidade, despindo-nos dos temores, preocupações e dúvidas de natureza humana. Mas isso não pode ser feito simplesmente com o poder de nossa vontade. Só há um meio de se perder o senso humano ou mortal de existência, e é estarmos conscientes de uma Presença que nós conhecemos e compreendemos ser Deus. Aquela consciência é atingida através de nossa receptividade, através de meditação e ponderação das verdades da Escritura ou da literatura espiritual.

Não se trata de afirmar ou negar algo até que uma verdade seja memorizada e enraizada na mente humana. Trata-se de um ponderar suave, calmo e pacífico dessas verdades espirituais até elas serem absorvidas de forma a se tornarem parte de nossa consciência. Assim, nós adquirimos a convicção da presença de Deus; experimentamos e sentimos realmente aquela Presença, perdemos todo o falso senso humano, aquele senso humano negativo, e nos encontramos numa condição considerada pelo mundo como um estado de boa humanidade, mas que na realidade não se trata daquilo, absolutamente: trata-se da divindade do nosso próprio ser, feita manifesta. Tal divindade apresenta-se como você e eu, individualmente – o Verbo se torna carne e habita entre nós, e aquele Verbo se faz carne como você e como eu.

Observe que não é nossa intenção tentar destruir ou mesmo inativar a mente humana. O nosso esforço está voltado na direção de nos tornarmos cônscios da verdade espiritual; nós tentamos adquirir a consciência da paz, quando então a mente humana passará a ser o que lhe fora destinado a ser originariamente – um veículo de nossa sabedoria e conhecimento. De forma similar, nosso corpo não desaparecerá em virtude do atingimento da consciência espiritual, mas atuará como era pretendido inicialmente, ou seja, como veículo de nossa expressão individual.

"Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do teu seio, te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações" (Jeremias 1: 5).

Conscientize-se, agora, de que antes da concepção deve ter havido uma consciência que a causou, uma consciência que formou o seu corpo. Nós, como pais, não poderíamos formar um corpo nem para nossos próprios filhos, embora possamos ser veículos através dos quais aquilo pode ser feito. Uma consciência formou aquilo que somos. E esta só poderia ser a Consciência divina, que nos formou conforme os Seus padrões, e que nos mantém e sustém sob custódia. O que vem ocorrendo, no transcorrer desses anos todos, é que temos assumido toda a responsabilidade de nossos trabalhos, esquecidos de que aquilo que nos formou como seres individuais, dando-nos forma e corpo, e que aparece ao mundo como creação, foi um estado de consciência executante de um plano eterno. Portanto, o que foi formado é homem espiritual.

“E te estabeleci profeta entre as nações.” A consciência que o formou, formou-o como uma entidade espiritual, como um profeta, ou como um estado perfeito de consciência.

"Não digas: Sou um menino; porquanto a tudo o que te enviar irás, e dirás tudo o que eu mandar" (Jeremias 1: 7).

Em outras palavras, há sempre esta consciência infinita, eterna, imortal e espiritual, que age, fala e desempenha como sendo você. Nós é que nos mantínhamos separados d’Ela, assumindo todo o trabalho como quis fazer o filho pródigo. Mas, através deste ensinamento, estamos retornando ao Pai-consciência e começando a nos conscientizar: “Ora, eu sou aquele profeta, eu sou aquele vidente espiritual perfeito.”.














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